Congonhas voltou a viver nesta semana os efeitos do conflito entre a mineração e a qualidade de vida de seus moradores. Na segunda-feira (22), uma nuvem de poeira oriunda das atividades minerárias encobriu a cidade, provocando preocupações quanto à saúde da população. O fenômeno não é inédito e levou a prefeitura a solicitar a suspensão temporária das operações das mineradoras.
O episódio ocorreu em meio a um debate crescente sobre os impactos ambientais da atividade mineral na região. Durante audiência pública que discutiu as desapropriações para a construção de uma nova pilha de rejeitos em Santa Quitéria, a professora universitária da UFMG, Tassiana Toledo, integrante da Rede de Monitoramento do Ar, destacou que, entre 2022 e 2024, houve piora significativa nas emissões de partículas poluentes. Para ela, é necessário ampliar os investimentos na rede de monitoramento para que todos os tipos de poluentes sejam contemplados nas análises.
Câmara Municipal cobra explicações
Na sessão desta quinta-feira (25), os vereadores cobraram da prefeitura ações mais efetivas de fiscalização e aprovaram a convocação do secretário de Meio Ambiente, João Luís Lobo, que deverá prestar esclarecimentos no próximo dia 7 de outubro. “Não foi a primeira vez e não será a última. Multar é pouco e não resolve o problema”, criticou o vereador Igor Souza (PL). Para Robertinho, “são necessárias ações urgentes para proteger a população”.
A vereadora Kate Barbosa chamou atenção para a ausência de monitoramento em bairros como Dom Oscar, Residencial e Eldorado. “Estamos dentro da mineradora e não sabemos a dimensão real da poluição. Foi a maior onda de poeira que já enfrentamos, e isso atinge nosso bolso e nossa saúde”, afirmou.
Já Averaldo Pica Pau ressaltou a necessidade de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade: “Estamos passando por um colapso em termos de poluição. Precisamos avançar na proteção dos moradores”.
Saúde em alerta
Recém-retornado à Câmara após nove meses à frente da Secretaria de Saúde, o vereador Gilmar Seabra (PV) lembrou que Congonhas ainda se encontra em estado de emergência devido ao aumento expressivo de casos de síndrome respiratória aguda. Segundo ele, a baixa umidade do ar agrava o quadro. “A região do Pires é um dos locais com maior concentração de micropartículas por milímetro cúbico no mundo”, alertou. O Decreto de Estado de Emergencia está em vigor desde 11 de junho, diante do quadro de aumento significativo de atendimentos relacionados a doenças respiratórias, como bronquiolite e infecções das vias aéreas superiores.