Minas Gerais é o maior produtor de energia solar em geração centralizada

Uberlândia está entre as 10 cidades que mais geram energia solar no Brasil

Os últimos números divulgados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) colocam mais uma vez Minas Gerais em um lugar de destaque na geração de energia solar no País. O Estado ocupa o primeiro lugar em potência instalada para geração centralizada e o segundo maior em geração distribuída, que são aquelas em operação nas residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos.

Na prática, a geração centralizada são as usinas capazes de gerar acima de 5 megawatts (MW) e as distribuídas, até este valor. 

Conforme os dados da Absolar, no ranking estadual, Minas Gerais possui 41.193 MW de potência instalada em geração centralizada e responde por 4.163 MW na geração distribuída, ocupando o segundo lugar e sendo responsável por 12,8% da potência instalada no País. A capacidade perde apenas para São Paulo, que responde por 14,2% da capacidade.

No ranking municipal, a cidade de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, aparece na nona posição sendo responsável por 171 MW de potência instalada. Para o diretor de relações institucionais da Corsolar e coordenador estadual da Absolar, Bruno Catta Preta,  Minas Gerais sempre ocupou o lugar de protagonismo quando o assunto é energia solar. “Costumo dizer que somos a locomotiva de energia solar do Brasil”, afirmou.

Na visão dele, três fatores contribuem para os resultados positivos. O primeiro é a grande disponibilidade de terras no Estado. “Principalmente no Norte de Minas, eram terras improdutivas que não poderiam ser usadas para agricultura e pecuária. O sol que castigava, começou a trazer benefícios com a energia solar”, observou.

 A improdutividade das terras acabou barateando o valor e trazendo muitos investidores para o Estado. A segunda questão que ele levanta é o índice solarimétrico, que é o quanto de irradiação que bate em cada região do País. “No Norte de Minas são os melhores do Brasil. Aquela região de Montes Claros, Manga e Pirapora”, disse.

O Estado ocupa o segundo lugar, sendo responsável por 12,8% da potência instalada no País. A capacidade perde apenas para São Paulo, com 14,2% | Crédito: Divulgação BDMG

Por último, ele cita o incentivo fiscal que se deu pela lei estadual que isenta o pagamento de imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e serviços (ICMS) para as usinas de até 5 MW na geração distribuída. “Nos outros estados, a isenção é para usinas de até 1 MW. Então, estimulou muito os investidores virem para cá”, explicou.

Com relação a Uberlândia, ele conta que ela foi por muito tempo a cidade número um em usinas e geração de energia. “Pelo pioneirismo e pelos grandes investimentos. Hoje, ainda configura como o único município mineiro entre os 10 mais geradores do País”, ressaltou.

Quando analisados o ranking municipal do Estado, após Uberlândia, vem a capital Belo Horizonte, responsável por 114,2 MW e Montes Claros, gerando 93,2 MW.  (Veja gráfico)

O consultor de energia Rafael Herzberg acredita que um dos motivos para o bom desempenho da energia solar no Estado é o alto valor da tarifa da energia convencional. Além disso, ele credita o sucesso ao potencial empreendedor dos investidores mineiros. “Vocês aí em Minas possuem um conjunto muito interessante de empreendedores, que tomaram a iniciativa para si e fizeram acontecer”, disse.

Um pioneirismo que chamou atenção, na opinião, do engenheiro e ex-diretor da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobras), Aloísio Vasconcelos. “O setor financeiro passou a enxergar a energia solar como um investimento lucrativo e rentável. Então, tem gente apenas investindo e fomentando a energia aqui”, observou.

Avanço da tecnologia e redução de custo final são desafios

Apesar de otimista com o setor, Vasconcelos acredita que o segmento só dará um grande salto de utilização quando reduzir o preço final da energia entregue para o consumidor. Outro ponto levantado é a evolução da tecnologia. “É preciso melhorá-la”. afirmou.

Já o consultor Herzberg ressalta um desafio pouco debatido na opinião dele. Ele explica que, em outros países que adotaram a energia solar como opção de geração, tiveram que reestruturar a rede pública para assumir o gargalo que a energia solar ainda não consegue atender.

“Está tudo ótimo e temos muito sol para produzir durante o dia, mas quando chega no final da tarde que o sol vai diminuindo, o sistema de geração tradicional precisa assumir a produção e ele não está preparado para essas intensas variações de cargas”, observou. 

Ele espera que o pioneirismo de Minas seja capaz de avançar nessa questão e tome a iniciativa de olhar o sistema como um todo para protegê-lo. Do contrário, ele acredita que os custos irão para o consumidor. “É como os gatos da fiação elétrica. Não há programas efetivos para reduzí-los. O que acontece é que o custo gerado por eles acaba sendo distribuído para o consumidor final, encarecendo a energia”, disse Herzberg.

Para o coordenador estadual da Absolar, Bruno Catta Preta, o setor vive um “mar de possibilidades”. “Somos responsáveis por 20% da geração elétrica produzida no País. Há países que a energia solar já responde por 40% do consumo. Então, temos muito o que crescer. Mas, temos as questões políticas e regulatórias. Falta incentivos para a energia solar. Só em 2023, a gente teve uma lei que regulamentasse o setor. Então, é tudo muito novo no Brasil, muito inseguro e isso afugenta investidores estrangeiros”, destacou.

FONTE DIÁRIO DO COMÉRCIO

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