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Polêmica em Lafaiete: comunidade rejeita rota de escoamento de mineradora Carijós; debate aquece Câmara e vereadores aprovam audiência pública

Prossegue a polêmica de instalação de uma mineradora Carijós em Lafaiete, na divisa com as cidades de Santana dos Montes e Itaverava. Os vereadores aprovaram o requerimento, de iniciativa da Vereadora Cida Toledo, para promoção de audiência pública para debater as atividades da empresa com previsão em setembro do início das atividades.
O objetivo é promover um espaço de diálogo entre a comunidade, autoridades e representantes da empresa, a fim de esclarecer dúvidas, discutir impactos e buscar soluções para eventuais demandas relacionadas à atividade minerária. “O grande problema da empresa é a questão do escoamento. Por Buarque de Macedo a comunidade não quer. Por São Vicente também terá impactos”, citou Cida.

“A responsabilidade de financiar obras é de interesse de mineradoras não pode recair sobre o poder público. Vou lutar para que essa proposta não seja aprovada em São Vicente. Não podemos permitir que a comunidade arque com prejuízos enquanto a empresa se beneficia”, alertou a Vereadora Damires Rinarlly. “As casas da comunidade não suportar o peso dos caminhões”, arrematou.

João Paulo Pé Quente analisou que seria difícil impedir o escoamento, mas que a Prefeitura exigisse compensações e contrapartidas. “Que mineradora nos ajudasse na construção de uma via para retirar os caminhões e carretas que cortam nossa cidade com um grande impacto a Lafaiete”, sugeriu o Vereador Fernando Bandeira.
Samuel Carlos disse que a cidade não pode mais suportar carretas no trânsito já tanto impactado. “O que sobra para Lafaiete das grandes mineradoras e siderúrgicas e apenas o ônus”, criticou. “As cidades onde há mineradoras só ficam os prejuízos”, analisou Pedro Américo.

O empreendimento

A Mineradora Carijós, empresa que vai explorar minério entre os municípios de Itaverava, Santana dos Montes e Lafaiete, o chamado Projeto Água Limpa, pertence ao grupo Atlântica Minas. A intenção é iniciar as operações ainda em setembro, mas a empresa enfrenta a dificuldade de rota de escoamento. O primeiro caminho, já licenciado LCA1 nº 026/2021, autorizava o escoamento pelas estradas de Santana dos Montes e Itaverava. A empresa optou pelo Distrito de Buarque de Macedo, porém a comunidade rejeitou a proposta.

Em uma reunião realizadahá mais de um mês, foi apresentada uma nova rota que sai da sede da empresa passando pela estrada rural de São Vicente para ganhar a BR 040 pelo Bairro Santa Matilde até Murtinho onde o minério de ferro será escoado via linha férrea.

Os representantes da empresa informaram que a reunião era apenas uma consulta e que a rota é uma proposta que ainda depende de um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) que seria apresentado a prefeitura. Em meio a rejeição da rota, a comunidade teme pelos impactos, pois serão 40 caminhões ao dia em circulação aumentando a poeira, poluição sonora, riscos e insegurança. Os moradores alegam que a estrada não comporta este volume de trânsito pesado.

Prefeito propôs solução

Já ao final da reunião, veio uma solução: o prefeito da cidade de Itaverava, Delei do Bananal (PL), pediu a palavra, e manifestou apoio a comunidade de São Vicente de Paula e apresentou como solução o escoamento do minério pela estrada do município, que já possui via adequada com investimentos já promovidos para atender o escoamento. Inclusive ele citou que o Município foi penalizado com uma multa ambiental de R$170 mil ao ampliar a estrada para trânsito de pesados.

O empreendimento

O Projeto Água Limpa, empreendimento da Carijós Mineradora Ltda., está situado na zona rural de Itaverava, entre as divisas de Santana dos Montes e Conselheiro Lafaiete. A mineradora vai iniciar operações de lavra a céu aberto de minério de ferro, disposição de pilhas de rejeito/estéril e funcionamento de uma Unidade de Tratamento de Minerais (UTM) com processo a seco, sem barragem. A produção prevista é de 550 mil toneladas de minério de ferro por ano, com beneficiamento de até 750 mil toneladas/ano.

De acordo com o Plano de Controle Ambiental (PCA), o empreendimento terá vida útil estimada em 10 anos e não utilizará água nas operações, uma vez que todo o processo ocorrerá a seco. A área diretamente afetada ocupa cerca de 12 hectares, sendo 5 hectares destinados à pilha de estéril/rejeito.

Também não foram divulgados os valores de investimento nem de arrecadação de impostos, como a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), porém os valores oriundos do imposto serão destinados a Lafaiete e Itaverava proporcionalmente.

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