No âmbito socioambiental, nenhum problema é mais grave e urgente em Piranga que a questão da moradia no bairro Vila do Carmo, especificamente o caso das residências situadas em áreas de risco: encostas e margens de curso d’água. Mais importante que os recorrentes problemas no abastecimento de água em nossa cidade, que o trânsito intenso e pesado de carretas em nossas ruas, que a poluição dos cursos d’água que cortam a área urbana etc! Por quê? Porque a vida sempre será mais importante que qualquer outra coisa!
Na Vila do Carmo há dezenas, talvez, centenas de residências com padrão construtivo precário, onde moram famílias em situação de vulnerabilidade social, expostas a riscos, ao lado de encostas ou em áreas sujeitas a inundações, processo decorrente do crescimento urbano desordenado da cidade, da especulação imobiliária, da falta de planejamento, do descompromisso de “incorporadores” imobiliários, da precarização da renda da população, da histórica ausência do poder público ali etc, problemas comuns a muitas cidades brasileiras. No âmbito das áreas de risco, ainda se incluem residências não precárias, onde residem famílias sem vulnerabilidade.
Há, portanto, problemas diversos, cuja resolução não passa, exatamente, por uma ação exclusiva. Há situações, por exemplo, que necessitam de intervenção urgente para garantir a proteção da vida (é o caso da encosta entre as ruas Hortência e Mangueira, com risco de desmoronar sobre residências e de levar abaixo casas). Há outros casos onde a solução passa somente pela retirada da população local e seu posterior assentamento.
Por falar em habitação popular, em Senhora de Oliveira encontramos o conjunto habitacional “José Pascoalino Milagres”, 40 residências do “Programa Minha Casa Minha Vida”, pioneiro na região, entregue em 2016, que contou com recursos do Governo Federal, Estadual e infraestrutura e aquisição do terreno pelo município, obra gerenciada pela COHAB, que recebe prestações mensais subsidiadas. A Cohab Minas firma parceria com prefeituras conveniadas. O município oferece o terreno urbanizado, e a companhia promove a construção e fiscalização das obras, além de subsidiar o custo do investimento. O processo é uma forma de viabilizar o acesso à habitação pela população de baixa renda. Se Senhora de Oliveira tem “Minha Casa Minha Vida”, por quê Piranga não pôde ou pode ter? Será que em Piranga já houve iniciativa de algum PROJETO formal neste sentido? Pois, promessas de construção de moradias populares eu já ouvi! Inclusive em áreas de domínio do poder público que julgo inadequadas, o que é inaceitável.
Estamos vivenciando, a cada dia, eventos extremos, consequências negativas de interferências globais e locais sobre a natureza, com precipitações irregulares e concentradas, elevação repentina do nível de cursos d’água etc, que impactam, sobremaneira, as populações mais vulneráveis. Eventos extremos como o observado na última quarta-feira, dia 29, na Vila do Carmo, se tornarão cada vez mais frequentes. Felizmente, naquele caso não houve vítimas. Iremos esperar até quando? Das administrações passadas, nenhuma concedeu o devido valor ao problema socioambiental da Vila do Carmo, seja para resolvê-lo (e isto exige uma política de longo prazo) ou, pelo menos, para minorá-lo! Ocorreram até intervenções, a meu ver, algumas equivocadas, sem critério técnico adequado à realidade ambiental local, como a canalização de trechos do córrego do morro do Vicente.
Os próximos anos estão aí, para esta realidade mudar.
É preciso acreditar.
É preciso fazer.
2022 começa hoje!
Cidade de Piranga.
- FONTE E FOTOS GUARA DRONE