Lagoa Dourada tem pouco mais de 12 mil moradores e 12 estabelecimentos especializados no doce. O campeão de vendas é o pão de ló recheado com doce de leite.
Turistas que passam pela MG-383 em direção a São João Del Rei e a Tiradentes, na Região do Campo das Vertentes, em Minas Gerais, sabem que têm parada obrigatória em Lagoa Dourada para saborear o famoso rocambole.
A iguaria fabricada no município conquistou o paladar de quem aprecia um bom doce e já é considerada “Patrimônio Imaterial Municipal”. Lagoa Dourada tem 12.769 habitantes, para 12 estabelecimentos especializados no rocambole, uma média de uma loja para cada mil pessoas.
Com esta fama, a cidade pode conquistar agora o título de “Capital Nacional do Rocambole”. O projeto de lei (PL) que concede este status à Lagoa Dourada espera apenas a sanção do presidente Lula (PT).
“Haverá mais turistas porque o produto ficará bem mais conhecido do Brasil. Isso é muito bom para fomentar a economia local”, disse o secretário de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo de Lagoa Dourada, Albert Costa.
Mas o que é que tem nesse rocambole de Lagoa Dourada, afinal?
?De acordo com a Prefeitura de Lagoa Dourada, “o rocambole consiste em uma espécie de pão de ló, que é recheado com diversos sabores e que se enrola sobre si mesmo. Os ingredientes que compõem a massa de pão de ló são: ovos, farinha de trigo, fermento e açúcar”.
?Os recheios são os mais variados. Tem o de doce de leite (o clássico da cidade), o de ameixa, o de chocolate, o de coco, o de creme de avelã, o de abacaxi…
?Mas os confeiteiros da cidade dizem que cada doce tem seu segredinho. O negócio é tentar experimentar um de cada (se conseguir).
Especialista em rocambole desde os anos 1970
A produção do rocambole começou em Lagoa Dourada no início na década de 1970, mas somente na década de 1990, quando foi inaugurada a MG-383, as vendas aumentaram por causa do crescimento no tráfego na região, informou a secretaria.
Mas há quem diga que a tradição começou bem antes. A comerciante Mirtes Patrícia do Líbano Melo, de 58 anos, é a terceira geração de fabricantes de rocamboles. Segundo ela, a receita é de família e começou com o avô, Miguel Youssef, em 1907, quando o patriarca deixou Beirute, capital do Líbano, e veio para Lagoa Dourada.
“Ele tinha um ponto na esquina. Começou a fazer um, dois rocamboles… Era um botequinho”, relembrou.
Mirtes ainda contou que o pai dela e filho de Miguel, Paulo Miguel, foi quem criou as famosas embalagens e as caixinhas que guardam o doce. Hoje, a confeitaria da família, chamada de “Famoso Rocambole” fabrica mais de 20 sabores. O mais vendido é o de doce de leite, que sai a R$ 48.
No cardápio ainda tem os queridinhos de doce de leite com coco, goiabada, chocolate e amendoim. Os mais caros são o de leite condensado, cocada e musse de limão. Cada um sai a R$ 57 o inteiro e R$ 30, a metade.
Outro local famoso na cidade é a Padaria do Jaci que fabrica rocamboles desde 1979. Jaci de Oliveira Andrade, de 71 anos, dono do estabelecimento, aprendeu os segredos do pão de ló anos antes, com o próprio Paulo Miguel.
Hoje, a filha de Jaci, Heloisa de Resende Andrade, de 41 anos, ajuda o pai nos negócios da família. Atualmente, a padaria produz 19 sabores de rocamboles.O mais barato e um dos mais vendidos é o recheado de goiabada. O inteiro sai a R$ 31 e a metade, R$ 17.
Mas o que sai mais mesmo é o de doce de leite. Imbatível na capital do doce.
“Ele representa quase 60% das nossas vendas”, destacou Heloisa.
Lagoa Dourada já é a capital do rocambole. Pelo menos para os moradores e fanáticos pelo doce.
FONTE G1