Durante a Audiência Pública da CIPE – Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Doce, realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o deputado Leleco Pimentel (PT) reafirmou a urgência de reparação, respeito e transparência nos processos de indenização e reconstrução para as famílias atingidas pelo desastre em Mariana.
A mobilização de comunidades, pescadores, agricultores, quilombolas e moradores atingidos exige clareza nos cadastros, justiça nas indenizações e o cumprimento efetivo de todos os compromissos assumidos. Muitos, quase dez anos depois, continuam sem resposta, vivendo com contaminação, perda de renda, moradias condenadas e sensação de abandono.
Na audiência, o deputado Leleco destacou que a reparação não pode continuar refém da burocracia, enquanto famílias inteiras aguardam por direitos básicos e dignidade. A insatisfação é grande — e precisa ser ouvida com prioridade pelo poder público.
A Voz dos Atingidos
Além das demandas protocolares, a audiência da CIPE Rio Doce trouxe depoimentos reais de quem vive, todos os dias, os impactos da tragédia. São relatos de dor, resistência, perda e da esperança de reparar o que foi destruído — com justiça, clareza e humanidade.

Renato Corrêa – Pescador, presidente da Associação de Pescadores do Território 7
“O pescador vive do rio, e o rio morreu — por isso somos os mais atingidos. Muitos têm 50, 60 anos e não têm outra profissão nem acesso à tecnologia; perderão inclusive a carteira por exigências impossíveis. Se o Rio Doce pode levar cem anos para se recuperar, como querem que esses trabalhadores sobrevivam nos próximos três?”
Rosângela – Comunidade Quilombola de Gesteira (Barra Longa)
“O quilombo foi devastado e esquecido pela mineradora e pelo governo, e até hoje vivemos com rejeito na porta de casa e sem água. Famílias inteiras não foram reconhecidas apesar de viverem ali por gerações. A cultura — a Dança do Fênix — salva nossa saúde emocional, mas seguimos excluídos da repactuação e de direitos básicos.”
Felipe – Representante dos Territórios 1 e 2 da Bacia do Rio Doce
“Há famílias inteiras nos Territórios 1 e 2 que nunca foram cadastradas pela Samarco, mesmo vivendo com a lama dentro de casa. A repactuação precisa recomeçar do zero para incluir quem ficou invisível no processo e reparar violações que acontecem em toda a bacia. Entregar à prefeitura, isso é obra eleitoreira. Os recursos não podem servir de propaganda política enquanto falta reparação real para o povo atingido.”
Zilda – Moradora de Galiléia
“Estamos há dez anos esperando justiça — e nossas casas continuam condenadas. Construi minha casa com suor, e a lama destruiu tudo; disseram que nada podia ser feito. Muitos morreram sem ver reparação, e nós continuamos viajando horas para conseguir três minutos de atenção sobre um sofrimento que não termina.”

Maria das Graças Lima – Liderança de Gesteira
“Perdemos a terra, o plantio, a saúde e a estabilidade — meu marido entrou em depressão e teve que abandonar a comunidade. Lutamos por todos os atingidos, mas direitos reconhecidos há anos não chegam. Água contaminada, luz cara, casas em ruína e projetos travados: o povo adoece enquanto o dinheiro não vem.”

José Pavuna – Agricultor Assentado
“Nasci às margens do Rio Doce, que me alimentava e dava dignidade — agora meus filhos e netos não podem tocar no rio que nos criou. Menos de 15% dos recursos chega de fato a quem perdeu tudo. A lama destruiu terra produtiva, matou córregos e sonhos; só ação concreta do Estado garantirá reparação verdadeira.”
Ao final da audiência da CIPE, o deputado Leleco reafirmou seu compromisso de continuar cobrando rigor,
transparência e respeito aos atingidos da Bacia do Rio Doce. Pelo projeto Juntos para Servir, o deputado federal Padre João (PT-MG) adiantou que vai requerer a realização de uma audiência pública junto à comissão externa da Câmara dos Deputados, em Brasília. Esta comissão acompanha os crimes de Mariana e Brumadinho.

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