Empresa diz que lavra na Serra do Esmeril terá modelo inovador e que junto com pilha de estéril vai permitir manter produção atual.
Diretores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e convidados defenderam nesta terça-feira (24/6/25) projetos desejados pela CSN Mineração em Congonhas (Região Central), relacionados à Mina Casa de Pedra, a mais antiga em operação no Brasil. Eles participaram de audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Em outra audiência sobre o assunto no mês passado, desta vez na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, moradores e ambientalistas manifestaram receio quanto aos impactos ambientais da expansão do empreendimento.
Contudo, nesta terça (24), a diretora de Sustentabilidade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho da CSN, Helena Brennand Guerra, afirmou que os dois projetos em questão – Lavra do Esmeril e Pilha do Batateiro 4 – não implicariam expansão, e sim manutenção da atual produção da mina.
Segundo ela, os dois projetos envolvem uma área de propriedade da companhia desde 1940 e já impactada, não demandando áreas de terceiros; e sem eles, a produção atual de minério pode cair já a partir do ano que vem.
Helena Brennand Guerra explicou que o minério existente na cava da Casa de Pedra está cada vez mais escasso, sendo necessário iniciar a frente da Lavra do Esmeril para manter a produção, hoje de 22 milhões de toneladas/ano da mina.
Sobre a pilha do Batateiro, esclareceu se tratar do empilhamento de material estéril, aquele que não será beneficado por não ter interesse econômico, e que entraria numa quarta fase, também numa mesma área.
Empresa destaca modelo inovador e garante água
Sobre o receio de ambientalistas e moradores, já que a Serra do Esmeril, entre Congonhas e Belo Vale, abrigaria elementos naturais e culturais importantes, a diretora da CSN argumentou que o projeto para a exploração da cava do Esmeril é inovador, trazendo um modelo de lavra em tiras.
Conforme explicou, nesse modelo se lavra um pedaço/tira a cada momento, de forma que a área minerada seja simultaneamente reconformada e revegetada à medida que a exploração avança.
A diretora da CSN ainda disse que as comunidades próximas não precisariam se preocupar com impactos no abastecimento de água, porque a lavra pretendida será feita na encosta de Esmeril. “Dessa forma, não haverá rebaixamento do lençol freático e impacto na água, porque as nascentes serão preservadas. O consumo humano é prioridade”, garantiu em resposta à manifestação do prefeito de Belo Vale, José Lapa dos Santos.
O prefeito chamou atenção para a existência de comunidades tradicionais na região, inclusive quilombolas, que temem prejuízos da atividade sobre nascentes que formam o Córrego do Xavier, indispensável para o abastecimento das comunidades.
“É muito importante minerar, precisamos da atividade para o nosso desenvolvimento, mas também precisamos estar sempre atentos à questão ambiental, principalmente no mundo de hoje”, frisou ele.
Controle de poeira

Em sua apresentação, Helena Brennand Guerra disse que no decorrer do licenciamento da cava e da pilha apresentadas na audiência já são desenvolvidas ações de mitigação de impactos possíveis para a população, como ruídos, tráfego e poeira.
Conforme antecipou, os dois projetos não deverão impactar a população com barulhos, porque a comunidade mais próxima estaria a mais de dois quilômetros do empreendimento.
A ocorrência de poeira seria o ponto mais sensível, mas segundo a diretora haverá ações intensificadas de controle e prevenção, por meio de recursos como sensores, painéis, mapas de calor e uso de drones, além de cortinas verdes, com plantio de milhares de mudas.
Atividade tem apoio
Otto Levy Reis, diretor de Investimentos da CSN, ainda destacou que somente em Congonhas a companhia responde por 10 mil empregos diretos, tendo retornado ao Estado nos últimos quatro anos quase R$ 7 bilhões entre impostos e contribuições como a Cefem – Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais.
Pedro Oliveira de Sena Batista, da superintendência de Política Minerária, Energética e Logística da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), registrou que a mineração para Minas é de utilidade pública e indutora do desenvolvimento. Segundo ele, o Governo de Minas atua na perspectiva de uma mineração feita em bases sustentáveis.
Miller Gazolla Corrêa de Sá, analista de Promoção de Investimentos do InvestMinas, o Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais, também exaltou a importância da atividade, destacando que Minas tem depósitos de minério para descarbonização, sendo o primeiro Estado a assinar o Acordo de Paris nessa direção.
Fernando de Oliveira Paula, presidente da ONG Zeladoria do Planeta e conselheiro no Copam, o Conselho Estadual de Política Ambiental, também abordou a importância da mineração. ” Aspectos ambientais são avaliados e acompanhados, e a pilha de estéreis não deve ser o fim, quando esse material puder ser aproveitado no futuro”, registrou.
O deputado Gil Pereira (PSD), presidente da comissão e autor do requerimento da audiência, avaliou positivamente a reunião sobre as atividades expostas pela companhia.
“Trata-se de um investimento grande, mas as pessoas ficam preocupadas com a instalação de pilhas de rejeitos e trouxemos a empresa para fazer suas considerações. Não queremos acidentes, mas o País precisa da mineração e da transição energética”, apoiou o deputado, avaliando que dúvidas foram tiradas.
O deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) apoiou a importância econômica da mineração defendendo que as mineradoras precisam sempre “mostrar o que será feito com o entulho” da atividade.
FONTE: ASSEMBLÉIA LEGISALATIVA DE MINAS GERAIS