×

Quem disse que Lafaiete não fabrica violas de Queluz? Projeto encerra ciclo histórico com retorno da produção do instrumento

Impactando mais de 2 mil estudantes e formando novos propagadores da cultura, o projeto Viola e Violeiros de Queluz celebra encerramento da fase I da atividade. O evento realizado no fim de semana no Espaço Cultural “José Robert” no bairro Chapada em Conselheiro Lafaiete contou com a presença do coordenador do projeto, Reinaldo Meireles; do presidente do Iepha-MG (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico d Minas Gerais, Paulo Roberto Meireles do Nascimento; do presidente do Conselho Municipal de Patrimônio, Luiz Otávio da Silva.

Alcione Meireles e Larissa Meireles, descendentes de antigos fabricantes de violas de Queluz e os representantes da Rádio Estrada Real FM, Marlon Andrelucco e José Carlos Vieira também prestigiaram o evento. A classe artística regional marcou presença com a visita de Luiz Luthier, da cidade Congonhas e vários violeiros.
Em clima de profunda emoção e reverência à história o projeto “Viola e Violeiros de Queluz” encerrou seu ciclo de atividades neste ano de 2025 em Conselheiro Lafaiete. Durante dois dias intensos, o espaço cultural abriu as portas para familiares, alunos e amantes da cultura caipira celebrarem não apenas o fim de uma etapa, mas a resposta definitiva a uma dúvida que pairava no ar: quem disse que Lafaiete não tem novos violeiros e não fabrica mais Viola de Queluz?
O ponto alto da celebração foi a apresentação musical dos alunos do curso “Saber Tocar” que oferece aulas de viola gratuitamente. Também houve a apresentação dos resultados do curso “Saber Fazer” no qual os alunos agora iniciados na arte da luthieria, exibiram com orgulho as violas de Queluz que fabricaram com as próprias mãos durante o curso.
O projeto possibilitou o retorno da fabricação de viola de Queluz, instrumento que é Patrimônio Imaterial do Município de Conselheiro Lafaiete. O instrumento voltou a ser produzido na cidade com as regras e características que eram usadas na fabricação das antigas Violas de Queluz produzidas no século XIX e início do século XX em oficinas das famílias Meirelles e Salgado. Os novos instrumentos simbolizam o renascimento prático do patrimônio.

Música e Emoção

A celebração seguiu com a entrega dos certificados para os alunos e uma linda apresentação dos alunos do curso “Saber Tocar Viola”, que executaram clássicos da música caipira. Momentos de grande simbolismo marcaram os dois dias, como a execução do Hino Nacional Brasileiro ao som da viola caipira tocada violeiro Fabrício Viola, além de apresentações musicais de alunos do projeto.
O sucesso dessa engrenagem é fruto da equipe liderada pelo coordenador e idealizador Reinaldo Meireles, com a consultoria técnica de Mauricéia Maia, o mestre luthier Reginaldo Gonçalves (Regis) e o professor de viola Pedro Henrique. Apesar da alegria, Reinaldo Meireles lamentou a ausência sentida de representantes da administração municipal. “Lamentamos que nenhum representante da Secretaria de Cultura do nosso município tenha comparecido”, pontuou, ressaltando a contradição de o município não prestigiar seu bem cultural mais famoso.
Ao fim, o sentimento que fica resume a missão cumprida do projeto “Viola e Violeiros de Queluz. De um legado quase perdido, a um futuro resgatado.

Um Gigante da Preservação: Os Números do Projeto

Mais do que uma festa, o evento marcou o êxito de uma jornada de 10 meses de trabalho ininterrupto. O projeto foi muito além da oficina: ele se tornou um polo de irradiação cultural. Os resultados impressionam: foram mais de 30 pessoas impactadas diretamente pelos cursos, criando uma nova geração de detentores do saber.
Além disso, o projeto rompeu os muros do espaço cultural e foi às escolas com palestras, atingindo a marca expressiva de mais de 2.000 alunos da rede de ensino, plantando a semente da educação patrimonial. O espaço cultural também se consolidou como ponto turístico, recebendo centenas de visitas espontâneas ao longo do ano.

Receba Notícias Em Seu Celular

Quero receber notícias no whatsapp