O maior complexo industrial da Stellantis no mundo nasceu de um acordo audacioso nos anos 70, a fábrica de Betim (MG) se tornou o coração da Fiat, produzindo um carro por minuto e agora lidera a estratégia de descarbonização da Stellantis.
Em Betim, Minas Gerais, existe um gigante que pulsa no ritmo da indústria automotiva global. O que começou como a fábrica da Fiat hoje é o Polo Automotivo Stellantis, a sede do maior complexo industrial da Stellantis no mundo. É de lá que saem os carros mais vendidos do Brasil, como a picape Strada e os SUVs Pulse e Fastback.
Esta é a história de como uma decisão política e empresarial na década de 1970 transformou uma cidade e redesenhou o mapa da indústria no Brasil. Uma história de crescimento explosivo, eficiência recorde e os desafios de ser a líder de mercado, agora com a missão de comandar a transição para os carros híbridos.
O acordo de 1973 que levou a Fiat para Minas Gerais
No início dos anos 70, a indústria de carros no Brasil era totalmente concentrada no ABCD Paulista. Quebrar essa hegemonia era o grande objetivo do então governador de Minas Gerais, Rondon Pacheco. Suas negociações com o lendário presidente da Fiat, Giovanni Agnelli, culminaram na assinatura de um acordo histórico em 14 de março de 1973.
O estado de Minas Gerais não apenas ofereceu incentivos, mas se tornou sócio do maior complexo industrial da Stellantis no mundo. A fábrica foi inaugurada oficialmente em 9 de julho de 1976 e seu primeiro fruto foi o revolucionário Fiat 147, um carro compacto e econômico que mudou o mercado nacional e estabeleceu a força da nova montadora.
Uma máquina de fazer carros: A escala de produção que chega a um carro por minuto

A magnitude do Polo de Betim é impressionante. O complexo tem capacidade para produzir 800.000 veículos por ano. Em meses de alta demanda, o ritmo é frenético. Um novo recorde foi batido em julho de 2024, quando mais de 43.000 carros foram fabricados em um único mês, o que equivale a uma média de quase um carro por minuto.
Além dos veículos, Betim é também o maior centro de produção de motores da América Latina. Sua fábrica de motopropulsores está sendo expandida para produzir 1,1 milhão de motores por ano, incluindo os modernos motores turbo que equipam grande parte da linha Stellantis.
O impacto em Betim: A criação do maior complexo industrial da Stellantis no mundo
A chegada da Fiat transformou Betim. A cidade, que tinha características rurais, viu sua população explodir, passando de 35 mil habitantes em 1970 para mais de 411 mil, segundo o Censo de 2022. A fábrica se tornou a espinha dorsal da economia local.
Em seu entorno, um ecossistema com mais de 120 empresas fornecedoras se desenvolveu, criando uma verdadeira “cidade-fábrica”. Hoje, o polo emprega diretamente cerca de 16.000 pessoas e é o principal motor do desenvolvimento econômico da região.
O coração da liderança da Fiat e o paradoxo do pós-venda
Ser a sede do maior complexo industrial da Stellantis no mundo significa ser responsável por produzir os carros que lideram o mercado brasileiro. A picape Strada, o veículo mais vendido do país, sai das linhas de Betim, assim como os estratégicos SUVs Pulse e Fastback, que garantem o domínio da Fiat.
No entanto, essa liderança de mercado convive com um paradoxo. Relatos e reclamações de consumidores em fóruns online apontam para um serviço de atendimento ao cliente (SAC) deficiente. Essa aparente desconexão entre a excelência na produção e a dificuldade no pós-venda é um dos grandes desafios para a imagem da marca.
O futuro é Bio-Hybrid: O investimento de R$ 14 bilhões até 2030

Olhando para o futuro, o Polo de Betim está no centro de um dos maiores investimentos da história da indústria automotiva no Brasil. A Stellantis anunciou um aporte de R$ 14 bilhões na planta entre 2025 e 2030.
O foco desse investimento é a tecnologia Bio-Hybrid, que combina motores flex com sistemas de hibridização, aproveitando o potencial do etanol brasileiro. Essa estratégia não apenas moderniza a fábrica, mas posiciona Betim como um centro global para o desenvolvimento de tecnologias de descarbonização, garantindo sua importância estratégica por décadas.
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS