Usuários temem uma possível falta de manutenção da via nos próximos anos, com impacto nas condições de trafegabilidade e custos de manutenção
Com o último dia de concessão da BR-040 na próxima quinta-feira (17 de agosto), o futuro de uma das principais rodovias de Minas Gerais gera incertezas e medo a quem transita diariamente pela rodovia, que liga Minas ao Rio de Janeiro e a Brasília (DF). Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Antônio Luís da Silva Júnior teme uma possível falta de manutenção da via nos próximos anos, com impacto nas condições de trafegabilidade e custos de manutenção. Uma conta que, segundo ele, será dividida até mesmo por quem não passa por lá, mas consome produtos escoados pela rodovia.
“A Via 040 não fez muito, ficou devendo muito e errou ao dar o preço dos pedágios, tendo em vista um relevo elevado e montanhoso como o de Minas. No entanto, o DNIT, que deve assumir a manutenção, tem regras mais burocráticas e lentas em termos de fiscalização e podemos viver um momento crítico, a rodovia já está péssima, não estão fazendo manutenção mesmo com pedágio e agora podemos piorar a condição da via”, afirma.
Ele estima ainda que a realidade pode acarretar um aumento dos preços dos fretes a longo prazo. “Além da tendência de aumento do número de acidentes e aumento do tempo de viagem. Isso impacta no preço do frete e na jornada dos motoristas, cansaço hoje o tempo que o motorista perde em trânsito e em bloqueios de estrada eleva o grau de insegurança porque depois ele quer compensar o tempo perdido. A médio e longo prazos podemos estimar um aumento das tarifas”, afirma.
Entretanto, apesar das incertezas, o sonho de poder transitar por uma estrada segura ainda segue vivo no coração de quem vive às margens da BR-040. “Não sabemos porque isso acontece, mas sabemos que com o fim da concessão vai ser muito complicado para nós e tememos o aumento de acidentes. Eu espero que quem pegar a próxima licitação tome uma atitude. Eu espero que quando meu filho (Samuel, de 2) tiver 20 anos, que tenhamos uma BR-040 segura, sobretudo pelo o que pagamos de pedágio. Eu tenho essa esperança”, diz Steferson Gonçalves, 30, que é ex-presidente da associação dos moradores do bairro Pires, em Congonhas, na região Central de Minas, que é cortado pela BR-040.
Sentimento parecido tem o mecânico Rafael, pai de dois filhos de 20 e 22 anos. “Temos a expectativa e a esperança que isso melhore, até para que nossos filhos trafeguem com segurança”, pontua. Proprietário de uma agência de automóveis usados, Vagnaldo Souza Cruz, 54, endossa o coro. “Todos nós temos essa esperança, de vim uma empresa competente e de alto nível que assuma e faça”, pede.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) foi procurado e disse que a situação da BR-040 deve ser tratada com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em nota, o órgão disse que “a definição do poder público sobre a administração da BR-040, entre Juiz de Fora/MG e Brasília/DF, ainda está em tratativa. Atualmente, está em vigor o Termo Aditivo ao Contrato de Concessão da Via 040, com vencimento em agosto. Legalmente, a Agência pode estender o prazo de operação da concessionária para prestação de serviços essenciais por mais seis meses. No entanto, a solução para o assunto segue em discussão entre a diretoria da Agência, o Ministério dos Transportes e o Tribunal de Contas da União (TCU). A Agência também informa que os trâmites da nova licitação da BR-040 estão em andamento”.
O que diz a Via 040?
Em nota, a Via 040 afirmou que desde o início da operação, a Via 040 vem enfrentando um quadro setorial desafiador, diferente do momento anterior ao leilão realizado em 2013. Segundo a concessionária, as condições de financiamento bancário para investimentos foram modificadas, houve atrasos e fragmentação na emissão das licenças ambientais para execução de obras e, além disso, a redução significativa da atividade econômica brasileira afetou diretamente o tráfego de veículos e passageiros. A empresa afirma que está solicitando a rescisão amigável do contrato de concessão, para que ocorra um novo leilão do trecho e outra empresa assuma a gestão (veja a íntegra do posicionamento).
FONTE O TEMPO