Com o investimento bilionário em uma rodovia estratégica, o país que mais cresce no planeta avança para se integrar fisicamente ao Brasil e abrir uma nova rota comercial na América do Sul.
O país que mais cresce no planeta, a Guiana, decidiu transformar o mapa econômico da região. Um projeto de R$ 5 bilhões está em andamento para conectar a capital Georgetown à fronteira com Roraima, criando uma ligação terrestre direta com o Brasil. A nova rodovia, que substituirá a antiga estrada de terra conhecida como El Sendero, reduzirá o tempo de transporte de 21 dias para apenas 48 horas — um salto logístico inédito na história recente do país.
Com economia baseada em petróleo e mineração, a Guiana vive um boom que multiplicou seu PIB por seis em apenas uma década. O país, que era praticamente desconhecido na geopolítica global, tornou-se o principal destino de investimentos no Caribe e um novo centro de interesse estratégico para as potências mundiais.
A rota que pode mudar o eixo econômico do norte sul-americano
A estrada de quase 500 quilômetros ligará Georgetown à cidade de Lethem, na fronteira com o Brasil.
De lá, o fluxo seguirá até Boa Vista (RR) e depois até a BR-174 e os grandes corredores logísticos da Amazônia brasileira.
A conexão promete integrar economias, reduzir custos e aproximar dois mercados que juntos somam mais de 20 milhões de pessoas.
Para o ministro de Obras Públicas da Guiana, Juan Edghill, a obra é “um ponto de inflexão” para o futuro do país.
Segundo ele, o projeto vai revolucionar o comércio com o norte do Brasil e criar um corredor continental que se estenderá até o porto de águas profundas de Palmyra, em construção no litoral atlântico.
Hoje, produtos brasileiros que partem da Amazônia demoram até três semanas para chegar ao mar pelos rios.
Com a nova estrada, esse tempo cairá para dois dias, abrindo espaço para exportações mais rápidas e competitivas.
O motor de crescimento mais veloz do mundo
A Guiana registrou números impressionantes nos últimos anos.
Entre 2020 e 2024, o país manteve taxas de crescimento acima de 30% ao ano, alcançando 63% em 2022 e 43% em 2024, segundo o Banco Mundial.
Com uma população de apenas 800 mil habitantes, o boom do petróleo fez o PIB saltar de US$ 4,2 bilhões em 2015 para US$ 24 bilhões em 2024.
Esse avanço tornou o pequeno país o exemplo mais claro de transformação econômica acelerada do século XXI.
O desafio agora é garantir que o crescimento se traduza em infraestrutura moderna, emprego e integração regional — e a nova rodovia é o símbolo dessa transição.
Entre petróleo, fronteiras e disputa territorial
O projeto também carrega implicações geopolíticas.
A estrada atravessa o Essequibo, região rica em petróleo e minérios, reivindicada há décadas pela Venezuela.
A nova via deve facilitar a presença do governo guianense na área e permitir o deslocamento de tropas e equipamentos, reforçando o controle do território.
“O Essequibo faz parte da Guiana”, afirmou Edghill, destacando que a região abriga comunidades indígenas e atividades florestais em expansão.
A rodovia, além de eixo econômico, é uma ferramenta de afirmação territorial.
Progresso inevitável, mas com impacto local
Em Kurupukari, onde a ponte sobre o rio será construída, pequenos comerciantes já sentem a mudança.
Michelle Fredericks, dona de uma barraca de fast food, precisará se mudar para abrir espaço à obra, mas encara o futuro com otimismo.
“Pode ser uma coisa boa para mim. Não se pode lutar contra o progresso”, diz.
A previsão é que a rodovia fique pronta até 2030, com 50 pontes e quatro grandes trechos pavimentados.
Quando concluída, ela transformará a Guiana em um hub logístico entre o Atlântico e o interior da Amazônia, conectando portos, indústrias e centros agrícolas.
E você, acredita que essa ligação entre o país que mais cresce no planeta e o Brasil pode redefinir a economia da Amazônia e do norte sul-americano?
FONTE: CLICK PETRÓLEO E GÁS



