Abandonada e esquecida, a Estação de Buarque de Macedo, nome dado em homenagem ao ministro de Obras Públicas em 1881, e inaugurada em 1893, somente conta com a sorte para permanecer em pé.
Ela é retrato fiel do descaso com a memória e seu passado que uma cidade que cresceu e desenvolveu graças a ferrovia, abrindo as portas do mundo ao incipiente Município de Queluz de Minas, no século XIX.
A tristeza corta quem visita o prédio: porta e janelas quebradas, telhado em ruínas e um prédio abandonado com as marcas do passado de glórias. Assusta como comove presenciar um patrimônio desta importância nas condições precárias. Cidade tem uma dívida com seu passado a ser resgatada.
Abandono
A comunidade de Buarque cobra há mais de uma década a reforma e o restauro do patrimônio do qual viu nascer a localidade. O prédio estava abandonado em 2016. A estação estava fechada desde os anos 1980.
Para chamar a atenção das autoridades de plantão, os moradores de Buarque de Macedo organizam para a próxima sexta-feira (12), um abraço simbólico em defesa da preservação e restauro do patrimônio histórico, símbolo máximo da comunidade.
A comunidade teme pelo desabamento da estrutura já que não existe mais o telhado e há o risco de se perder o patrimônio que é cartão-postal do distrito. Em apoio aos moradores, a Escola Estadual da “Dr. Antônio Nogueira de Rezende” em Buarque de Macedo” está organizando uma ação solidária em defesa da estação ferroviária do distrito. “A revitalização da estação faz-se necessária uma vez que poderá ser utilizada como centro para eventos culturais da comunidade, além de contribuir para a preservação da história local”, diz o comunicado da escola que convida a comunidade a participar a ação em defesa do patrimônio.
Promotoria e licitação
Nossa reportagem entrou em contato com o Curador do Patrimônio Histórico, o Promotor Glauco Peregrino afirmou que a estação de Buarque de Macedo encontra-se sob a posse da Prefeitura Municipal de Conselheiro Lafaiete.
Em 2021, a Gerdau destinou recursos para financiar o projeto de restauro e reforma da Estação de Buarque de Macedo, nome dado em homenagem ao ministro de Obras Públicas em 1881. O projeto é fruto da captação de verbas junto as leis de incentivo à cultura, do Governo Federal, através da Associação de Movimentos Artísticos (ASMAD), com sede em Santos Dumont (MG).
Segundo informações, a Gerdau já depositou os recursos integral do aporte ao financiamento da obra no valor de R$835 mil.
Porém desde esta data o projeto ainda depende homologação final do projeto junto ao IPHAN (Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Desde então, o projeto aguarda aprovação do IPHA para início das obras de restauro, conforme informou o ex- Secretário Municipal de Cultura, Geraldo Lafayette.
“Estamos acompanhando de perto o processo junto ao IPHAN. A obra não passa por licitação na prefeitura. Seremos apenas os responsáveis pelo acompanhamento das obras. Recurso virá por meio da entidade para este fim, através de indicação do Ministério Público já que ela tem expertise em recuperação de estações em Minas”, assinalou Lafayette.
A palavra do IPHAN
Diante da demora na aprovação do projeto para início do restauro, nossa reportagem procurou o Instituto Nacional de Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) para esclarecer a situação.
“Inicialmente, é importante ressaltar que o Iphan atua conforme as diretrizes estabelecidas pela legislação vigente, especialmente no que diz respeito à gestão de recursos públicos destinados à preservação do patrimônio cultural.
No caso específico mencionado, o proponente não cumpriu integralmente as exigências estabelecidas pela Instrução Normativa nº 2/2019 do Iphan, deixando de apresentar os documentos técnicos necessários para embasar a análise da proposta. É importante destacar que a elaboração de projetos executivos é uma etapa fundamental para qualquer intervenção em bens culturais protegidos, pois define os detalhes técnicos e os custos envolvidos na obra.
O recurso já foi analisado pelo Iphan-MG, cuja manifestação técnica foi no sentido do desarquivamento, para dar continuidade à análise técnica do processo. Esta manifestação encontra-se atualmente em análise pelo Ministério da Cultura.”, disse a Superintendência do instituto a nossa reportagem.
Agora é aguardar para a burocracia não ajude a desabar mais um patrimônio histórico de Minas.