O Brasil não tem a maior carga tributária do mundo, segundo o Banco Mundial. Veja quais países lideram o ranking de impostos e onde o Brasil se posiciona.
Quando o assunto é imposto, é comum ouvir que o Brasil está entre os países com a maior carga tributária do planeta. No entanto, os dados oficiais do Banco Mundial e da UNU-Wider mostram que a realidade é bem diferente: o Brasil está em posição intermediária, distante tanto dos países com baixa arrecadação quanto dos campeões em tributação.
Em 2022, a carga tributária federal brasileira foi de 14,7% do PIB, o que colocou o país apenas na 92ª posição no ranking mundial, atrás de vizinhos latino-americanos como Chile (21%), Nicarágua (19%) e Uruguai (18%).
Quem lidera o ranking mundial
De acordo com o Banco Mundial, a liderança é ocupada por países de perfil bem distinto: Na Europa, os países nórdicos se destacam como alguns dos que mais arrecadam proporcionalmente à sua economia. Em muitos casos, isso está relacionado à oferta de serviços públicos universais, como saúde gratuita, educação de excelência e previdência robusta.
A Dinamarca, por exemplo, chega a 47% do PIB em carga tributária quando considerados todos os níveis de governo. Suécia (33%), França (30%), Itália (29%) e Canadá (28%) também aparecem entre os líderes mundiais.
Brasil no contexto global
Quando se considera não apenas a arrecadação federal, mas também os impostos estaduais e municipais, os números mudam. A base de dados da UNU-Wider calcula que a carga tributária total brasileira alcança 24% do PIB.
Com esse índice, o Brasil sobe no ranking, mas ainda fica fora do top 30, ocupando a 32ª posição global. É um patamar semelhante ao de Portugal e Espanha, e acima de países latino-americanos como Argentina (23%), Uruguai (20%), Venezuela (20%) e Guiana (21%).
Ou seja: o Brasil não está entre os países que menos cobram impostos, mas também está distante dos campeões mundiais de tributação.
Por que o brasileiro sente tanto peso no bolso?
O que explica a sensação de sufoco é a estrutura do sistema tributário nacional. Diferente de países desenvolvidos, onde a maior parte da arrecadação vem de impostos federais progressivos sobre renda e patrimônio, no Brasil o peso está concentrado em tributos indiretos sobre o consumo, como o ICMS. Isso significa que tanto ricos quanto pobres pagam a mesma alíquota sobre produtos básicos, como alimentos e combustíveis, o que torna o sistema regressivo: proporcionalmente, quem tem menor renda acaba pagando mais.
Além disso, o sistema brasileiro é considerado um dos mais complexos do mundo, com dezenas de impostos, contribuições e taxas diferentes, cada um com regras próprias.
A reforma como caminho
A discussão sobre a Reforma Tributária busca corrigir parte dessas distorções. Um dos pontos em debate é a reformulação do Imposto de Renda, para aumentar a taxação sobre os mais ricos e aliviar a carga sobre trabalhadores e classes médias.
Outro ponto central é a criação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que deve unificar vários tributos sobre consumo e simplificar a cobrança. Especialistas avaliam que, além de tornar o sistema mais justo, a medida pode reduzir custos para empresas e melhorar o ambiente de negócios no país.
Brasil não tem “a maior carga tributária do mundo”
Portanto, ao contrário do senso comum, o Brasil não tem “a maior carga tributária do mundo”. O país está em um patamar intermediário: 32º no ranking global quando considerados todos os impostos.Play Video
O problema não é apenas quanto se arrecada, mas como se arrecada. Enquanto países europeus de alta tributação oferecem serviços públicos robustos em troca de impostos elevados, no Brasil a arrecadação recai de forma desigual sobre a população, o que gera a sensação de sufoco e injustiça.