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Grito dos Excluídos é celebrado em Congonhas com ato público e missa

Realizado pelo segundo ano consecutivo de forma virtual, o Grito dos Excluídos foi preparado ao longo do mês de agosto com cinco lives realizadas pelas regiões pastorais da Arquidiocese de Mariana.

Representantes das cinco regiões pastorais da Arquidiocese de Mariana participaram, na manhã desta terça-feira, 7, do 27º Grito dos Excluídos e Excluídas, em Congonhas (MG). Por causa da pandemia, não houve mobilização das pessoas e o ato foi transmitido pelas redes sociais da Arquidiocese de Mariana e da Basílica Bom Jesus.

O Grito terminou com a missa presidida pelo arcebispo de Mariana, Dom Airton José dos Santos, no Salão da Rádio Congonhas. Cerca de 60 pessoas participaram da celebração  que começou às 10h e foi concelebrada por oito padres.  

Dom Airton lembrou o compromisso de todos para com o Brasil. “Rezamos, hoje, pela nossa Pátria. Somos filhos desta terra e, portanto, responsáveis por ela. Dependendo daquilo que escolhermos fazer, vai ser bom ou ruim”, disse. Segundo o arcebispo, é preciso  escolher os critérios para tomar decisão. “Para nós católicos, os critérios são bíblicos e vêm do ensinamento da Igreja”, explicou.

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O arcebispo destacou também a necessidade de os cristãos terem uma fé “firme, brava, coerente” e não aceitarem que as coisas se resolvem “pelas contendas, pelas dissenções, pelas brigas”. “Temos de compreender que, como cristãos, devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo a nós mesmos”, acrescentou.

O coordenador arquidiocesano de pastoral, padre Edmar José da Silva, recordou que o tema do Grito dos Excluídos está em sintonia com a prioridade pastoral da Arquidiocese que é “cuidar da vida ameaçada”.

“Cuida-se da vida ameaçada alimentando a indignação ética e denunciando a atual macroestrutura econômica, política e social que não tem a vida como princípio motriz, mas o lucro e o poder que geram morte e exclusão cada vez mais crescentes. Aí está a raiz de toda desigualdade, marginalização e exclusão e disso não temos dúvida!”, disse padre Edmar.

O coordenador disse, ainda, que outra forma de cuidar da vida ameaçada é “mobilizando criativamente ações concretas que podem minimizar o sofrimento” de quem está “sendo privados do básico para sobreviver: o alimento de cada dia, a moradia para se abrigar, o remédio para cuidar da saúde”. 

Ato em favor da vida

O tema do Grito – Vida em primeiro lugar! Na luta por participação popular, comida, saúde, moradia, trabalho e renda já! – foi explorado pelas lideranças que representaram as pastorais sociais e os movimentos populares e sociais no ato realizado antes da missa em frente à Basílica Bom Jesus. O ato começou às 8h30 com transmissão ao vivo pelo canal youtube da Arquidiocese.

“Cuidar da vida é dever moral e ético do qual ninguém pode subtrair-se”, disse o coordenador arquidiocesano da Dimensão Sociopolítica e pároco da paróquia São João Batista, em Viçosa (MG), padre Geraldo Martins. “A tarefa do Estado no cuidado com a vida se sobrepõe à dos demais por caber a ele a construção do bem comum e da paz, base para que se respeite a vida”, completou.

Pe. Geraldo destacou a necessidade de cuidar também da vida do planeta. “É impossível cuidar da vida humana sacrificando a natureza”, disse. “Nossa esperança em meio à crise que vivemos vem de nossa fé em Cristo que venceu a morte e a cruz”, acrescentou.

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Manifestação das lideranças

Sob os olhares atentos dos profetas no adro da Basílica, as lideranças denunciaram a falta de políticas públicas e a perda de direitos que ameaçam a vida dos excluídos. “Temos que suspender o pagamento da dívida pública, reduzir a jornada de trabalho, taxar as grandes empresas e estatizar os bancos e a mineração”, defendeu o líder do Sindicato Metabase de Congonhas, Rafael Duda. “Queremos um outro tipo de sociedade em que todos tenham direito ao emprego, à riqueza, à terra. E fazemos isso a partir da luta”, ressaltou.

Os representantes da Associação de Moradores dos Sem Casa (AMSCA), da cidade de Entre Rios (MG), José Geraldo e Sônia, destacaram o déficit de moradia no país e o aumento de pessoas em situação de rua na pandemia. “Mesmo na adversidade, é possível construir casas para as pessoas que realmente precisam delas”, disse José Geraldo. “Morar é um direito sagrado [que está sendo] negado a muitos. Há um enorme déficit habitacional no Brasil. A casa que nos abriga é um porto seguro”, sublinhou Sônia.

Pelo Movimento Fé e Política, Bruna Monalisa fez uma defesa enfática do Sistema Único de Saúde (SUS) e da vacina contra a Covid-19 para todos. “O SUS é uma conquista do povo brasileiro e não podemos permitir que ele caia. [Não podemos permitir] que as forças do mercado trabalhem para desmontar o SUS para privilegiar o sistema privado de saúde”, defendeu.

O preconceito e o racismo foram denunciados pela integrante da Pastoral Afro-brasileira, Nícia. Ela condenou a “cultura do ódio” presente no país, além da violência e da discriminação contra negros, indígenas, jovens e população LGBTQIA+. “Não podemos ficar indiferentes a essa realidade que atenta contra a vida de nosso povo. Queremos um país verdadeiramente independente, sem genocídio de nossa juventude negra e indígena. [Queremos um país] com justiça social e o povo voltando a sonhar e a ter orgulho de ser brasileiro”, observou.

Fátima Sabará destacou a presença do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Congonhas que sofre por causa da barragem da mineradora CSN. “Congonhas vive uma aflição. O povo [está] sofrendo com depressão e com a saúde debilitada, antes, por causa da barragem e, agora, com a pandemia”, disse. Já a coordenadora da Dimensão Sociopolítica, Silene Gonçalves, chamou a atenção para a violência contra a mulher. “A cada duas horas, uma mulher é assassinada no Brasil que é o quinto país que mais mata mulheres no mundo”, disse.

A volta do Brasil ao mapa da fome e o aumento dos que vivem a insegurança alimentar foram lembrados pelo deputado federal, Padre João Carlos. “São 20 milhões de brasileiros que passam fome por ausência de políticas públicas; 15 milhões de desempregados; 6 milhões de desalentados; 120 milhões que vivem em insegurança alimentar”, denunciou o parlamentar.

FONTE PAROQUIA SÃO JOÃO BATISTA

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