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A Terra tem seis continentes, e não sete como aprendemos, diz estudo

Será que vamos ter que reescrever os livros escolares? Segundo uma equipe de cientistas liderada pelo Dr. Jordan Phethean, da Universidade de Derby, no Reino Unido, África, Antártida, Ásia, Austrália, Europa, América do Norte e América do Sul não são mais os continentes da Terra, pois pelo menos dois deles não se separaram tectonicamente.

Logicamente, a divisão dos continentes da Terra é feita por meio de critérios geográficos e culturais e não apenas com base nas placas tectônicas. Mas com certeza esses blocos massivos da litosfera terrestre, que se movem sobre o manto, têm influenciado a posição e a movimentação dos continentes ao longo de milhões de anos.

A nova descoberta, que faz parte de uma pesquisa ainda em fase conceitual, “indica que as placas tectônicas da América do Norte e da Eurásia ainda não se separaram de fato, como tradicionalmente se acredita ter acontecido há 52 milhões de anos”, explica Phethean ao Earth.com.

Como a Islândia altera a definição dos continentes da Terra?

A atividade vulcânica é uma das características marcantes da Islândia.Fonte:  Getty Images 

A pesquisa em andamento está se concentrando na Islândia, uma ilha vulcânica formada pela atividade tectônica há milhões de anos. Localizada na Dorsal Mesoatlântica, uma cordilheira submarina que marca a divisão (ou não) das placas tectônicas da América do Norte e da Eurásia, ela se aninha entre o Mar da Groenlândia e o Oceano Atlântico Norte.

O conhecimento geológico atual afirma que essa fronteira tectônica, surgida há cerca de 60 milhões de anos, tenha facilitado a elevação de uma coluna de magma quente que acabou dando origem à ilha. Porém, uma pesquisa recente, realizado por meio de uma análise dos movimentos tectônicos na África, está questionando essa teoria e propondo uma nova.

Nela, os autores afirmam que a Islândia, com a Cordilheira Groenlândia-Islândia-Faroes ( GIFR), possuem fragmentos geológicos de placas tectônicas europeias e norte-americanas. Com base nesse estudo, a equipe de Phethean batizou prontamente a região de ROMP, iniciais em inglês para Platô Oceânico Magmático Rifteado. O nome unifica a geologia da região do Atlântico Norte, com reflexos importantes na definição da tectônica das placas.

O ROMP e a redefinição dos continentes da Terra

Representação dos antigos continentes de Pannotia, Gondwana e Pangea.Fonte:  Fama Clamosa/Wikipédia 

Para o Dr. Phethean, que divulgou recentemente a descoberta de um novo “protomicrocontinente” na fronteira do Canadá e a Groenlândia, o ROMP seria uma espécie de versão moderna da descoberta da Cidade Perdida de Atlântida, compara ele na entrevista ao Earth.com. E justifica: são ‘fragmentos de continente perdido submersos sob o mar e quilômetros de fluxos de lava finos’.

Se a hipótese da nova pesquisa estiver certa, os continentes europeu e norte-americano continuam, na verdade, em processo de separação. Ou seja, por mais absurdo que possa parecer, não existem América do Norte e Europa separados, mas um continente único, pelo menos cientificamente. E com direito a provas reais e detalhadas.

O próprio Phethean reconhece que “é controverso sugerir que ao GIFR contém uma alta quantidade de crosta continental dentro dela, e que as placas tectônicas europeia e norte-americana talvez ainda não tenham se quebrado oficialmente”. Mas foi o que sua equipe descobriu.

Novo estudo também questiona a teoria da formação dos continentes

A teoria de derretimento parcial de fundo da crosta altera as datações dos zircões.Fonte:  Getty Images 

Se a nova pesquisa de Phethean contesta a configuração continental terrestre por meio das placas tectônicas, um estudo recente, publicado na Nature Geoscience, questiona a própria forma pela qual entendemos que os continentes se formaram. Liderada pelo Dr. Hernández Uribe, da Universidade de Illinois Chicago, a equipe usou modelos de computador para estudar a formação de magmas ligados à origem dos continentes.

Para isso, a equipe buscou os chamados zircões arqueanos, depósitos minerais raros datados do éon arqueano (2,5 bilhões a 4 bilhões de anos atrás), data da suposta formação original de continentes. O conhecimento atual diz que os tais zircões só poderiam ter sido formados por subducção (interação de placas tectônicas), fato agora negado por Hernández Uribe.

Em um release, ele afirma: “Usando meus cálculos e modelos, você pode obter as mesmas assinaturas para zircões e até mesmo fornecer uma correspondência melhor por meio do derretimento parcial do fundo da crosta”. Com isso, não há como provar qual processo formou os continentes e nem mesmo quando as placas tectônicas surgiram na Terra.

FONTE TECMUNDO

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