Todas as capelas e as peças feitas pelo artista vão ser recuperadas, uma a uma. A previsão é que a restauração seja concluída até o meio de 2024.
Uma das obras mais importantes do Barroco brasileiro está passando por revitalização.
Na paisagem histórica – em Congonhas, região central de Minas – as seis capelas são patrimônio da humanidade.
As 64 obras esculpidas por Aleijadinho e pintadas pelo mestre Athaíde há mais de 220 anos retratam a Paixão de Cristo. A passagem do tempo acabou desgastando essas joias.
“Apresentam alguns problemas de danos naturais, que são danos causados pela chuva, pelo desgaste da pintura, e danos pela pouca conservação que tem causado”, diz o diretor de patrimônio de Congonhas, Hugo Cordeiro.
A primeira capela a ser recuperada é a da Santa Ceia. As esculturas precisaram ser retiradas.
“Receberam marcação no piso com giz e com adesivo, há um relatório fotográfico com numeração específica. Então quando essas imagens retornarem, elas irão voltar pro local exato que elas estavam”, explica Hugo.
As peças foram trazidas para um espaço que é monitorado 24 horas por câmeras de segurança e alarmes. O trabalho de recuperação começa dentro de bolhas. Ali, os restauradores retiram o oxigênio e colocam nitrogênio. O processo dura cerca de 45 dias. É uma das técnicas mais modernas para a desinfestação desse tipo de arte, que é feita em madeira.
Nas bolhas, os profissionais monitoram a umidade. O procedimento elimina qualquer microrganismo que possa estar escondido no interior das obras, como cupins.
“Um ovo, a pulpa, ou um inseto adulto, ele é eliminado no interior do madeiramento, no caso aqui do cedro, das esculturas da Aleijadinho. A segunda etapa é a gente fazer uma barreira química com aplicação somente sobre a madeira de um produto inseticida de forma que não ocorram novos ataques”, explica o restaurador Adriano Ramos.
Todas as capelas e as peças de Aleijadinho vão ser recuperadas. Uma a uma. A previsão é que a restauração seja concluída até o meio do ano que vem. Os doze profetas, que ficam na frente do Santuário do Bom Jesus do Matosinhos, também já passaram por limpeza.
“Nós temos os fiéis que vêm pela devoção, pela fé, e aqueles que vêm pela arte, pela cultura”, diz Nedson Pereira de Assis, reitor da basílica do Bom Jesus.
E que só ali podem contemplar e admirar as obras mais importantes do gênio do Barroco mineiro.
“Isso é para ficar, não só para nós brasileiros, mas para a humanidade toda viver essa beleza que é Congonhas. Eu adoro aqui. Sempre coloco no meu roteiro”, diz a aposentada Tereza Cristina da Silva.
“Essas coisas aqui lindas que eu acho que tem que ser mais cuidado. Preservar mais um pouco… Eu estou me sentindo numa imersão cultural sobre toda a história”, diz a psicóloga Ilma Alexandre dos Santos.
FONTE G1