A gigante do setor siderúrgico Gerdau anunciou o desligamento de cerca de 1.500 colaboradores em todo o Brasil entre janeiro e julho deste ano. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (1º) pelo CEO do grupo, Gustavo Werneck, que atribuiu os cortes ao aumento descontrolado das importações de aço, especialmente da China, e à inércia do governo federal em adotar medidas de defesa comercial.
Os desligamentos ocorreram gradualmente ao longo do primeiro semestre e se intensificaram nos últimos dias, após o Comitê Executivo de Gestão (Gecex) não anunciar nenhuma nova medida contra a concorrência internacional considerada desleal. As unidades mais afetadas foram as de Pindamonhangaba e Mogi das Cruzes, no estado de São Paulo, especializadas em aços especiais.
Além das demissões, Werneck revelou que a companhia irá reduzir drasticamente seus investimentos no Brasil a partir de 2026, encerrando uma fase em que o país recebia cerca de dois terços dos aportes anuais do grupo – aproximadamente R$ 6 bilhões.
“Não tem sentido continuar investindo pesado no Brasil, se o governo não toma atitudes que garantam isonomia e competitividade justa”, declarou o CEO. “Vamos cortar. A decisão está tomada.”
Em contrapartida, os investimentos nos Estados Unidos serão mantidos, onde, segundo Werneck, a empresa encontra um “ambiente favorável à produção local e à competitividade leal”.
Minas Gerais escapa das demissões e segue no foco de investimentos
Apesar da reestruturação nacional, Minas Gerais ficou de fora do corte de pessoal. O CEO reforçou que, desde o hibernamento da unidade de Barão de Cocais, em maio de 2024, nenhuma nova demissão foi necessária no estado.
Pelo contrário, os investimentos em curso na região devem ser mantidos, principalmente na usina de Ouro Branco e no projeto Itabiritos, uma plataforma de mineração sustentável em Miguel Burnier, distrito de Ouro Preto. Segundo a empresa, o objetivo é reduzir custos e aumentar a competitividade da operação mineira.
O executivo garantiu que os projetos futuros que tragam ganho de eficiência e sustentabilidade seguirão em avaliação, mas os que envolvem ampliação de capacidade produtiva, sem retorno imediato em custo, deverão ser cancelados.
Mais detalhes sobre o redirecionamento estratégico da Gerdau no Brasil devem ser revelados durante o Investor Day, em outubro.