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República federal x república privada: saiba como funcionam as residências estudantis em Ouro Preto

Nas repúblicas privadas, moradores têm que arcar com todos os gastos. Nas federais, os estudantes não precisam pagar aluguel, já que os imóveis pertencem à universidade.

Uma das principais alternativas de moradia para estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), na Região Central de Minas Gerais, as repúblicas têm regras próprias e processos de seleção autônomos.

Enquanto nas repúblicas federais as residências são da universidade e os moradores não precisam pagar aluguel, nas privadas, os estudantes têm que arcar com todos os gastos. Na última semana, uma república particular afirmou ter perdido cerca de R$ 500 mil, que seriam usados na compra de um imóvel. Um dos moradores é suspeito de desviar o dinheiro.

Entenda como funcionam as repúblicas federais e privadas e as diferenças entre elas:

Como é a gestão das repúblicas federais? Os estudantes têm gastos? E a gestão das repúblicas privadas?

As repúblicas federais são geridas pelo sistema de gestão compartilhada. A UFOP realiza a cessão de uso para estudantes matriculados na graduação ou na pós-graduação, e os próprios moradores são responsáveis pela conservação e manutenção dos imóveis. Os alunos não precisam pagar aluguel, mas devem arcar com os demais custos da casa, como internet, energia e alimentação.

Já nas repúblicas privadas, a gestão é autônoma e independente da UFOP. Geralmente, as casas são alugadas, e os moradores são responsáveis por arcar com todos os gastos: aluguel, internet, energia, água e outros. Eles costumam realizar eventos para arrecadar dinheiro, seja para ajudar nas contas de casa ou comprar novos mobiliários, por exemplo.

Quem é responsável pela seleção de novos moradores das repúblicas?

No caso das repúblicas federais, os próprios moradores realizam o processo de seleção. Cada república conduz esse processo de forma independente. À UFOP, cabe o cadastro dos moradores e o acompanhamento pedagógico.

Nas repúblicas privadas, os responsáveis pela seleção também são os moradores. Neste caso, não há cadastro dos estudantes por parte da UFOP.

As repúblicas devem cumprir alguma regra nos processos de seleção?

As federais, sim. Segundo a UFOP, os processos de seleção devem ter duração máxima de três meses e avaliar “o espírito de solidariedade e senso de comunidade” dos candidatos.

A resolução 1.540 do Conselho Universitário da universidade determina, ainda, que os estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica provenientes de municípios distintos de Ouro Preto e Mariana sejam priorizados no ingresso às repúblicas.

Já as repúblicas privadas são totalmente autônomas. Cada uma pode criar os próprios critérios e regras na seleção de novos moradores. Os processos duram, em média, seis meses.

Como são os processos de seleção?

Isso varia entre as repúblicas. Em alguns casos, tanto nas privadas quanto nas federais, os estudantes devem cumprir tarefas domésticas, como recolher o lixo, abrir a porta, atender o telefone e lavar a louça.

Há relatos, no entanto, de repúblicas que ainda mantêm a prática de “trotes” envolvendo, por exemplo, o consumo excessivo de bebida alcoólica. Segundo o estudante Augusto Lima, morador de uma república privada em Ouro Preto, elas são minoria.

“O sistema republicano tem mais de 100 anos e, obviamente, carrega consigo também preconceitos, formas de opressão, mas que não são exclusivas do sistema, são formas que estão presentes na sociedade. É um sistema inserido dentro de uma sociedade com diversos tipos de opressão”, afirmou Augusto.

O Conselho Universitário da UFOP proíbe o trote estudantil. A universidade considera trote atividades que:

  • envolvam ou incitem agressões verbais, físicas, psicológicas ou morais;
  • promovam, causem ou resultem em atos lesivos ao patrimônio público ou privado, ou causem qualquer transtorno ao bom andamento de atividades didáticas e acadêmicas;
  • envolvam qualquer forma de coação física ou psicológica que implique ridicularizarão ou humilhação de discentes ou, ainda, menosprezo à dignidade da pessoa humana;
  • obriguem ou coajam qualquer discente à ingestão de álcool e outras drogas ou a fazer uso de outras substâncias que atentem contra sua saúde;
  • obriguem ou coajam qualquer discente a utilizar vestimentas, acessórios que lhe causem constrangimento;
  • evidenciem qualquer forma de opressão, preconceito ou discriminação;
  • estabeleçam e/ou reforcem situações de hierarquia definidas por tempo de residência, tempo de universidade, gênero e sexo, cursos e áreas de formação, dentre outros, imprimindo relações de subordinação e desrespeitando a diversidade;
  • evidenciem qualquer intolerância política, ideológica ou religiosa;
  • produzam qualquer ação que obrigue os discentes a praticarem atos que configurem situação vexatória ou outras formas de humilhação e constrangimento.

FONTE G1

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