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A História de Dom João Muniz, o Missionário da Saúde em Congonhas/MG

André Candreva

Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas (IHGC);

Sócio Efetivo da Academia de Letras e Artes de Congonhas (ACLAC);

Sócio Correspondente da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete (ACLCL);

Sócio Efetivo da Academia de Letras Brasil/RMBH/MG.

Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.

Dom João Muniz – O Missionário da Saúde

Dom João Muniz, nascido em 14/01/1900 no distrito denominado Chácara em Juiz de Fora, era filho de Joaquim Leal Muniz Maranhas e Olímpia Augusta Henriques de Campos Maranhas.

Estudou e foi ordenado padre redentorista na Holanda. De volta ao Brasil foi designado para a cidade de Congonhas na década de 1930, onde tornou-se professor do Seminário São Clemente e secretário do Santuário Senhor Bom Jesus. Nesse cargo, coordenou a remodelação e construção do prédio do Santuário, do hotel Santuário, as reformas das casas do “Beco dos Canudos”, das casas do lado esquerdo da Basílica e também da antiga Romaria. Teve uma atuação determinante no progresso e melhoria das instalações e benfeitorias do Santuário e de suas imediações.

Mas uma de suas maiores contribuições para Congonhas foi a demarcação do território do município na ocasião de sua emancipação em 1938.

Naquele momento foi realizada uma grande negociação política que contou com uma estratégia liderada por Dom Muniz, que garantiu ao futuro município de Congonhas, das áreas onde estava localizada uma grande jazida de minério de ferro.

No início da década de 1940 deixou Congonhas para assumir o bispado da cidade de Barra/BA, uma região muito pobre do nordeste brasileiro. Mais um grande desafio em sua caminhada. E o enfrentou com altivez e sabedoria.

Já como bispo de Barra, foi um dos precursores na luta para erradicação da malária naquela região. Em 1944 Dom João Muniz se empenhou para angariar fundos destinados à construção do Seminário da Diocese de Barra, no município de Correntina/BA. Organizou e promoveu em julho de 1950, a 2ª Semana do Fazendeiro do Médio São Francisco e a Exposição Agropecuária da região de Barra/BA, com a participação do Senador Novais Filho e do Ministro da Agricultura, Dr. Carlos Lobão Muniz de Souza.

Foi agraciado em 1950 com o Prêmio Nacional de Prevenção da Cegueira, conferido pela Liga Nacional de Prevenção da Cegueira, recebendo das mãos do Ministro da Saúde Pedro Calmon, pelo relevante serviço público prestado ao Brasil na prevenção da cegueira nas populações carentes, em especial na região do médio São Francisco.

Em 1951 Dom João Muniz esteve pessoalmente com o Presidente da República, Getúlio Vargas, no Palácio do Catete – Rio de Janeiro/RJ, onde cobrou maior interesse por parte do Governo Federal para as questões de ordem social do médio São Francisco, e também o apoio de Vargas para as comemorações da Semana do Lavrador na cidade de Barra/BA. Neste mesmo ano visitou o Papa Pio XII na Santa Sé, de quem recebeu benção especial pela sua boda de prata sacerdotal, comemoradas no Colégio Witten, da Congregação Redentorista, na Holanda.

No ano de 1954 recebeu o título de “Missionário da Saúde”, por ser o patrono espiritual das atividades do Serviço Nacional no Combate à Malária na região do semiárido baiano. E também por promover uma extensa campanha contra a esquistossomose nas cidades de Garanhuns, Caruaru e Recife, no estado de Pernambuco. Dom João Muniz é considerado um dos pioneiros dos serviços de assistência ao homem do campo, no interior do nordeste brasileiro.

Dom João Muniz resignou-se do bispado quando já não se sentia capaz de atuar com vigor nas causas urgentes daquele lugar. Retornou à Belo Horizonte onde voltou a ser padre redentorista. Permaneceu na capital mineira até a sua morte em 10 de dezembro de 1977, aos 77 anos.

A pedido da população do Município de Barra/BA foi sepultado dentro da Catedral da cidade como uma última homenagem e reconhecimento pelos trabalhos prestados.

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