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Escrivã morta: Peritos conseguem desbloqueio total de celular

Um grande passo foi dado pelos peritos do Instituto de Criminalística, que conseguiram desbloquear o telefone da escrivã Rafaela Drummond, que se suicidou, na casa dos pais, em Antônio Carlos, distrito de Barbacena, no dia 9 de junho.

ntes, a Polícia Civil tinha tido acesso aos autos que mostravam uma rotina de trabalho conturbada, com denúncias de assédio moral e até sexual, na delegacia de Polícia Civil de Carandaí, no Campo das Vertentes, onde a então escrivã trabalhava.

Com o desbloqueio total das mensagens, a Polícia Civil tem, a partir de agora, acesso a todos os áudios e também a números de ligações feitas e recebidas por Rafaela, no período antes de sua morte. 

O que já se sabe

Nos áudios ouvidos até então, sabe-se que Rafaela teve uma discussão com o delegado Itamar Cláudio Netto. A briga teria começado por causa de um pedido de mudança na escala de folgas, uma das principais reclamações da escrivã enquanto trabalhava.

 “Ele falou que eu tinha cismado com isso, falando que ele tava de implicância. Ele disse que eu não gosto de receber ordens. Mas não é isso, ele estava implicando por causa do carnaval”, disse ela ao telefone, com uma amiga.

Em outra mensagem, Rafaela conta como foram os dias seguintes à briga. “O delegado é aquele tipo de pessoa que gosta de colocar o terror psicológico, gosta de atazanar. E eu não abaixo quando estou certa, por isso toda essa confusão. Tenho vontade de nem voltar lá. Ele colocou tanto terrorismo em cima de mim que eu não aguentei. Quando estou certa, eu rebato. Agora, já percebi. Vou chegar lá só e fazer minha parte.”

Em outro áudio, Rafaela desabafa sobre a instituição. Ela reclama da falta de apoio após denunciar as situações que enfrentava dentro da delegacia e se diz cansada da rotina. “É uma vergonha. Só os bonitões para aparecer no jornal. Sobra tudo pro escrivão, é tudo uma palhaçada. Ele fala que está fazendo e acontecendo, mas é só mídia. A gente é tratado como lixo. Não somos valorizados pelo governo, sociedade e nem dentro da polícia. Quando a gente fala algo, vira um inferno na nossa vida. Não estou aguentando mais, porrada de todos os lados da minha vida. O ser humano é um lixo e daqui duas semanas ninguém nem vai estar lembrando. Quem tem culpa, sabe”, desabafou.

Semanas antes do ocorrido, Rafaela denunciou casos de assédio moral e sexual na delegacia em que era lotada. Imagens e áudios que circulam nas redes sociais mostram relatos da policial que, em alguns deles, detalha os assédios que sofria. Ela também reclamava das escalas de trabalho e da falta de folgas. “Ele ficava dando em cima de mim. Teve um povo que foi beber depois da delegacia, pessoal tinha mania disso, de fazer uma carne. Ele começou a falar na minha cabeça, e eu ficava com cara de deboche, não respondia esse grosso. De repente ele falava que polícia não é lugar de mulher. No fim das contas, ele me chamou de piranha”, disse ela em um dos áudios.

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