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Diário da Covid-19: Brasil tem a menor média de casos desde maio de 2020

Média de mortes também vem caindo significativamente apesar da última semana epidemiológica registrar ligeira alta no número de óbitos

A boa notícia da semana, até 17/09, foi a continuidade da queda da média diária de infectados pela covid-19 no Brasil que atingiu o menor nível desde maio de 2020. Segundo o Imperial College de Londres, a taxa de transmissão (Rt) do coronavírus no Brasil caiu para 0,81, também o menor índice do ano. No dia 18 de junho de 2021 a média estava em 72,2 mil casos diários, caiu para 30,4 mil casos em 18 de agosto e diminuiu novamente para 15 mil casos em 17 de setembro, uma queda de mais de 4 vezes em um trimestre, o patamar mais baixo em 16 meses.

O gráfico abaixo mostra que o coeficiente diário de incidência brasileiro se manteve bem acima do coeficiente global na maior parte do ano de 2021. Porém, no dia 13 de setembro, o coeficiente mundial de 74 casos por milhão ficou acima do coeficiente brasileiro de 71 casos por milhão. No dia 16/09 a média brasileira subiu ligeiramente para 74 casos por milhão, enquanto a média global continuou caindo. Mas no dia 17/09 o Brasil apresentou coeficiente de 70 casos e o mundo, 67 casos por milhão de habitantes.

A média de vidas perdidas para a covid-19 também caiu significativamente nos últimos meses, passando de 3.124 óbitos em 12 de abril de 2021, no pico da pandemia, para 532 óbitos em 17 de setembro de 2021, uma queda de 6 vezes em 5 meses. Porém, considerando a 37º semana epidemiológica a média de mortes passou de 454 óbitos no dia 10/09, para 597 óbitos no dia 15/09 e para 532 óbitos no dia 17/09.

O gráfico abaixo mostra que o coeficiente diário de mortalidade brasileiro se manteve bem acima do coeficiente global em todo o ano de 2021, embora a diferença tenha diminuído bastante desde abril. No dia 12/04 o Brasil tinha um coeficiente de 14,6 óbitos por milhão e o mundo, 1,6 óbitos por milhão. No dia 11/09 o coeficiente brasileiro caiu para 2,1 óbitos por milhão e o coeficiente global caiu para 1,1 óbito por milhão. O Brasil vinha se aproximando da média mundial, mas reverteu a tendência na última semana e o coeficiente subiu para 2,5 óbitos por milhão no dia 17/09. Os dados do dia 18/09 foram preocupantes, como veremos à frente.

A tendência de queda do número de casos e óbitos da covid-19 não é só do Brasil, mas de toda a América do Sul, enquanto alguns países da América do Norte e da América Central continuam apresentando números elevados. O gráfico abaixo mostra que, no último mês (17/08 a 17/09), Cuba teve o maior coeficiente de incidência com cerca de 700 casos por milhão de habitantes no dia 17 de setembro. Estados Unidos e Costa Rica apresentaram coeficientes próximos a 440 casos por milhão. México, Panamá, Brasil e o mundo apresentaram coeficientes em torno de 70 casos por milhão. Os demais países possuem coeficientes abaixo da média mundial, com destaque para Paraguai e Equador, com coeficientes abaixo de 10 casos por milhão, sendo que o Haiti é o país das Américas com menor coeficiente, somente 2 casos por milhão de habitantes.

O quadro muda em termos de coeficiente acumulado de incidência. O gráfico abaixo mostra que os EUA apresentam o maior coeficiente, com 126,1 mil casos por milhão de habitantes, seguido de Argentina, Uruguai e Panamá, todos com mais de 100 mil casos por milhão. Na sequência, Brasil, Costa Rica e Colômbia com pouco menos de 100 mil casos por milhão. A média mundial é de 28,9 mil casos por milhão de habitantes. Abaixo do coeficiente global, estão Equador e México com cerca de 28 mil casos por milhão. Novamente, o menor coeficiente acumulado é do Haiti (1,8 mil casos por milhão), que é o país mais pobre das Américas, mas é o que apresenta os menores registros da covid-19.

O gráfico abaixo mostra que no coeficiente de mortalidade a América do Sul também apresenta números em queda e a América do Norte, números elevados no último mês. Os maiores coeficientes estão em Cuba, EUA, Costa Rica e México. Em seguida aparecem Argentina, Brasil, Paraguai e Panamá, todos com coeficientes pouco acima da média mundial. Abaixo da média global, mas coeficiente acima de 1 óbito por milhão estão Bolívia, Equador e Chile. Com coeficientes abaixo de 1 óbito estão Peru, Colômbia e Uruguai, sendo que o Haiti é também o país das Américas com menor coeficiente de mortalidade, somente 0,1 óbito por milhão de habitantes.

O gráfico abaixo mostra a classificação dos países segundo o coeficiente acumulado de mortalidade. O Peru, com quase 6 mil mortes por milhão de habitantes, é o país com a maior proporção de vítimas fatais do novo coronavírus do mundo. O Brasil com 2,76 mil óbitos por milhão encontra-se no segundo lugar nas Américas e no top 6 do mundo. A Argentina e a Colômbia possuem coeficientes em torno de 2.500 óbitos por milhão. México e EUA possuem coeficientes em torno de 2 mil óbitos por milhão. A maioria dos países das Américas possuem coeficientes acumulados de mortalidade acima da média mundial de 594 óbitos por milhão de habitantes no dia 17 de setembro de 2021. Abaixo da média mundial apenas Cuba (com 590 óbitos por milhão) e o Haiti com 52 óbitos por milhão de habitantes.

Nos meses de abril a junho, enquanto a América do Norte (inclui América Central) apresentava tendência de baixa dos números da pandemia, a América do Sul apresentava tendência de alta e se tornava o epicentro da pandemia global. Mas a partir de julho as tendências se inverteram e a América do Sul reduziu significativamente os montantes de casos e óbitos, enquanto os números subiam na América do Norte. As duas regiões apresentavam tendências reversas e ondas defasadas, como mostramos no “Diário da Covid-19: Américas do Sul e do Norte em ondas defasadas”, aqui no #Colabora (Alves, 29/08/2021). A dúvida é se estas tendências vão se alternar novamente.

No sábado à noite, dia 18/09, o Ministério da Saúde divulgou os dados do final da 37ª semana epidemiológica com um repique de casos e também de óbitos. Foram registrados 150.106 casos, um recorde diário para todo o período da pandemia. Registrou-se 935 óbitos que é um valor mais alto para um sábado desde 07/08. Como resultado as médias móveis de 7 dias ficaram em 34,5 mil casos diários e 564 óbitos diários, apresentando tendência de alta. Em parte, o elevado número de casos divulgado no sábado se deveu ao ajuste no sistema de registro de casos. Mas também, isto pode ter ocorrido devido ao represamento de registros atrasados. No pior cenário, pode significar uma nova tendência de viés de alta de uma possível 3ª onda, ou a temida onda da variante delta. De qualquer forma, ainda é cedo para se tirar qualquer conclusão, pois a pandemia do SARS-CoV-2 tem mostrado mais resiliência do que o imaginado anteriormente.

O processo de vacinação tem avançado no Brasil e a primeira dose já foi aplicada a dois terços da população. Porém, apenas um terço da população conta com a vacinação completa. Estes números são importantes para o plano de imunização, mas insuficientes para eliminar de vez qualquer possibilidade de uma terceira onda. Infelizmente, ainda existe o risco de um novo surto pandêmico no país.

O caminho para a imunização completa da população brasileira não tem sido tranquilo. No dia 15 de setembro o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que há “excesso de vacinas” no país. Todavia, no dia seguinte o ministro mudou a política e restringiu o cronograma de vacinação dos adolescentes. Evidentemente, o risco de morte é menor entre a juventude em relação aos idosos. Mas a vacinação de adolescentes é fundamental não só para proteger os jovens, mas também para evitar o contágio e a maior circulação do vírus. Vacina e prevenção são os caminhos para vencer a pandemia.

FONTE COLABORA

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