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Bamba, Kichute, Montreal, Rainha: que fim levou as marcas de tênis que ‘bombaram’ no Brasil nos anos 80

Nostalgia dos tênis brasileiros clássicos se reinventa com um novo olhar sobre os ícones da Alpargatas, unindo o passado e as novas tendências da moda com um toque de autenticidade e história.

Muito antes das grifes internacionais dominarem o mercado nacional, marcas como Kichute, Bamba, Montreal e Rainha marcaram os passos de uma geração nos anos 1980.

Esses calçados, produzidos por empresas brasileiras, conquistaram os pés e os corações de jovens em um período em que cores vibrantes, ousadia e autenticidade eram símbolos de status e identidade.

Com o avanço de grandes marcas estrangeiras a partir da década de 1990, muitas dessas fabricantes nacionais perderam espaço.

No entanto, um movimento nostálgico crescente nos últimos anos reacendeu o interesse por esses modelos clássicos, e algumas marcas até ensaiaram um retorno ao mercado. Entenda abaixo o que aconteceu com cada uma dessas marcas icônicas.

Kichute: símbolo das peladas no campinho

O Kichute se tornou um verdadeiro ícone entre os meninos brasileiros das décadas de 1970 e 1980, especialmente os apaixonados por futebol.

Fabricado pela Alpargatas, o modelo foi lançado em 1970, na esteira do tricampeonato mundial conquistado pela seleção brasileira.

Com sola de borracha e cadarço que subia até o tornozelo, o Kichute era ideal para brincar nos campos de terra batida.

No auge, o modelo chegou a vender mais de 9 milhões de pares por ano, tornando-se um dos calçados mais lucrativos da Alpargatas.

Porém, a partir dos anos 1990, a chegada massiva de tênis importados e a mudança nos hábitos dos consumidores decretaram sua decadência.

Em 2022, o Grupo Alexandria anunciou o retorno da marca com foco no digital, sem pontos físicos de venda. O projeto prometia relançar os calçados em 2023, mas, até maio de 2025, os modelos prometidos ainda não chegaram ao mercado, gerando frustração entre os nostálgicos.

Conga: o calçado básico que virou tendência

Lançada em 1959, também pela Alpargatas, a Conga foi um sucesso imediato nos anos 1960 e se consolidou como febre entre os jovens nos anos 1970 e 1980.

De design simples e versátil, tornou-se presença constante em escolas e ruas brasileiras.

Era comum ver crianças e adolescentes usando o modelo em atividades esportivas e no dia a dia.

No início dos anos 1990, a marca foi descontinuada, afetada pela forte concorrência internacional.

Hoje, a Conga não existe mais como marca, mas seu estilo clássico ainda sobrevive através de empresas como Arezzo, Anacapri e Mr. Cat, que apostam em releituras modernas do modelo.

Bamba: o primo brasileiro do All Star

Outro grande sucesso da Alpargatas foi o Bamba, lançado pouco depois da Conga.

Inspirado no clássico All Star, o Bamba apresentava uma proposta semelhante, com lona colorida e solado de borracha, sendo acessível e estiloso.

Nos anos 1980, o tênis virou sinônimo de juventude urbana.

No entanto, assim como o Conga, o Bamba foi retirado do mercado no início da década de 1990, prejudicado pelo aumento da produção nacional de marcas estrangeiras, que passaram a ter preços mais competitivos.

O modelo ressurgiu nos anos 2000, embalado pela onda retrô, com versões repaginadas e novas cores.

Em 2022, a mesma empresa que ensaiou o retorno do Kichute também prometeu relançar o Bamba, mas, assim como o projeto do Kichute, os novos produtos não foram disponibilizados até o momento.

Rainha: do luxo ao esporte

Fundada em 1934 pela Saad & Cia, a Rainha passou a usar a tecnologia de autoclave — um processo avançado para a época — na fabricação de seus calçados.

No entanto, o salto da marca para o estrelato ocorreu em 1978, após sua aquisição pela Alpargatas, que reposicionou a Rainha como uma marca esportiva de grande alcance.

Durante os anos 1980, a marca se destacou ao patrocinar a equipe da Pirelli, tornando-se símbolo do vôlei brasileiro.

A Rainha foi pioneira em unir esportes e marketing de forma estratégica no Brasil, o que ajudou a fortalecer seu nome entre os consumidores.

Em 2015, a marca foi adquirida pela BR Sports, controlada pelo Grupo Sforza, do empresário Carlos Wizard Martins — também responsável pela Topper.

Hoje, a Rainha mantém operações com e-commerce e lojas físicas em estados como São Paulo e Minas Gerais, com produtos voltados tanto ao público nostálgico quanto aos novos consumidores que buscam modelos acessíveis.

Montreal: o queridinho do Domingo no Parque

A Montreal ganhou destaque não tanto pelo design ou inovação, mas por sua presença marcante na televisão.

Nos anos 1980, o tênis se tornou famoso graças à participação em quadros do programa “Domingo no Parque”, apresentado por Silvio Santos. Crianças participavam de brincadeiras onde podiam trocar prêmios por um par do tão desejado “Tênis Montreal”.

Embora não tenha sido fabricada pela Alpargatas, a marca conseguiu se destacar e consolidar seu nome no imaginário popular.

Com o passar dos anos, a empresa foi vendida e passou a operar em Nova Serrana (MG), um polo importante da indústria calçadista no Brasil.

Contudo, desde 2015, não há atualizações relevantes sobre a marca em suas redes sociais, e o site oficial foi retirado do ar.

A ausência digital reforça a ideia de que a Montreal não conseguiu acompanhar a modernização e digitalização do setor.

A onda retrô que reacende a memória afetiva

O retorno dessas marcas, mesmo que tímido ou simbólico, não é por acaso.

Nos últimos anos, o mercado de moda tem investido fortemente na nostalgia, trazendo de volta produtos que remetem às décadas de 1980 e 1990.

Essa estratégia tem como público-alvo tanto os consumidores que viveram aquela época quanto os mais jovens, que enxergam nesses itens um estilo autêntico e “vintage”.

Modelos clássicos de Kichute, Bamba e Conga, por exemplo, são frequentemente vistos em brechós, grupos de colecionadores ou em versões customizadas por designers independentes.

Ao mesmo tempo, a presença dessas marcas em conversas digitais, como fóruns e redes sociais, indica um interesse renovado por produtos com história e identidade nacional.

No cenário atual, marcado por uma busca por autenticidade, o resgate desses tênis vai além da estética: é um retorno simbólico a tempos mais simples, ao futebol na rua, à escola com uniforme, ao estilo sem filtros das gerações passadas.

E você, se pudesse reviver os anos 1980 com um desses tênis nos pés, escolheria qual modelo para sair por aí com estilo retrô?

FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS

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