Uma tremenda troca de farpas e atritos verbais entre os vereadores marcaram a discussão de um requerimento, do Vereador Igor Souza (PL), em que solicitou cópia dos processos iniciados na atual gestão e na anterior, sobre valores de locação de imóveis, e sacudiram a Câmara de Congonhas (MG) na manhã desta terça-feira (18), na sessão matinal. Igor, nas redes sociais, insinuou que a prefeitura pretende gastar R$ 40 mil em um suposto contrato de aluguel de um galpão no centro de Congonhas.
A discussão inflamou os ânimos. O Vereador Lucas Bob (PSB), ex-secretário de desenvolvimento econômico, disse que não nada acertado sobre o referido imóvel e o valor será definido por uma comissão. Averaldo Pica Pau de Simônia Magalhães, ambos do PL, exaltaram na discussão com o colega Igor Souza.
Novo HBJ
Durante mais de duas horas, o Secretário Municipal de Saúde, Gilmar Seabra, foi questionado pelos vereadores, expôs seu plano de trabalho e ações desenvolvidas. Gil Seabra informou que a prefeitura e a secretaria já movimentam para a construção do novo hospital, o “novo Hospital Bom Jesus (HBJ)” e a escolha de uma área já foi iniciada na atual administração. “O projeto está na cabeça do prefeito e é um sonho”, disse Seabra, citando que o novo equipamento seria nos moldes da Parceria Público Privada (PPP) e ele tem uma visita agenda em Belo Horizonte para conhecer uma experiência de sucesso no setor.

Situação precária
O representante do Hospital Bom Jesus, Antônio Carlos Araújo, relatou a estrutura d Hospital Bom Jesus está comprometida e com problemas estruturais como mofo, infiltrações e fungos no bloco cirúrgico, citando que que também que o CTI precisa de intervenções. HBJ tem 538 funcionários e sua estrutura física é antiga e sem condições de ampliação. “Após as obras de estruturação do bloco e do CTI vamos garantir o alvará da ANVISA. Mas estamos dentro do prazo”, destacou.
Falta de leitos e déficit mensal de mais de R$ 603mil
Segundo o Antônio Carlos Araújo, o HBJ trabalha com um déficit mensal de mais de R$ 603 mil. 90% dos recursos de manutenção vêm da prefeitura. Ele disse que está em curso um plano emergencial para envio a prefeitura para liberação de recursos para cobrir o passivo deficitário. Gilmar Seabra informou que a prefeitura está desapropriando uma clínica para a qual será transferida a sede administrativa ampliando espaço para atendimento no HBJ. “Infelizmente por falta de espaços, os pacientes são atendidos no corredor. Vamos mudar esta realidade”, citou o Secretário de Saúde.
O principal gargalo do HBJ é falta de leitos. A unidade de saúde com 87 e seriam necessários para atender a micro regional, que inclui Entre Rios de Minas, São Brás do Suaçuí, Desterro de Entre Rios, Jeceaba e Mariana, ao menos 350.

A equiparação do valor do vale alimentação dos funcionários do HBJ com os servidores públicos no valor de R$1.200,00 foi questionado pelo Vereador Igor Souza. O prazo não foi confirmado mas deve ocorrer nos próximos meses, inclusive a confecção de uniforme aos mais de 530 colaboradores.
Eduardo Matosinhos (PMN) citou que a Prefeitura investiu em 2024 cerca de R$20 milhões na compra de serviços. “Não podemos perder tempo, porque 4 anos passam rápido e problema vai se agravando. Ainda bem que temos condições de manter o hospital graças as cifras bilionárias que arrecadamos. Mas minério é uma safra só. Inclusive estamos recebendo pacientes de Lafaiete e Belo Vale”, assinalou.
Situação herdada
Ao ser questionado sobre a situação herdada na saúde, Gilmar Seabra foi categórico. “Não foi nada confortável Temos apenas uma ambulância em funcionamento. Estamos recorrendo aos setores para nos auxiliar. Já estamos resolvendo esta situação já que o prestador de serviços está como os pagamentos em atraso, oriundos da gestão anterior”, criticou. Ele também discorreu sobre a falta de medicamentos no setor de odontologia. Mas o que mais espantou o novo secretário foi a judicialização da saúde onde o município responde a centenas de ações. “Grande parte do nosso tempo é para responder a essas ações”, reverberou.
Em meio as diversas cobranças, Seabra resumiu em que em menos de 70 dias são insuficientes para resolver os desafios e gargalos da saúde. Ele citou, por exemplo, que falta de prestação de contas entre 2023 e 2024 com Instituição de Cooperação Intermunicipal do Médio Paraopeba (ICISMEP) dificulta a contratação de dezenas de serviços especializados.
Fim da intervenção
O Presidente da Câmara, o Vereador Averaldo, também tocou na urgência do início do projeto de um novo hospital. Para ele, o que a prefeitura investe no Bom Jesus não era para o paciente de Congonhas ficar esperando vagas no SUS Fácil. “O que o Município gasta é um absurdo e ainda o congonhense ser transferido para o hospital de Entre Rios ou ficar implorando vaga em CTI. Está na hora de uma parceria público privada para construção de novo hospital”, citou. Ele também tocou no tema da intervenção que já dura mais de uma década. “Ela veio para resolver a situação do atendimento e de forma temporária, mas perdura até hoje. Há que se repensar neste assunto. Como uma cidade tão rica entrega tão pouco para os seus cidadãos? A manutenção do Bom Jesus é muita cara para o congonhense e não é bem atendido”, questionou.
Já ao final, Gilmar Seabra adiantou que a prefeitura já está estudando a implantação da telemedicina nas unidades de saúde para desafogar a UPA e o HBJ.