Por João Vicente/ 21/01/2022
Na falta de tanta gente que já partiu para outro plano e que deixaram um legado imensurável sobre a história da formação da ocupação do nosso território (Queluz), como Quincas de Almeida, D.Avelina Noronha, Alex Milagres, Sr. Perdigão, Sr. Romeu Guimarães e tantos outros que ainda continuam escrevendo sobre a nossa história, é que resolvi publicar uma matéria que fala de famílias desbravadoras, que saíram de Queluz e fundaram núcleos urbanos em outros paradas de
Minas no século XIX. Vamos destacar nesta pulbicação a fundação de São João Nepomuceno, cidade que fica na Zona da Mata, próximo de Rio Pomba, cidade dos meus ancestrais materno.
Creio que muita gente que mora em Lafaiete não conhece a história da fundação dessa cidade mineira que fica na Zona da Mata e leva o nome do santo tcheco, Jan Nepomucký. O culto a São João Nepomuceno chegou ao Brasil no século 18, quando o Mártir da Confissão foi canonizado, tendo trazido por jesuítas do Leste Europeu. São João Nepomuceno é um dos santos nacionais da Boemia (atual Republica Tcheca). Segundo uma das versões sobre o martírio, ele foi pregador na corte de Venceslau IV em Praga e confessor da rainha sua mulher, mas, ao negar a divulgar os segredos das confissões dela foi morto, depois de ter sido torturado e jogado ao Rio Moldava.
Agora, quem continuar lendo a matéria e se interessar poderá estar se perguntando. Como assim, João? Foi gente daqui de Lafaiete que fundou São João Nepomuceno ?
Bom, vamos ao ponto e sem delongas.
Capela Nova e Conselheiro Lafaiete (MG)
Essas duas cidades mineiras muito conhecida por todos nós, no inicio do sec. XIX, uma era distrito e a outra Vila e foram destas duas cidades que saíram as famílias desbravadoras e segundo os relatos dos historiadores e pesquisadores são-joanenses, a cidade de São João Nepomuceno foi fundada por famílias de Queluz.
Henriques Pereira Brandão e Furtado Mendonça
Essas duas famílias chegaram na região de São Joao Nepomuceno no inicio do sec. XIX. O Pe. Jacó Henriques primo do Capitão Marciano Pereira Brandão ( estrategista da Batalha de Queluz) na morte do seu pai herdou a Fazenda Patrimônio e um pedaço terra em São João Nepónucveno que tem esse nome por causa da imagem que o próprio padre havia retirado do oratório da Fazenda, imagem que os seus pais haviam trazidos de Portugal. Jose Antônio Furtado Mendonça que havia comprado terras na região, doou dez alqueires para construir a nova capela em devoção ao santo tcheco. Como podem ver, um queluziense de Capela Nova trouxe o culto do santo padroeiro e o outro da Vila Real de Queluz , doou as terras para construção da nova capela em 1815.
Lenda dos Cavaleiros sobre a fundação de São João de Nepomuceno
A lenda dos Cavaleiros é uma lenda associada à fundação de São João Nepomuceno e segundo genealogista Alcibíades de Araújo Porto Filho, os fazendeiros fundadores eram descendentes de famílias originárias da ilha Faial, Açores, arquipélago que fica no oceano atlântico, território autônomo de Portugal na atualidade e que chegaram na zona auríferas de Minas Gerais no inicio do sec. XVIII.
Vizinhos, marcaram um encontro, onde teriam partidos das suas fazenda no mesmo dia e no mesmo horário dirigindo-se para um mesmo ponto de convergência de suas terras, lugar que seria o ponto definido para construir a nova capela. Ressaltando que nas terras do Pe. Jacó já existia uma antiga capela dedicada a São João Neponuceno. Para os historiadores locais são-joenses, não parece haver comprovação desta história. O certo é que, o largo da Matriz e as antigas propriedade dos três fazendeiros fazem um grande triangulo do qual surgiu precisamente a cidade de São João Nepomuceno.
Em 1815, houve a doação do patrimônio para a “nova capela de São João Nepomuceno” e seu entorno (mostrada acima em sua versão contemporânea, segundo uma imagem de Marcelo Lima). Abaixo, vê-se a referida carta de doação, feita pelo Guarda-mor José Antônio Furtado de Mendonça e sua esposa, Francisca Maria de São José (foto de Eduardo Ayupe). (Blog Luis Fontes-SJN)
E um dado curioso é que o núcleo urbano são-joanense, em seus períodos mais remotos, ficava exatamente no centro de um triângulo cujos vértices estão situados nas propriedades desses mesmos três fazendeiros (conforme mostra um mapa desta região confeccionado em 1847, onde se veem as fazendas de Manuel Rodrigues de Nazaré (1), José Dutra Nicácio (2) e do Guarda-mor Furtado de Mendonça (3)).Abaixo. (Blog Luis Fontes-SJN)
De qualquer modo, e pondo à parte essa “lenda dos cavaleiros” o que se conclui de concreto é que a doação do patrimônio para a “nova capela” são-joanense de fato se deu em 1815 e sua fundação é dedicada ao queluziense nascido no arraial dos Campos dos Carijós ( ex.Queluz e atual Cons.Lafaiete) e batizado na capela Nossa Senhora da Glória( Carnaíba), filial da Matriz Nossa Senhora da Conceição do arraial Campos dos Carijós, o Guarda-Mor Jose Antônio Furtado de Mendonça. E, por este motivo, a Cidade Garbosa de São João Nepomuceno, em 16 de maio de 2015 dia do padroeiro, SJN comemorou o bicentenário de sua fundação simbolicamente.
Bom, espero que tenham gostado da matéria e para saber mais do tema ,entre no blog Luís Fontes , história de São João Nepomuceno e leiam o livro da História e Genealogia de Capela Nova das Dores do Pe. José Duarte de Souza.