28 de março de 2024 05:59

Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete – 13

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

                                                 [email protected]

NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 13

 

O PINTOR MAIS ANTIGO DA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE CONSELHEIRO LAFAIETE 

São descendentes do pintor Ignacio Pereira do Amaral em

Conselheiro Lafaiete, entre outros: um ramo da família Rodrigues Braga

e os Meirelles descendentes do Comendador Francisco Nemezio Nery de Pádua.

Vou continuar a transcrever a postagem de Roberto Belisário, embora longa, mas muito importante para a nossa história lafaietense, agradecendo aqui o historiador pelo grande presente que nos legou com sua pesquisa:

       O QUE SÃO PROCESSOS DE GENERE, VITA ET MORIBUS:

Imagem da internet

“Quando alguém se ordenava padre no século XVIII em Portugal e dependências, era preciso que passasse por três processos: um, para inventariar seu patrimônio, a fim de demonstrar que era suficiente para sua ordenação; dois, para assegurar a correteza de sua vida moral (moribus); três, para assegurar a “pureza” do seu sangue, ou seja, que era batizado e filho de pais casados e batizados e que não era descendente do que na época eram consideradas “raças infectas”, nas palavras do formulário utilizado (negros, judeus, índios etc.). Esse terceiro processo, chamado processo de genere, era na verdade feito em estágios anteriores da ordenação. Ele possui informações riquíssimas para genealogistas, pois muitas vezes cita até os bisavós do habilitando (a maioria não era completa, pois a incúria para isso era grande na época).
Para extrair os dados necessários, eram enviadas requisições para os locais competentes para que estes enviassem cópias das certidões de batismo e de casamento do habilitando, de seus pais e de seus avós. Também, eram enviadas requisições para as paróquias onde o habilitando e seus pais e avós residiram, a fim de tomar depoimentos de testemunhas que o conheceram, arroladas pelos párocos locais. Esses depoimentos muitas vezes fornecem dados biográficos preciosos sobre os ancestrais do habilitando e às vezes sobre suas redes sociais. No documento que consultei, esses testemunhos informavam sobre algumas atividades de artífice do avô materno do habilitando, o açoriano Inácio Pereira do Amaral.

 Os processos de moribus também possuem testemunhos, mas não tão ricos (em geral, apenas afirmam que o habilitando não é criminoso nem adúltero etc.). Os de patrimônio incluem cópias de diversos documentos, como de escrituras de terras; às vezes podem ser inferidas informações sobre o nível econômico do habilitando e de seus pais.

RESUMO BIOGRÁFICO DE IGNÁCIO PEREIRA DO AMARAL
Freguesia das Angústias

Imagem da Internet

O sargento-mor Inácio Pereira do Amaral nasceu em 22 de janeiro de 1698 na freguesia das Angústias, na vila de Horta, na ilha do Faial, Arquipélago dos Açores. Era filho do sapateiro Antônio Pereira e de Serafina Rodrigues, ambos também naturais da vila de Horta. Seus pais moravam no lugar chamado Porto Pim e tiveram pelo menos mais um filho além de Inácio, Francisco Pereira do Amaral.

   Dos Açores, Inácio foi ao Rio de Janeiro.

      Rio de Janeiro

Imagem da Internet

 

Foi depois a Ouro Preto, em Minas Gerais, onde morou desde o início da década de 1730, pelo menos, e, como pintor, pelo menos desde o início da de 1740. Ali, morava na frente da Igreja Velha do Rosário dos Pretos (não confundir com a atual Igreja do Rosário) e teve uma “fábrica” (uma oficina de pintura?) onde trabalhavam “pretos e rapazes pintores”

Sobre seu ofício de pintor em Ouro Preto, testemunhas que o conheceram se lembraram, na década de 1790, de ele ter pintado a dita igreja Velha do Rosário dos Pretos e também uma imagem de São Jorge. Uma pequena amostra de um dos serviços menores que deviam povoar sua atividade ao redor desses outros mais notáveis aparece no Arquivo Público Mineiro, nos fundos públicos da Câmara Municipal de Ouro Preto, onde consta uma solicitação de Inácio Pereira do Amaral, datada de 18 de abril de 1744, ‘do pagamento de 35 oitavas e meia de ouro, referente à pintura de 12 varas para os almotacés e de 5 para os vereadores’ Já sobre sua vida particular, a única coisa transmitida pelos testemunhos é que costumava ir na procissão do Corpo de Deus.

Em Ouro Preto, casou-se com Margarida do Nascimento (originária da mesma freguesia das Angústias nos Açores) e ali tiveram duas filhas: Maria do Ó, casada com o mercador Domingos da Silva Neves, e Teresa Angélica de Jesus, nascida em 19 de setembro de 1734.

Quando Teresa ainda era criança, Inácio mudou-se para a freguesia do Campo dos Carijós (atual Conselheiro Lafaiete). Ali, as testemunhas que o conheceram se lembraram dele como pintor, escultor e ourives e também por ter pintado a igreja da Matriz do lugar.

A foto mostra a fachada atual da igreja pintada com a cor com que pintou Ignacio Pereira  de Amaral,

Imagem da Internet

Teresa casou-se em 6 de novembro de 1757 com o cirurgião português João Pinto Salgado (estes tiveram o filho João Bento Salgado, titular do documento consultado). Maria do Ó ficou em Ouro Preto com seu marido.”

O pintor Ignacio Pereira do Amaral é meu sexto avô. São descendentes dele, em Conselheiro Lafaiete, entre outros: um ramo da família Rodrigues Braga, a família Noronha, o ramo Franco a que pertence João Lúcio Franco, que foi presidente do Clube D. Pedro II e os Meirelles descendentes do Comendador Francisco Nemezio Nery de Pádua.

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