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Contradição. “Ao invés de boas vindas, o visitante é recebido com placas de rota de fuga”, observou secretária de turismo de Congonhas

A chamada Capital Mineira Fé, patrimônio imaterial, reconhecida internacionalmente pelo Santuário do Bom Jesus de Matosinhos e pelas obras de Aleijadinho, enfrenta uma realidade preocupante para alavancar a sua economia criativa e desenvolver uma nova matriz : em vez de orientação para turistas, o que mais se vê espalhado pelas ruas de Congonhas são placas de trânsito e de fugas.

A situação compromete diretamente a experiência turística, afasta visitantes e enfraquece a economia local. Não é à toa que Congonhas está fora do Mapa do Turismo de Minas e do Brasil, e consequentemente deixou de receber ICMS Turístico, recurso essencial para investimentos no setor por negligência da gestão anterior. A situação nefasta foi abordada por Ana Alcântara, Secretária Municipal de Turismo, nesta manhã (26), na Câmara Municipal de Congonhas, onde foi sabatinada em torno de ações implementadas, planos e projetos para o setor.

Ela citou que Congonhas já é conhecida também uma outra realidade que ofusca e inibe o turismo na cidade. A realidade do município vai além da devoção e da arte barroca: aqui também se fala das barragens de rejeitos que cercam a cidade e geram medo, insegurança e desconfiança. “Vivemos uma contradição que salta aos olhos de quem chega a Congonhas: antes de receber as boas-vindas, o visitante se depara com placas de rotas de fuga”, exortou, citando que a cidade hoje muitas das vezes é mais falada pelas barragens do que pelo seu patrimônio cultural. “Há um grande esforço para mudar esta realidade”, disse.

Enquanto isso, o turismo segue com uma estrutura aquém do seu potencial, orçamento exíguo, Ana luta para transformar esta realidade.  “O visitante que chega encontra mais placas de trânsito e de rotas de fuga do que indicações turísticas”, reforçou. “É hora de encarar os desafios de frente: trabalhar em rede, integrar poder público, iniciativa privada e sociedade civil e transformar Congonhas em referência não apenas na fé, mas também em segurança, acolhimento e desenvolvimento sustentável”, comentou em meios aos questionamentos dos vereadores.

Com números levantados, Ana citou o aumento do fluxo de turistas na cidade em especial no Museu de Congonhas neste ano. Ela também comentou sobre a descentralização do turismo saindo do eixo central para diversas comunidades. “O turismo em Congonhas continua concentrado apenas no centro e na devoção ao Bom Jesus, sem expandir para outras localidades que poderiam enriquecer a experiência dos visitantes. Distritos, comunidades rurais, festas populares, tradições e belezas naturais permanecem invisíveis em uma cidade que tem muito mais a mostrar”, citou.

Deputada

“Como um turista se sente atraído a visitar a cidade se o ar está poluído”?, questionou a Deputada Estadual, Beatriz Cerqueira, na noite desta segunda-feira (25) durante audiência pública para discutir a expansão minerária da CSN e o crescimento da poluição que afeta os moradores.

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