GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA
Avelina Maria Noronha de Almeida
WALDYRA, UMA ILUSTRE ARTISTA DE NOSSA CIDADE – 2
A lei suprema da arte é a representação do belo
É fato que a atuação de WALDYRA como artista plástica e como professora de artes foi responsável por influenciar várias gerações de artistas da Pintura.
Sempre foi atenta às inovações e acompanhava as tendências das vanguardas. Com essa visão, aprendeu a trabalhar com couro e madeira, com a pirogravura, com tecido, com materiais sintéticos, vidro, porcelana etc. Desta forma, estava sempre ampliando o seu arsenal e universo artístico, o que é característica de pessoas iluminadas.
Num outro viés artístico, foi uma extraordinária artífice napâtisserie para festas, sejam infantis, casamentos, aniversários etc. Nesse campo, desenvolvia seu trabalho, não só com bolos decorados e docinhos caracterizados, mas também com a confecção de convites, passando pelos enfeites de mesa às lembrancinhas a serem distribuídas no final da festa.
Sempre utilizou seu senso artístico para desenvolver novas ideias e fez fama na cidade ao criar bolos de casamento muito bem trabalhados, numa época em que esse tipo de trabalho ainda era incipiente. Nesse contexto, produzia seus bolos com arabescos recortados um a um e depois os cobria com glacês coloridos, algo também inovador.As flores também faziam parte da decoração dos bolos. Eram rosas, copos de leite, lírios etc., todas feitas de glacê branco e delicadamente pintadas posteriormente.
Para as festas de aniversário não era diferente. Numa época em que as festas temáticas ainda não eram triviais, seus bolos tinham os formatos mais variados conforme o tema da festa – tambor, violão, palhaço, gato, coelho etc. Na mesma linha eram os enfeites para a mesa, sempre acompanhando um tema específico. Tudo era feito individualmente, um a um, com muito cuidado e rigor, já que não existia ainda, naquela época, a produção em série, automatizada, como acontece hoje em dia.
Aplicou seus conhecimentos artísticos,por várias vezes, na execução de painéis, cartazes ou folders simbólicos em festividades religiosas ou escolares. E sempre participava da criação destas apresentações temáticas e do desenvolvimento das peças utilizadas e feitas em diversos materiais.
A pintura como arte, para Waldyra, se confundia e misturava facilmente na linha tênue que divide de um lado, o que é trabalho, e do outro, o que é prazer e satisfação. E tudo começou com os quadros a óleo pintados em telas de tamanhos variados. Na maioria das vezes, presenteados aos amigos ou aos parentes. Difícil rever a maioria deles por não haver registros a respeito de seus paradeiros. Porém, existem, atualmente, três quadros que estão mais acessíveis, os quais são relacionados a seguir:
-“Amigos jogando damas”– Neste quadro é abordada uma temática trivial de caráter intimista, captada com sensibilidade e profundidade, guardando aspectos da estética expressionista – Encontra-se no Museu Antônio Perdigão, em Conselheiro Lafaiete-MG.
– “Família” – Neste quadro foi utilizada a técnica tonsurton (tom sobre tom, em francês) que nada mais é do que a combinação de várias tonalidades próximas de uma mes cor – neste caso, a cor verde. – De posse da família.
– “Casario” – Neste quadro, que foi apresentado no início do primeiro artigo, vê-se influência das artes plásticas mostradas na Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, quando aconteceu o início da consolidação do Modernismo das artes no Brasil e ruptura com movimentos anteriores. O quadro foge um pouco das formas estéticas mais conservadoras que vigoravam até então. – De posse da família.
Como podemos ver Waldyra Foi uma artista invulgar, que transitou, com talento e sensibilidade, por uma grande variedade de manifestações artísticas. Povoou de beleza vários setores da vida de nossa cidade, despertou grandes talentos entre suas alunas, enfim, é merecedora da nossa gratidão, pelo que contribuiu para o engrandecimento da Arte em Conselheiro Lafaiete.
LOUVORES A WALDYRA BAÊTA ZILLE