Prefeitura Municipal de Belo Vale e Secretaria do Meio Ambiente realizaram na Câmara Municipal, no dia 10 de agosto, o I Fórum Municipal Lixo & Cidadania. O evento propôs a promoção do diálogo entre os diferentes setores da sociedade, no tocante aos cuidados para com a reciclagem de resíduos sólidos, conter o aumento do lixo reaproveitando-o, e contribuir para um ambiente sustentável.
Waltenir Liberato Soares, prefeito compôs a ‘Mesa de Abertura’ com Kelly Cristina dos Santos Souza, secretária do Meio Ambiente; Nelsimar Ferreira Rosa, presidente da Câmara; Paulo César Vicente de Lima, promotor de Justiça de Minas Gerais; Ludmila Gedeon Rochael Seabra, presidente da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Belo Vale (ASCABEV), entidade com 14 sócios responsáveis pela triagem e reciclagem da coleta seletiva na cidade.
Cuidar do lixo é questão econômica e social
Homenageada, Ludmila Gedeon debateu sobre o relevante protagonismo dos catadores para com a saúde do ambiente, e destacou: “Somos cidadãos que coletivamente, contribuímos para com a economia e o social. Geramos renda e trabalho com sustentabilidade para nossas famílias”. Segundo a presidente, no primeiro semestre de 2023, a produção de reciclados foi de 126.907 kg, nas seguintes proporções: papel 13%, metal – sucatas ferrosas 3%, vidro 7% e plástico 12%. Porém, esse montante representa, apenas, 35% de todo o lixo coletado. “Estamos desenvolvendo ótimo trabalho no perímetro urbano, mas na zona rural temos fragilidade, É preciso avançar”; afirmou Ludmila. Esses dados e a parceria com a Prefeitura, que apoia a entidade na promoção de ações e estrutura, têm contribuído para o reconhecimento do Município em Minas Gerais.
Organizar e fortalecer Catadores
O Fórum recebeu debatedores engajados com a valorização dos Catadores. Profissionais que se mostraram preocupados com o aumento do lixo e falta de destino correto. Que sugerem investimentos e programas de coleta seletiva, para fortalecer campanhas de educação e conscientização dos cidadãos. Sobretudo, que sejam criteriosos ou evitem a exploração de recursos minerais, cortes de árvores, queimadas e protejam as águas, temas alertados por Jacqueline Rutkowski, presidente do Instituto SUSTENTAR que abordou “Mudanças Climáticas e Resíduos”. Marislene Nogueira, secretária Executiva do Fórum Estadual Lixo e Cidadania de Minas Gerais (FELC/MG) e Neli Medeiros, Mobilizadora da Associação Nacional dos Catadores (ANCAT) debateram sobre o fortalecimento e organização dos Catadores.
Há muito que avançar
Em Minas Gerais com 853 municípios, a população urbana atendida por destinação regularizada dos Resíduos Sólidos (SRU) alcançou 71,73%. Aterros sanitários ou unidades de triagem e compostagem licenciadas é de 469. Municípios ainda não regularizados são 76, e aqueles que permanecem em situação irregular, destinando seus resíduos para lixões são 308. Dados da FEAM, 2022.
Lixo urbano era jogado no Rio Paraopeba
No início do ano de 1990, todo o lixo produzido na cidade era jogado às margens do Rio Paropeba, na região dos Pereiras. O rio sofria assoreamentos e poluição pelo garimpo predatório, além de receber esgotos residenciais. Preocupados, ambientalistas da APHAA-BV lançaram a Campanha “Verão Saúde” e denunciaram o fato às autoridades estaduais e imprensa. Na sequência, foram criados pequenos bolsões de lixo na cidade: Buracão (Rua Tupinambás), Praguinha e Paivas. Eliminados por volta de 1997, deram vez ao ‘Lixão dos Borges’, às margens da estrada para Roças Novas. A APHAA-BV propôs parceria com a Prefeitura e organizou uma visita para 49 pessoas à Usina de Florestal, em busca de referências para cuidar do lixo local.
Em momento histórico, a APHAA-BV lançou em 1998 o ‘Programa Permanente de Reciclagem de Latinhas de Alumínio’, em parceria com a Latasa. Pioneiro, o programa deu resultados e despertou a atenção dos cidadãos. Dez coletores – foguetinhos – foram instalados em ruas. A possibilidade de vendas provocou competição e fez surgir vários catadores de latas na cidade. APHAA-BV e Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA) solicitaram ao Ministério Público, que a Prefeitura tomasse providências quanto à disposição inadequada do ‘Lixão dos Borges’, que continuava a degradar e contaminar o ambiente. Enfim, a partir de 2004, o Município passou a adotar pequenos procedimentos, que vão se consolidando nos nossos dias.
Tarcísio Martins, jornalista, ambientalista; fotografias.