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Casos de suspeitos de compra de votos em Itaverava vai a julgamento no TRE-MG: tensão cresce nos bastidores políticos e cidade caminha cada vez mais para novas eleições

Com mais de 300 anos de história, município pode ter pela primeira vez uma eleição suplementar e bagunça o ambiente político

A disputa política em Itaverava volta a ganhar destaque no cenário regional. O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) marcou para o dia 12 de novembro de 2025, o julgamento de um processo que investiga supostas práticas de compra de votos durante as últimas eleições municipais no município. A informação consta em intimação de pauta divulgada pelo próprio Tribunal, que confirmou a inclusão do caso na sessão plenária da Corte. O processo, que vinha tramitando desde o início do ano, teve movimentação recente nesta segunda-feira (4), com a expedição de documentos e o envio dos autos à assessoria de plenário, o que confirma a proximidade da análise definitiva pelos desembargadores eleitorais.

Nos bastidores, o clima é de forte expectativa e apreensão. O caso envolve acusados ligados diretamente à política local, e a decisão do TRE-MG pode ter repercussões profundas no comando político do município.

As denúncias apontam que eleitores teriam recebido benefícios e vantagens indevidas em troca de votos, prática que fere diretamente a legislação eleitoral e pode resultar em cassação de mandato e inelegibilidade dos envolvidos. A investigação ganhou força após relatos e documentos que chegaram à Justiça Eleitoral, levantando indícios de que o esquema teria sido orquestrado durante o período de campanha, com distribuição de dinheiro e promessas de favores. O julgamento no TRE-MG será decisivo para definir o futuro político de Itaverava e promete movimentar a cidade nos próximos dias. Se confirmadas as suspeitas, o município poderá enfrentar sua maior uma reviravolta política, com possíveis novas eleições e uma profunda crise de confiança entre eleitores e nos atuais representantes que venceram o pleito por menos de 400 votos.

Entenda a polêmica

O atual prefeito e vice, com o Juiz Eleitoral na diplomação em Lafaiete no final de 2024/REPRODUÇÃO

A Justiça Eleitoral de Conselheiro Lafaiete cassou os diplomas e declarou a inelegibilidade de Wanderley Lopes e Fábio de Souza Pereira, eleitos prefeito e vice-prefeito de Itaverava nas eleições de 2024. A decisão, proferida pelo juiz Wilson Duarte Tavares e publicada no último dia 6 de junho, também impôs multa aos dois e reconheceu a prática de abuso de poder político e econômico, conduta vedada e captação ilícita de sufrágio. Diante da sentença, é grande a possibilidade de que uma nova eleição seja convocada no município.

Três fatos basearam a condenação

A acusação reuniu provas a partir de três procedimentos preparatórios, que identificaram os seguintes fatos:

  • Fato 01 – Doação irregular de imóveis públicos:
    José Flaviano Pinto teria promovido a doação de terrenos e imóveis públicos a particulares sem a devida autorização legislativa. O Ministério Público apontou que tal ação teve objetivo eleitoral, configurando abuso de poder político.
  • Fato 02 – Show artístico em período eleitoral:
    Foi realizada uma apresentação da cantora Paula Fernandes em 14 de setembro de 2024, em Monsenhor Isidro, durante a inauguração de uma estrada. A festividade, chamada de “inauguração do sonho do asfalto”, foi custeada com recursos públicos e teria sido usada para enaltecer a gestão municipal e promover os candidatos da situação em pleno período vedado. A prática fere o artigo 75 da Lei nº 9.504/97, que proíbe a contratação de shows pagos com recursos públicos nos três meses que antecedem o pleito.
  • Fato 03 – Uso da máquina pública para coagir servidores:
    O ex-prefeito é acusado de condicionar a permanência de servidores temporários ao apoio político aos seus candidatos. Testemunhos relataram que servidores como Malvina Joana de Oliveira e Andreia Luciana Martins foram coagidos a votar em Wanderley Lopes e Fábio de Souza Pereira. Após as eleições, houve demissão de vários contratados, o que reforçou a tese de retaliação política a quem não apoiou os candidatos eleitos.

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