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Após 30 anos do Plano Real, inflação faz nota de R$ 100 valer R$ 12,33

Estudo do matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho mostra que inflação acumulada fez a moeda perder 87,67% do seu poder de compra

Plano Real acaba de completar 30 anos como o mais bem-sucedido de nossa história. Apesar de conseguir domar a hiperinflação e permitir o crescimento da economia, a inflação não deixou de existir.

Segundo os cálculos do matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho, vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), feitos com exclusividade para a Inteligência Financeira, desde o dia 1º de julho de 1994, data em que o Plano Real entrou em vigor, até o dia 1º de julho de 2024, a inflação acumulada, medida pelo IPCA, foi de 711,28%.

“Com isso, o poder aquisitivo da nossa moeda sofreu uma perda de 87,67%. Ou seja, se em 1º/7/1994 uma nota de R$ 100 enchia um carrinho, hoje compra apenas 12,33% daquela quantidade.”

Traduzindo em miúdos, isso significa que, embora o valor de face de uma cédula continue sendo de R$ 100, na prática, o real poder de compra da nota equivale, agora, a R$ 12,33, comparado ao que comprava 30 anos atrás.

Ou seja, para adquirir o que R$ 100 compravam em 1994, o consumidor precisaria desembolsar, hoje, R$ 811,28. Portanto, após 30 anos do Plano Real, nota de R$ 100 perdeu bastante o seu poder.

Inflação faz dinheiro perder poder de compra

Para se ter uma ideia de como é importante se proteger dos efeitos negativos da inflação, vamos supor que uma pessoa dispusesse de R$ 100 mil em 1994. Com esse dinheiro ela poderia comprar, na época, um bom apartamento.

Mas com a desvalorização da moeda, estes R$ 100 mil de 1994 equivaleriam atualmente a R$ 12.330, valor que não paga sequer um carro zero popular. Com esse dinheiro dá para comprar à vista, uma moto zero km. Ou pagar algumas parcelas do modelo de carro zero km mais barato atualmente: um Fiat Mobi que, pela tabela, custa R$ 72.990.

Mas se esta mesma pessoa tivesse aplicado os R$ 100 mil na poupança no dia 1º de julho de 1994 e resgatasse o valor 30 anos depois, ela teria acumulado mais de R$ 1,8 milhão. Ou, mais precisamente R$ 1.810.619,62, segundo cálculos feitos pela Calculadora do Cidadão, do Banco Central.

Quanto valem as notas e moedas 30 anos depois do Plano Real?

Veja, a seguir, o valor de compra das notas e moedas em circulação no país, de acordo com os cálculos feitos pelo matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho já descontada a inflação do período. A primeira série de notas e moedas, chamada primeira família do real, foi lançada em 1994, sendo substituída pela segunda família do real, a partir de 2010. As notas e moedas a seguir são desta segunda família. As imagens são do Banco Central.

Plano Real: nota de R$ 100 vale muito menos

R$ 100 = 12,33

R$ 200 = R$ 24,66

Essa nota não existia há 30 anos. Ela entrou em circulação apenas a partir do dia 2 de setembro de 2020.

R$ 50 = R$ 6,17

A nota de R$ 50 traz, em seu reverso, a efígie de uma onça-pintada. Veja o que você podia comprar com R$ 50 há 30 anos

R$ 20 = R$ 2,47

A nota de R$ 20 só começou a circular a partir de 27 de junho de 2002.

R$ 10 = R$ 1,23

A nota de R$ 10 já teve três versões, inclusive uma em que homenageava os 500 anos do descobrimento do Brasil.

R$ 5 = R$ 0,62

As notas de real têm tamanhos diferentes para ajudar os deficientes visuais. A segunda menor nota é a de R$ 5, que têm em seu reverso, a efígie de uma garça.

R$ 2 = R$ 0,25

A nota de R$ 2 entrou em circulação no fim de 2001, mais precisamente a partir de 13 de dezembro de 2001 e tem, atualmente, o menor tamanho entre todas as notas.

R$ 1 = R$ 0,12

No início do Plano Real, haviam cédulas e moedas com valor de R$ 1. Hoje em dia, apenas restaram as moedas.

R$ 0,50 = R$ 0,06

A moeda de R$ 0,50 vale pouco mais que uma de R$ 0,05.

R$ 0,25 = R$ 0,03

Já a vistosa moeda de R$ 0,25 tem poder de compra de apenas R$ 0,03.

R$ 0,10 = R$ 0,01

A moeda de R$ 10 tem agora um décimo de seu valor inicial.

R$ 0,05 = R$ 0,006

Essa moeda, apesar de ter um valor quase insignificante, ainda é aceita no mercado, explica o professor Dutra. “Ela não compra nem uma bala, mas ela ajuda a compor o pagamento em algumas ocasiões. Outro dia, viajando pela cidade de Itirapina, interior de São Paulo, fizeram questão de me dar, de troco, moedas de R$ 0,05.”

R$ 0,01 = zero

Apesar de ainda existir fisicamente, essa moeda não tem mais nenhum poder de compra, explica o professor.

FONTE INTELIGÊNCIA FINANCEIRA

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