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Serra da Moeda – De Paraty para o Vale do Paraopeba

2ª parte

Com a descoberta do ouro em 1695 pelas bandeiras paulistas no interior do território mineiro mais precisamente as margens dos afluentes do rio Piranga nos arredores do arraial de Itaverava dava inicio ao ciclo de ouro no Brasil colônia. A noticia da descoberta do ouro se espalha rapidamente. O Conselho Ultramarino recomenda ao rei de Portugal que restrinja os caminhos que levam às minas ponderando que quanto mais caminhos houver, mais descaminhos haverão.

Mapa Minas Gerais sec.XVIII

O território do ouro ficou cheio de aventureiros vindo de toda parte do Brasil e até do exterior para explorar o metal precioso abundante na região descoberto pelo movimento bandeirismo dos paulistas, pioneiros na exploração do ouro nas terras das Gerais. Itaverava (pedra brilhante) se tornou o primeiro núcleo bandeirante das bandeiras paulistas, onde as fora encontradas as primeiras amostras de pepitas de ouro. E a partir daí, por volta de 1700, as Minas Gerais vai virar um caldeirão de intrigas, conflitos e contrabando em torno da exploração e comercialização do ouro.

Monumento Primeira Pepita de Ouro em Itaverava

Paraty e o Caminho Velho para as minas de ouro

Paraty pela sua localização estratégica ficou sendo o porto seguro da rota do ouro que seria levado para o Rio de janeiro e de lá para Portugal. Em 1698, a Coroa Portuguesa inicia a construção do Caminho Velho que ligaria Paraty a Ouro Preto. Esse caminho que levou seis anos para ser concluído passou a ser chamado de Estrada Real. Mais tarde, um depois a estrada foi desviada e um novo caminho foi construído, chamado de Caminho Novo que levava o ouro diretamente para o Rio de Janeiro. (O Caminho Novo  tornou-se uma rota mais curta para chegar ao Rio Janeiro)

Mapa da Estrada Real

A Casa do Registro ou Casa dos Quintos

Bom, era de se esperar que Paraty fosse o lugar mais movimentado da Coroa em virtude do aumento do transito em virtude do transporte de grande quantidade de ouro que seriam transportados pelos lombos dos burros e das carroças vindos da região aurífera de Minas Gerais. Em 1703 no alto da serra, é criada a primeira Casa de Registro do Ouro (Carta Régia de 9 de maio) para controlar e fiscalizar o fluxo do ouro em Paraty (a mesma instalada na chegada de Ouro Branco que erroneamente (sic) é chamada Casa de Tiradentes). Pois bem, mesmo com a instalação das Casas dos Quintos pelo caminho para evitar a sonegação de impostos não demorou muito aparecer os sonegadores, bandos de falsificadores que passaram a dar muita dor de cabeça a Coroa Portuguesa no inicio do sec.XVIII. Carta enviada ao rei de Portugal relatando os descaminhos em Paraty forçou a Coroa reforçar a fiscalização e punição severa aos contraventores que partiram as pressas de Paraty encontrando um território fértil nas fraldas do Espinhaço no Vale do Paraopeba, lugar ideal para a construção da fortaleza da primeira fabrica de falsificação de cunhagens de moedas de ouro do Brasil, bando de falsificadores sob a liderança de Inácio Ferreira de Souza.

Carta relatando os descaminhos do ouro em Paraty ao rei de Portugal

Carta do governador do Rio de Janeiro, Luiz Vahya Monteiro, para a Sua Majestade relatando que quando de sua visita à parte sul da Vila de Parati encontrou Manuel Dias de Meneses, provedor do registro, estando ele sem exercício efetivo por não ter como evitar os descaminhos do ouro. Diz ter solucionado em parte o problema com o envio de soldados para guarda do posto de fiscalização. Acrescenta que existem fraudes realizadas por pessoas que não pagam o imposto devido em função de desavenças entre autoridades locais. Diante desta realidade, a Coroa Portuguesa passou ter mais soldados e funcionários públicos para combater esses descaminhos do ouro, mudar a rota, abrir mais Casas dos Quinto, o que forçou os contrabandistas a fugir de Paraty e buscar outras paradas mais seguras para sonegar e burlar o Quinto.

POR JOÃO VICENTE

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