Os vereadores usaram ontem (10), a Tribuna da Câmara para criticar a Vale. Divino Pereira (PSL), que mora no Bairro Morro da Mina, onde a mineradora explora manganês, cobrou maior participação da comunidade nas decisões que envolveu a evacuação dos mais de 600 estudantes em função de risco na pilha de estéril, conforme estudo da empresa.
“Eu não acredito na Vale, depois de tantas tragédias. É um absurdo a empresa apresentar um estudo sem comunicar as causas que levaram a esta suspensão da escola. Os pais reclamam e não sabem para onde vão seus filhos. Sequer nós vereadores fomos comunicados. Faltou planejamento. Na verdade a gente sabe o que está por trás desta decisão, mas a verdade virá em breve. Uma escola de 105 anos não podia ser fechada desta maneira. A Vale está achando que Lafaiete não tem autoridade”, desabafou, lamentando que muitos empreendedores compraram vans financiadas para o transporte de alunos e ficarão no prejuízo.
O petista Chico Paulo também engrossou o coro dos críticos da Vale. “Dinheiro eles têm, mas vai ver lá em Mariana que até hoje não pagaram as indenizações. Eles querem é retirar o aluno e o professores pois lá atem muito manganês”, insinuou, citando que há mais de 6 anos a empresa tentou reaver o terreno.
Já o Vereador Pedro Américo (PT) também lançou dúvidas em torno dos propósitos da Vale. “Alguma intenção esta empresa tem na área. Uma escola centenária como esta não deixar a história se perder. Os pais devem acompanhar de perto e exigir uma compensação ao bairro que tantos lucros geraram a Vale. Desconfiem desta empresa, haja vista Mariana e Brumadinho”, assinalou.
Sandro José (PSDB) afirmou que os pais devem exigir o transporte dos alunos para onde serão encaminhados. “Acredito que haja risco, mas se existe para os estudantes também há para os moradores próximos”, provocou, cobrando que a empresa apresente os laudos técnicos que motivaram a retirada dos alunos.
Cautela
O Vereador e líder do Governo na Câmara, o Vereador Fernando Bandeira (PTB), pediu cautela e prudência. “Precisamos ter cautela para não inflamarmos a população ou precipitar em alguma opinião. A Vale garantiu transporte e afirmou que irá doar um terreno e construir uma nova escola. Tudo com garantias judiciais através de um TAC que será assinado por todas as partes. Claro que precisamos ficar com um pé atrás com a empresa mas estamos vigilantes e acompanhando os desdobramentos”, finalizou.
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