30 de abril de 2024 09:43

De Ouro Preto a Vitória: Rota Imperial será sinalizada a partir de fevereiro

Percurso alternativo para escoamento do ouro durante o Segundo Império será demarcado no trecho mineiro; Circuito Montanhas e Fé também prepara o lançamento de um documentário

Criada como alternativa portuária à Estrada Real, a Rota Imperial São Pedro D’Alcântara ligava Ouro Preto (MG) a Vitória (ES). Os caminhos abertos pela Coroa Portuguesa em meados do século XVII completarão 208 anos de modo distinto nos dois Estados. Em terras capixabas, ela já foi criada oficialmente e sinalizada pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes); em Minas Gerais, o percurso alternativo para o escoamento de ouro de Minas Gerais para a Europa caiu no esquecimento.

Na última sexta-feira (12/1), a rota que liga 14 municípios capixabas e 17 em Minas deu o primeiro passo rumo à concretização do lado mineiro. Um evento simbólico aconteceu na cidade de Ponte Nova, na Zona da Mata, e contou com a presença do secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira. Na ocasião, o gestor do turismo descerrou a placa de lançamento da sinalização da nova rota, que alguns historiadores consideram erroneamente como um braço da Estrada Real.

Modelo da sinalização que vai ser instalada em todo percurso mineiro

“O primeiro passo é a sinalização turística, que está sendo toda custeada pelo Circuito Turístico Montanhas e Fé. Sete municípios que fazem parte do nosso circuito e suas zonas rurais receberão cerca de 400 placas de sinalização a partir do final de fevereiro, ao custo de aproximadamente R$ 100 mil, mapeando simbolicamente a região. O segundo passo será o lançamento do documentário ‘Pelos Caminhos da Rota Imperial’ em maio com a particação do ciclista Edu Cara de Barro”, conta Marcos Cardoso Jr, presidente do circuito.

Há sete anos, Cardoso Jr descobriu um documento antigo no arquivo da Secretaria de Cultura, Meio Ambiente e Turismo de Jequeri que citava a rota e, com o turismólogo Marcílio Medeiros, aprofundou nas pesquisas. Coube a Medeiros, consultor de patrimônio cultural, construir toda a parte técnica do projeto. Em maio de 2021, eles iniciaram a primeira expedição de carro pela rota, num trajeto de 574 km, durante três dias, saindo de Ouro Preto com destino a Vitória, onde está o marco zero, no Palácio Anchieta.

A rota passa por estradas rurais, a maioria delas sem asfalto, na foto, ... durante a expedição

No ano passado, um projeto de lei de autoria do deputado estadual Adriano Alvarenga (PP) foi enviado à Assembleia Legislativa de Minas Gerais reconhecendo a Rota Imperial como bem de importância turística e cultural do Estado. Para o secretário Leônidas Oliveira, é muito relevante a iniciativa para conhecer Minas cada vez mais e de forma profunda. “Preservar a história, cuidar da nossa cultura e do nosso turismo como geradores de emprego e renda significa um sinal forte para o desenvolvimento sustentável”, destacou.

Para além da importância histórica, a nova rota servirá para estimular o desenvolvimento econômico nos municípios que atravessa. Diferente da Estrada Real, que se tornou um projeto de marketing turístico e hoje funciona de forma autônoma, trilhada por cicloturistas e adeptos do turismo de aventura, a Rota Imperial se baseia, segundo o gestor do Circuito Montanhas e Fé, na fidelidade histórica. Todo o projeto foi desenvolvido em parceria com o Sebrae, que trabalhou a oferta e o inventário turístico.

Pelo trajeto há antigas estações de trem da desativada estrada de ferro Leopoldina, como a de Acaiaca

O percurso é ideal para ser percorrido em veículo 4×4, bike, moto ou a cavalo. Às cachoeiras e paisagens intocadas, somam-se cidades e vivendas com produtos típicos como doces, queijos e cafés, antigas estações de trem e os trilhos da estrada de ferro Leopoldina já desativada, que ligava Minas Gerais à cidade capixaba de Cachoeiro do Itapemirim. Há, ainda, segundo Marcos Cardoso Jr., uma imersão na história. O trajeto ainda permitiu no passado que os imigrantes ocupassem as terras férteis e erguessem vilas.

Em Minas, além de Ponte Nova, a Rota Imperial passa pelos municípios de Abre Campo, Acaiaca, Alto Caparaó, Alto Jequitibá, Barra Longa, Jequeri, Luisburgo, Manhumirim, Mariana, Martins Soares, Matipó, Oratórios, Ouro Preto, Pedra Bonita, Santa Margarida e São João do Manhuaçu. No Espírito Santos, atravessa Domingos Martins, Cariacica, Castelo, Conceição do Castelo, Ibatiba, Ibitirama, Irupi, Iúna, Muniz Freire, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Venda Nova do Imigrante, Viana e Vitória.

Em 2020, a escola de samba Imperatriz do Forte, do Carnaval de Vitória, se inspirou no percurso inaugurado em 1816 para desenvolver o samba-enredo “Das Terras de Vila Rica à Vila Nova do Espírito Santo: Imperatriz engalanada apresenta a Rota Imperial de São Pedro D’Alcântara. No mesmo ano,14 tropeiros a cavalo percorreram o percurso em 20 dias para comemorar os 200 anos da rota, a estrada por onde passou no passado o imperador Dom Pedro II.

FONTE O TEMPO

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