Nas últimas semanas, a variante ômicron ganhou destaque nas notícias de saúde por conta de sua alta transmissibilidade, levando a um aumento exponencial no número de infectados no Brasil em poucas semanas. Em meio ao nosso contato diário com pessoas que testam positivo, fica a dúvida: qual o tempo de incubação da variante ômicron da covid-19?
Os motivos para a rápida transmissão da variante —sem levar em conta o afrouxamento da população em relação às medidas de proteção nas festas de final de ano— seriam as mutações sofridas pelo vírus Sars-CoV-2 (causador da covid-19), que permitiram com que se multiplicasse com maior rapidez e se adaptasse melhor às vias aéreas superiores (nariz, laringe e faringe).
O resultado disso é uma carga viral muito alta já nos primeiros dias de contágio, tornando qualquer espirro ou tosse de um infectado uma verdadeira bomba de contaminação. “Uma pessoa infectada com o vírus ômicron é capaz de infectar de 10 a 20 pessoas”, comenta Julival Ribeiro, médico infectologista do Hospital de Base do Distrito Federal e membro da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
Qual o tempo de incubação da variante ômicron da covid-19?
Mas não é só isso. A nova variante também está chamando atenção pelo menor tempo de incubação (período entre o contato com o vírus até a manifestação dos sintomas), que é de apenas dois ou três dias, em média, devido à sua velocidade de replicação no organismo, conforme mostra um estudo americano recente.
“Nas variantes anteriores esse tempo era de cinco dias”, cita o médico infectologista Alexandre Schwarzbold, professor da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e membro consultor da SBI.
No entanto, o intervalo para o surgimento dos sintomas pode ser um pouco diferente entre as pessoas por conta de algumas variáveis e características individuais como a carga viral a qual a pessoa foi exposta, a genética, o grau de imunidade, presença de comorbidades e, principalmente, se a pessoa foi ou não vacinada.
“Os não vacinados podem apresentar menor tempo de incubação em relação aos imunizados, uma vez que o vírus não encontra nenhuma resistência e se multiplica mais rápido no corpo. Sem contar que eles têm maior chance de apresentar sintomas, algo que está diretamente ligado à capacidade de multiplicação do vírus”, alerta Estêvão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia e também membro da SBI.
Por outro lado, possíveis pacientes assintomáticos raramente vão desenvolver sinais após as 72 horas depois da confirmação do teste, segundo o infectologista.
A boa notícia (se é que pode ser considerada mesmo positiva) é que exames também detectam a doença mais cedo, possibilitando iniciar o tratamento rapidamente naqueles que apresentam quadros mais graves. “O exame PCR pode detectar já nas primeiras 24 horas e o antígeno, no segundo dia”, fala Schwarzbold.
Tempo de transmissão não é menor
Apesar do período de incubação ser mais curto, o tempo que uma pessoa infectada continua espalhando o vírus não segue a mesma característica. “Ao contrário do que se pensava, o tempo de transmissão é igual ou maior do que as variantes anteriores, ou seja, não é de apenas cinco dias como se afirmava. Um novo estudo em andamento no Japão mostra que a excreção do vírus acontece até o nono dia”, comenta Schwarzbold.
Isso está fazendo com que o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos e os órgãos de saúde dos demais países revejam suas orientações em relação ao período de isolamento. “Para se ter ideia, o pico de contágio da ômicron acontece entre o terceiro e o sexto dia”, comenta o docente.
Por isso, ainda não há um consenso sobre o tempo de isolamento indicado para a variante ômicron. “Oriento aos sintomáticos e aqueles que estão com a covid-19 confirmada a fazerem o isolamento por dez dias. E àqueles que tiveram contato com doentes, o monitoramento de dois a cinco dias para avaliar se haverá sintomas e o isolamento por sete dias, retomando as atividades com os devidos cuidados necessários como o uso de máscara e higienização das mãos”, recomenda Urbano.
Já os pacientes imunossuprimidos devem fazer um isolamento de cerca de 20 dias, uma vez que seu organismo demora mais para conter a infecção, de acordo com Ribeiro.
FONTE UOL