Com mais de 300 anos de história, município pode ter pela primeira vez uma eleição suplementar e bagunça o ambiente político
A disputa política em Itaverava volta a ganhar destaque no cenário regional. O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) marcou para o dia 12 de novembro de 2025, o julgamento de um processo que investiga supostas práticas de compra de votos durante as últimas eleições municipais no município. A informação consta em intimação de pauta divulgada pelo próprio Tribunal, que confirmou a inclusão do caso na sessão plenária da Corte. O processo, que vinha tramitando desde o início do ano, teve movimentação recente nesta segunda-feira (4), com a expedição de documentos e o envio dos autos à assessoria de plenário, o que confirma a proximidade da análise definitiva pelos desembargadores eleitorais.
Nos bastidores, o clima é de forte expectativa e apreensão. O caso envolve acusados ligados diretamente à política local, e a decisão do TRE-MG pode ter repercussões profundas no comando político do município.
As denúncias apontam que eleitores teriam recebido benefícios e vantagens indevidas em troca de votos, prática que fere diretamente a legislação eleitoral e pode resultar em cassação de mandato e inelegibilidade dos envolvidos. A investigação ganhou força após relatos e documentos que chegaram à Justiça Eleitoral, levantando indícios de que o esquema teria sido orquestrado durante o período de campanha, com distribuição de dinheiro e promessas de favores. O julgamento no TRE-MG será decisivo para definir o futuro político de Itaverava e promete movimentar a cidade nos próximos dias. Se confirmadas as suspeitas, o município poderá enfrentar sua maior uma reviravolta política, com possíveis novas eleições e uma profunda crise de confiança entre eleitores e nos atuais representantes que venceram o pleito por menos de 400 votos.
Entenda a polêmica

Três fatos basearam a condenação
A acusação reuniu provas a partir de três procedimentos preparatórios, que identificaram os seguintes fatos:
- Fato 01 – Doação irregular de imóveis públicos:
José Flaviano Pinto teria promovido a doação de terrenos e imóveis públicos a particulares sem a devida autorização legislativa. O Ministério Público apontou que tal ação teve objetivo eleitoral, configurando abuso de poder político.
- Fato 02 – Show artístico em período eleitoral:
Foi realizada uma apresentação da cantora Paula Fernandes em 14 de setembro de 2024, em Monsenhor Isidro, durante a inauguração de uma estrada. A festividade, chamada de “inauguração do sonho do asfalto”, foi custeada com recursos públicos e teria sido usada para enaltecer a gestão municipal e promover os candidatos da situação em pleno período vedado. A prática fere o artigo 75 da Lei nº 9.504/97, que proíbe a contratação de shows pagos com recursos públicos nos três meses que antecedem o pleito.
- Fato 03 – Uso da máquina pública para coagir servidores:
O ex-prefeito é acusado de condicionar a permanência de servidores temporários ao apoio político aos seus candidatos. Testemunhos relataram que servidores como Malvina Joana de Oliveira e Andreia Luciana Martins foram coagidos a votar em Wanderley Lopes e Fábio de Souza Pereira. Após as eleições, houve demissão de vários contratados, o que reforçou a tese de retaliação política a quem não apoiou os candidatos eleitos.



