CONGONHAS (MG) – O avanço do plano de duplicação da BR-040, no trecho entre o km 602 e o bairro Jardim Profeta, trouxe consigo um clima de medo, insegurança e revolta entre moradores de diversas comunidades da cidade. O que era para ser uma obra de infraestrutura celebrada, agora gera tensão social e denúncias de falta de transparência.
Moradores de bairros como Pires relatam que representantes de uma empresa contratada pela concessionária EPR Via Mineira já iniciaram visitas às casas, apresentando documentos para assinatura relacionados à desapropriação de áreas, sem diálogo prévio com a população. “Estão tentando nos tirar sem nem explicar por quê?”. O desabafo contundente veio da presidente da Associação de Moradores do Pires, Isaura Lourdes, durante sessão da Câmara nesta segunda-feira (24). Visivelmente emocionada, ela denunciou a maneira como o processo está sendo conduzido: “Os moradores estão apreensivos. O medo é geral de perder suas casas. Ninguém explica nada, só aparecem com papéis. Estamos revoltados, desprotegidos, e queremos uma audiência pública urgente com a EPR”, afirmou.

Ainda em discurso, carregado de emoção, Isaura denunciou que o Pires está cercado por todos os lados e exige lisura no plano de desocupação. Ela relatou que, além da duplicação da rodovia, a comunidade enfrenta ameaças constantes da mineração e de projetos ferroviários:
“Nossos problemas são crônicos. Estamos espremidos. Agora a MRS disse que vai duplicar a linha férrea. Outro dia me deparei com uma empresa contratada pela Gerdau fazendo sondagens de um novo trevo. A nova cava atrás do Pires vai ampliar a mineração e agora a EPR vai duplicar a BR-040. Estamos desassistidos, desamparados. Nossa comunidade está à mercê, e queremos uma audiência pública com a EPR para discutir o plano de desocupação”, desabafou.
Câmara promete audiência, mas responsabilidade é da União
O presidente da Câmara, vereador Averaldo Pica Pau (PL), reconheceu os impactos das obras e admitiu que várias comunidades podem ser atingidas como Vila Condé, Joaquim Murinho, Jardim Profeta e Vila Marques. No entanto, declarou que a responsabilidade é da União, já que a BR-040 é uma rodovia federal concedida: “Vamos marcar uma audiência pública, sim, para buscar esclarecimentos. Mas é importante saber que a competência principal é da União”, disse o parlamentar.
População quer respostas
Enquanto o plano de desocupação avança nos bastidores, a população cobra transparência, respeito e segurança jurídica. Muitos temem perder suas moradias sem indenizações justas ou alternativas de reassentamento.
A duplicação da BR-040, prometida há décadas e iniciada agora por Congonhas, pode se tornar mais um capítulo de injustiça social caso não seja conduzida com diálogo, escuta ativa e responsabilidade.
Nossa reportagem aguarda posicionamento da EPR.