O Festival da Quitanda de Congonhas comemorou 25 anos de criação recepcionando moradores de Congonhas e turistas com delícias como pão-de-queijo na banha, bolos, roscas, pães, doces, pamonha, o tradicional cubu com chá de congonha, o famoso pastel de angu de Itabirito, o não menos conhecido rocambole de Lagoa Dourada, chá de congonha, cachaça, cerveja entre outras bebidas e muito mais. A estrutura da festa ultrapassou as dependências da Romaria, subindo Alameda das Palmeiras, tomada por mais barracas e público. Em seu início, na altura do Museu de Congonhas, um belo portal dava as boas-vindas a todos! O estacionamento do evento se estendeu da rua Paulo Mendes até a praça Bandeirantes, demonstrando a grandiosidade do tradicional evento.
Promovido pela Prefeitura de Congonhas, por meio da Secretaria de Cultura e apoio de outros setores da Administração Municipal, o Festival da Quitanda vai muito além da gastronomia. Ele se consolida como um espaço de valorização do patrimônio imaterial, reforçando o protagonismo da cidade. Em cada fornada de broa, em cada gole do chá de Congonha, em cada acorde que ecoa no palco, ressoam a memória, o afeto e os saberes das comunidades locais. E é essa mistura de passado, presente e sabor que torna o festival uma verdadeira celebração da alma mineira.
A atração típica número 1 é a barraca do cubu e do chá de congonha, que é servido farta e gratuitamente. A quitandeira e servidora pública, Angela Bento, é uma das responsáveis pelo preparo da tradicional quitanda há 22 anos, além de participar das campanhas de divulgação do evento em Belo Horizonte. “De cedinho até às 18h, cerca de dez pessoas ficam responsáveis por fazer o cubu, que leva fubá, canela, erva-doce, margarina, açúcar e folha de bananeira”, conta.





Roseli, de Conselheiro Lafaiete, foi uma das primeiras a passar por lá. “Ainda estou na fila, mas já experimentei o chá com cubu outras vezes, é uma delícia”, testemunha a visitante.
Outras barracas comercializaram uma variedade de quitandas e acompanhamentos à mesa. Fernando Figueiredo Camargo mora em Congonhas há 25 anos e comercializa bebidas como cachaças e licor. “A festa pra gente é muito boa. Agradecemos ao Município, por meio da Secretaria de Cultura, por proporcionar este espaço pra gente expor aquilo que produzimos”.
O típico armazém dos arraiais é recriado a cada ano. Nele, quem entrou pôde degustar diversos itens das antigas vendas e sentir o clima do interior de Minas décadas atrás.
O evento é um belo atrativo para o congonhense e o turista. A atriz Teca Pereira, que atua em programas humorísticos da Rede Globo, está em cartaz em Belo Horizonte com o espetáculo teatral “As Matriarcas”, que trata da libertação das mulheres, especialmente as negras. Ela foi convidada por um amigo a vir a Congonhas e participou do Festival da Quitanda. “A peça tem a ver com a essência deste evento, porque ele resgata a culinária dos casarões e das senzalas, que é refinada e que as gerações atuais herdaram. Não vou deixar de experimentar o cubu com o chá de congonha e o pastel de angu”, prometeu a visitante ilustre.
O congonhense Lucas Coelho gostou da organização do evento. “Achei muito bacana a organização. Percebemos diferenciais importantes. Foi colocado um portal na Alameda e outros elementos que reforçam a identidade do evento, o que atrai mais gente de fora. Ao longo dos anos, o Festival da Quitanda vai se consolidando como um dos melhores do gênero no Brasil e é visto por mais pessoas”, considera.
Do palco da Romaria, o prefeito Anderson Cabido saudou a todos: aos congonhenses e aos visitantes, como aos artistas e servidores que fizeram do Festival da Quitanda deste ano um sucesso.
Para o ex-prefeito e atual vice, Zelinho, “Congonhas marcou posição em Minas e no Brasil com relação ao ofício das quitandeiras. Realizamos este festival há 25 anos, registramos os afazeres das quitandeiras em livros. Isso é muito importante para a cultura de Minas Gerais”.
Pedro Cordeiro, secretário de Cultura e diretor-presidente da Fumcult, diz que “o Festival da Quitanda é resultado do esforço das quitandeiras e de diversos setores da Prefeitura de Congonhas, como dos jurados e outros envolvidos, como o próprio público”.







Ao som da viola
Uma programação musical que valorizou ainda mais a identidade cultural do estado começou pela manhã e só terminou quando o sol já havia se escondido sob as montanhas. Subiram ao palco da Romaria Rayssa Alexandra, a Orquestra Mineira de Viola e o Kadu Soares. Logo no início, teve folia de reis também.
Rayssa Alexandra, de apenas 19 anos, soltou seu vozeirão pela primeira vez no Festival da Quitanda. “Gente, foi uma experiência incrível. Só tenho a agradecer a oportunidade de cantar pela primeira vez no Festival. Antes, conhecia o festival como público. Agora vou aproveitar as delícias que estão nas barracas”, disse a jovem artista.
Ofício das quitandeiras pode se tornar patrimônio imaterial em 2026
Desde o Governo Zelinho (2013-2020), Congonhas percorre um longo caminho para que o ofício das quitandeiras receba o registro de patrimônio cultural nacional. Durante este Festival da Quitanda, uma comissão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) esteve no evento para realizar uma pesquisa de campo, como parte dos esforços para viabilizar a reivindicação de Congonhas e que agora é de outras partes do País também.
O prefeito Anderson Cabido desejou em seu discurso no palco da Romaria, “que a arte de produzir quitandas em Congonhas e em outras partes de Minas e do Brasil possa ser reconhecida como um patrimônio cultural. Este bem de nossa cidade reúne todas as condições, de fato, para alcançar este status”.
A superintendente do Iphan/MG e antropóloga, Tainah Victor Silva Leite, parabenizou às secretarias da Prefeitura envolvidas na realização do Festival e às quitandeiras, que são a razão da existência do evento. “Vi de perto uma infraestrutura e organização incríveis! Além de experimentar quitandas deliciosas!”.
Sobre o processo de reconhecimento do ofício das quitandeiras pelo órgão federal, afirmou: “Estamos retomando, de fato, as pesquisas para a instrução do processo de registro do ofício das quitandeiras. Este pedido saiu de Congonhas em 2013 e foi acolhido pelo Iphan. Ele passa por uma Câmara Técnica, que entendeu que deveriam ser incluídos outros estados. Hoje, com muita alegria, estamos iniciando as pesquisas que vão incluir os estados de Minas Gerais e também de Goiás para termos finalmente o ofício das quitandeiras como patrimônio cultural do Brasil. É o reconhecimento que este trabalho e saberes são constitutivos da identidade do Brasil, mas também de Congonhas, de Minas. Agora temos um cronograma muito mais objetivo e a perspectiva é que até ano que vem a gente tenha, de fato, este reconhecimento como patrimônio cultural e imaterial do Brasil”.
A pesquisa é desenvolvida por Talita Prado Barbosa Roim, antropóloga, doutora em Ciências Sociais, pesquisadora do grupo de estudos em Consumo, Cultura e Alimentação, que também esteve presente à Romaria neste domingo.
Concurso











Profissionais da gastronomia, da decoração, do jornalismo e de outros ramos formaram um seleto grupo de jurados, que apontou as receitas vencedoras do Festival da Quitanda – 25 anos, em quatro categorias:
Quitanda Regional
1º lugar – “Bolo de casca de Banana com rapadura” – Tânia Rosa Rodrigues Quintão – Piranga-MG.
2º lugar – “Rocambole de doce de café”, de Jaci de Oliveira Andrade – Lagoa Dourada.
3º lugar – “Biscoito de café”, de Janira Aparecida Agnete – Nova Lima.
Em 2015, Janira e o companheiro Tião foram 3º lugar com o casadinho de goiabada. “Estou emocionada, desculpa! A Dona Míriam [então secretária de Cultura de Congonhas] foi a Nova Lima, conheceu nossa lojinha e trouxe a gente pra cá. Tivemos uma ótima colocação no concurso daquele ano. Sou muito grata a ela, aos servidores da Cultura e a todos vocês da cidade. Todas as feiras de Belo Horizonte, quando ficam sabendo que o casadinho foi premiado aqui, elas se abrem. Então ganhamos coragem de criar novos sabores. Este ano, muito felizes, fomos premiados novamente com o biscoito de café”.
Quitanda Prata da Casa
1º lugar – “Churros Mineirinho” – Maria Aparecida Palomino.
2º lugar – “Pão artesanal de moranga com recheio de carne”, de Raquel Gomes Ramalho.
3º lugar – “Bolo de coalhada com parmesão”, de Rosangela Rodrigues de Freitas.
Comércio Especializado
1º lugar – “Tentação de Minas”, Floripes Oliveira Flores Pinto.
2º lugar – “Torta salgada de frango com palmito”, de Neuza Aparecida dos Santos Baia.
3º lugar – “Mineirinho crocante”, de Regielle Patrícia da Silva.
Melhor Stand – Barraca 17, de Débora Cristina Alves Dias Pena.
Daniella Junqueira, filha de Maria Aparecida Palomino, vencedora da categoria “Prata da Casa”, representou a mãe durante a premiação. “Estamos muito emocionadas por nossa quitanda ter sido escolhida a campeã. Criamos o pastel de angu doce e o chamamos de “churros mineirinho”, porque ele tem doce de leite e queijo minas. Nós estamos muito felizes e queremos agradecer à Prefeitura de Congonhas, aos organizadores do Festival, aos jurados e dizer que estamos muito agradecidos”.
O Governo Municipal parabeniza aos vencedores e a todas as quitandeiras participantes!