O mandado de prisão contra o tenente da Polícia Militar Ícaro José de Souza foi expedido nesta quarta-feira (17), após sua condenação pelo Tribunal do Júri pela morte de Igor Arcanjo Mendes. A decisão representa um marco em um caso que completou oito anos em setembro e que gerou comoção social, debates sobre violência policial, racismo estrutural e impunidade no Brasil.
O crime ocorreu em 15 de setembro de 2017, quando Igor Arcanjo Mendes, de 20 anos, seguia com amigos para assistir a um show do grupo Racionais MC’s em Ouro Preto. O carro em que ele estava foi parado durante uma blitz na Rua Dr. Pacífico Homem, próximo ao Morro da Forca. De acordo com a versão da corporação, o veículo teria desobedecido ordem de parada e Igor teria feito um movimento brusco, levando os policiais a suspeitarem que ele teria sacado uma arma. Igor foi atingido na cabeça enquanto estava no banco do passageiro e morreu no local.
Desde o início, familiares e amigos contestaram a versão policial, afirmando que o jovem não representava qualquer ameaça e que medidas menos letais poderiam ter sido adotadas. A mobilização por justiça transformou o caso em símbolo de resistência contra a violência de Estado.
Após quase sete anos de tramitação, em 15 de maio de 2024, o Tribunal do Júri de Ouro Preto condenou Ícaro José de Souza por homicídio doloso qualificado, fixando pena de 12 anos de prisão e decretando a perda de seu cargo na Polícia Militar. Durante a fase de recursos, o réu permaneceu em liberdade sob condições: recolhimento domiciliar noturno, restrição de contato com familiares da vítima e testemunhas, e permanência na comarca de residência fora dos horários de serviço. Até o trânsito em julgado, ele ainda atuava em funções administrativas.
Com a expedição do mandado de prisão nesta quarta-feira, a sentença começa a ser cumprida, encerrando uma longa espera da família de Igor Arcanjo Mendes e de movimentos sociais que acompanharam o caso ao longo dos últimos oito anos.
FONTE: JORNAL GERAES