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Dois dias antes da data prevista de greve, médicos e hospital Bom Jesus chegam a um acordo; Congonhas vai ganhar mais 10 leitos de CTI

Após impasse, prefeitura e médicos chegam a acordo/Reprodução

Uma audiência na sede do Ministério Público Estadual, em Congonhas, que teria o tom de intermediação, acabou selando oficialmente, nesta terça-feira, 6, o acordo entre o corpo clínico e a comissão interventora do Hospital Bom Jesus. A proposta da Administração Municipal foi aceita pelos médicos ainda na noite dessa segunda-feira, após a realização de uma assembleia geral. A partir de março, o valor em torno de R$ 2 milhões, referente ao atraso de pagamento do pró-labore pela produção médica no hospital de agosto até dezembro será parcelado em dez vezes. Há também o compromisso da Prefeitura de Congonhas, de sua Secretaria de Saúde e da administração do HBJ de que o trabalho médico que é desenvolvido em um mês volte a ser remunerado 60 dias após. Assim, em março, além da primeira parcela dos atrasados, será feito o pagamento de janeiro de 2018.

“O acordo foi bom para ambas as partes, mas muito melhor para a população de Congonhas. Temos a certeza de que, a partir deste momento em que passa a haver um amplo diálogo dos médicos com a diretoria e com a Administração Municipal, estamos no mesmo rumo. Como possuímos um corpo clínico de excelência, que tem a vontade de oferecer um serviço cada dia melhor, estamos certos de que  Congonhas e região estarão muito bem assistidos. Havia a ameaça de paralização do procedimento eletivo, que diz respeito a como internações e cirurgias, mas não há mais este risco. O motivo maior da intervenção da Prefeitura no hospital é a preservação da saúde da população congonhense. Para isso contamos com eles e os agradecemos pela compreensão que tiveram, diante das dificuldades que tivemos para remunerá-los no prazo combinado até então, por causa da falta do Governo do Estado em realizar seus repasses, o que faz a dívida dele com o Fundo Municipal de Saúde de Congonhas chegar a em torno de R$ 6 milhões, valor expressivo que, se estivesse disponível, poderia ser utilizado até para sanar esta dívida. Independentemente deste dinheiro, fizemos este acordo com o aval do prefeito Zelinho, que sempre foi preocupado com o bom funcionamento do hospital, tanto que esteve presente à assembleia geral dessa segunda-feira e já informou que pode abrir mão da execução de algumas obras este ano para honrar este compromisso”, diz o secretário de Saúde da Prefeitura e membro da Comissão Interventora, Dr. Rafael Geraldo Cordeiro.

Negociação passou pelo parcelamento de débitos com a classe médica/Reprodução

Segundo Bernardo Augusto Rezende Martins,  diretor clínico do Hospital Bom Jesus, há atrasos no pagamento dos serviços médicos em todo o Brasil. Ainda segundo ele o HBJ tem condições de de se desenvolver muito daqui em diante. “Desde quando assumimos a direção e a representatividade do corpo clínico, trabalhamos, não só para resolver o problema financeiro dos médicos, mas também para evitar que estes médicos deixassem de prestar serviços à população. A situação financeira da classe médica está complicada, porque a maioria da população recorre a saúde pública ou a suplementar. E geralmente há atrasos para a classe no Brasil todo. Contamos sempre com o bom senso da administração do hospital e damos uma parte de colaboração, para andarmos juntos, só assim conseguiremos o crescimento. O Hospital Bom Jesus, que é referências para o SAMU e a Via 040, possui um investimento muito grande da Prefeitura, o que não acontece em outras cidades. Temos aqui atendimentos de saúde pública e complementar, muito mais do que acontece em outros hospitais. Pelo investimento da Prefeitura e pelos convênios, este hospital tem tudo para se tornar uma potência”, garante.

Alguns serviços que haviam sido reduzidos ou paralisados no hospital, como é o caso das atividades eletivas, por causa da interdição do autoclave e do bloco cirúrgico pela Vigilância Sanitária no segundo semestre de 2017 voltam a ser prestados a população.

 Vasco Alexandre Fragali Lucas, diretor técnico do HBJ afirma que é hora de a classe se manter unida em favor do hospital. “Alguns dias eu pedi aos meus companheiros médicos que não paralisássemos os serviços e, graças a Deus, conseguimos chegar a um acordo, por isso agradeço muito a eles. E agora faço um novo apelo, como diretor técnico: vamos trabalhar juntos, construir um hospital novo, maior, que crescerá a cada dia, para chegarmos a um futuro melhor. Não há lados opostos nesta relação, cada um tem a suas dificuldades, mas estamos do mesmo lado. Estamos lá para ouvir as sugestões dos usuários do hospital e de quem trabalha nele”.

Licitação para mais 10 leitos no CTI do Bom Jesus

Com este acordo, a Comissão Interventora do Hospital Bom Jesus terá mais tempo para cuidar de outros aspectos de sua missão, que é aprimorar a assistência hospitalar. “Para isso, precisamos melhorar a estrutura do HBJ. Em menos de 30 dias, deveremos concluir os processo licitatório para iniciar as obras que serão custeadas pela Prefeitura, com anuência da Câmara Municipal, para as instalações do CTI com 10 leitos, do tomógrafo e outros equipamentos que fazem exames de imagem, além do bloco cirúrgico”, completa  Rafael.

Imagem ilustrativa de um CTI

Vasco lembra que a chegada do CTI permitirá ao hospital realizar cirurgias de maior complexidade e receber pacientes também de maior complexidade. E o valor que o SUS repassa para o hospital crescerá com esta nova demanda. “Como esta proposta da Administração Municipal de ampliar o número de serviços do hospital, o espaço que era utilizado por outras estruturas receberá mais 30 leitos, totalizando 100, que é o grande objetivo. Com menos que isso, os hospitais não são autossustentáveis. O custo básico é quase o mesmo, mas com mais leitos o recurso que entram é bem maior e o hospital terma melhores condições de se tornar autossustentável”.

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