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O que diz a lei sobre perfurar um poço artesiano na própria casa?

Ter um poço artesiano passou a ser uma alternativa comum em propriedades urbanas e rurais que enfrentam falhas de abastecimento ou desejam reduzir custos com a conta de água.

Apesar disso, a perfuração e o uso desse tipo de poço são atividades altamente reguladas no Brasil. Quando não seguem as exigências dos órgãos ambientais e de recursos hídricos, o poço pode ser enquadrado como irregular e até caracterizar infração ambiental.

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Em 2025, o tema chama atenção justamente porque muitos poços funcionam sem qualquer registro oficial. A perfuração atinge diretamente os aquíferos subterrâneos, que são reservas estratégicas de água doce.Logo WhatsApp

Um projeto mal planejado ou executado sem supervisão técnica pode gerar contaminação, reduzir a disponibilidade de água na região e causar conflitos de uso, o que explica a necessidade de licenças e controles específicos.

Poço artesiano é crime? Em que situações ele é considerado clandestino?

A palavra-chave central nesse debate é poço artesiano clandestino. O poço deixa de ser apenas uma estrutura de captação de água e passa a ser problema jurídico quando é perfurado, operado ou mantido sem autorização dos órgãos competentes.

A irregularidade costuma surgir em três momentos principais: ausência de licença para perfuração, falta de outorga de uso da água e descumprimento das normas técnicas de construção e proteção sanitária.

Um poço artesiano pode ser considerado clandestino, em linhas gerais, quando:

  • É aberto sem qualquer licença de perfuração emitida pelo órgão ambiental estadual ou por entidade equivalente;
  • Não possui outorga de direito de uso da água ou dispensa formalmente concedida;
  • Não observa normas técnicas da ABNT, como exigências para revestimento, vedação e proteção do aquífero;
  • Nunca foi cadastrado nos sistemas oficiais de controle de recursos hídricos;
  • Continua em operação mesmo após embargo ou determinação de lacre por órgão fiscalizador.

Nessas condições, o proprietário pode ser enquadrado em infrações previstas na Política Nacional de Recursos Hídricos e em legislações ambientais estaduais, sujeito a sanções administrativas, civis e, em alguns casos, penais.

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Para que o poço artesiano regularizado exista de forma segura, é preciso seguir um roteiro básico de licenciamento.

O processo pode mudar um pouco de um estado para outro, mas costuma envolver três eixos principais: aprovação do projeto, controle técnico da obra e autorização para uso da água subterrânea.

A participação de geólogos, engenheiros e empresas especializadas é essencial para garantir que o poço seja aceito pelos órgãos públicos.

Entre as exigências mais comuns estão:

  1. Licença de perfuração
    Emitida pelo órgão ambiental ou de recursos hídricos, autoriza a abertura do poço em local e profundidade definidos. Para isso, são avaliados fatores como:
    • características geológicas da área;
    • distância de fossas, cemitérios, postos de combustível e outras fontes de contaminação;
    • interferência com sistemas públicos de abastecimento;
    • demanda estimada de água.
  2. Projeto técnico e responsabilidade profissional
    O projeto precisa ser elaborado por profissional habilitado, com ART ou documento equivalente, indicando método construtivo, diâmetro, profundidade, revestimentos e sistema de bombeamento.
  3. Atendimento às normas da ABNT
    Normas como a NBR 12212 (projeto de poços tubulares) e a NBR 12244 (construção de poços tubulares) estabelecem padrões para evitar contaminação, perdas e riscos estruturais.
  4. Outorga ou dispensa do direito de uso da água
    Documento que define o quanto de água pode ser captado, por quanto tempo e para qual finalidade (doméstica, industrial, agrícola, comercial etc.). Em captações pequenas, alguns estados permitem dispensa de outorga, mas essa dispensa também precisa ser formalizada.
  5. Licença ou controle sanitário
    Quando o poço fornece água para consumo humano, costuma ser necessária licença ou acompanhamento da vigilância sanitária, com análises periódicas de qualidade da água.

Quais são as principais consequências de um poço artesiano ilegal?

O funcionamento de um poço artesiano ilegal pode gerar efeitos em três frentes: financeira, ambiental e jurídica.

No aspecto econômico, além das despesas com eventual regularização, o proprietário fica sujeito a multas que variam conforme a legislação estadual e a gravidade da infração.

Há casos em que os valores são calculados por dia de uso irregular, o que amplia consideravelmente o montante devido.

Do ponto de vista ambiental, um poço feito sem critérios pode:

  • Criar rotas de contaminação entre a superfície e o aquífero;
  • Comprometer a qualidade da água de outros poços da região;
  • Reduzir a disponibilidade de água subterrânea, afetando propriedades vizinhas;
  • Dificultar o monitoramento dos aquíferos pelos órgãos gestores.

No campo jurídico, a legislação brasileira prevê sanções como advertências formais, multas simples ou diárias, embargo provisório da captação e até determinação de tamponamento definitivo do poço.

Em situações de dano comprovado ao meio ambiente ou de descumprimento reiterado de ordens administrativas, podem surgir ações civis públicas, pedidos de indenização e responsabilização criminal, a depender do caso concreto e das normas locais.

Como evitar que o poço seja considerado clandestino?

Para afastar o risco de ter o poço classificado como clandestino, o caminho mais seguro é planejar o projeto desde o início com base nas exigências legais. Algumas medidas costumam ser decisivas:

  • Consultar previamente o órgão gestor de recursos hídricos do estado;
  • verificar se a área possui restrições, zonas de proteção ou histórico de contaminação;
  • Contratar profissionais habilitados para estudo hidrogeológico e execução da obra;
  • Guardar todos os laudos, relatórios, ARTs, licenças e comprovantes de outorga;
  • Realizar análises periódicas da água e manutenções preventivas no poço.

Ao seguir essa rotina e manter a documentação em dia, o proprietário tende a reduzir riscos de autuações, preservar o aquífero e garantir que o poço artesiano funcione como uma fonte de água segura, estável e alinhada às normas ambientais vigentes.

FONTE: O antagonista

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