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Garimpando: Notícias de Conselheiro Lafaiete 18

GARIMPANDO NO ARQUIVO JAIR NORONHA

                                        Avelina Maria Noronha de Almeida

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NOTÍCIAS DE CONSELHEIRO LAFAIETE – 18

 

O tempo foi passando…

A Irmandade do Santíssimo, sempre ajudada pelo povo, continuava a realizar obras e a preservar o templo de Nossa Senhora da Conceição.

O povo começou a ser explorado pela coroa, através da cobrança do quinto (era um tipo de imposto) e a revolta era grande. Muitos diziam: “O rei está tirando o alimento de nossa boca”.

Até que um dia…

19 de setembro 1790 Aconteceu o que tanto sonhara o povo de Carijós: a criação da vila. Uma petição fora feita ao Senhor Visconde  de Barbacena e enviada a D. Maria I, rainha de Portugal. Entre outras coisas, dizia:

“Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde de Barbacena. A Vossa Exa. expõem, reverentemente os Moradores das Freguezias de Nossa Senhora da Conceição dos Carijós, e de Congonhas do Campo, e de Santo Antonio da Itaberava, quê, formando todos huma povoação conjunta de quasi vinte mil pessoas, com suficientes fundos, propriedades e terras incultas, e distando das vilas de São Joze, São João, Villa Rica e Mariana por onde são demandados mais de quinze, vinte e trinta legoas, por asperas Serras, caminhos Solitarios e passagens de Rios, sem que a justiça possa amparar prontamente os orfaons e Viuvas pobres, nem defender a tranquilidade publica de alguns facinoras e Saltiadores; Desejão os suplicantes merecer a Sua Magestade Fidelissima, o Foral e criação da nova Villa com Corpo de Camara, Juiz Ordinario e de Orfaons, Vereadores, Tabelliaens, e mais Offeciais competentes, no Campo Alegre de Carijós;” e prosseguia o documento com mais considerações.

Visconde de Barbacena /Imagem da Internet

No dia tão esperado, o povo, dominado pela alegria, reuniu-se na Praça Nova. O Senhor Visconde de Barbacena chegou acompanhado de luzida comitiva e, lá no prédio da Câmara, assinou o Auto de Criação da vila. No termo lavrado em um livro especial, estavam arrolados o dia da inauguração, o nome da vila, os limites e confrontações de seu território, os nomes do ouvidor, do capitão-mor da vila e das outras autoridades.

ESTAVA CRIADA A REAL VILLA DE QUELUZ!

Em seguida, como narra o Auto de Levantamento, “sendo presente o Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde de Barbacena do Conselho de Sua Magestade, Governador e Capitão General desta Capitania de Minas-Gerais, e o Doutor General, e Corregedor desta Comarca, com os Moradores, Nobreza e Povo tanto da dita Real Villa novamente erecta como dos Arrayaes convezinhos; pello mesmo Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Visconde General foy mandado levantar o Pilorinho da referida Villa, o qual, com efeito se levantou, com a solenidade do estilo, no lugar que para isso se considerou mais proprio e acomodado, e vem a ser a Praça Nova, que fica no meyo da Villa, entre as Cazas destinadas para a Camara, e a Igreja Matriz, cujo acto se fez, e concluhio repetindo todos em altas vozes, e sucessivas aclamaçoens – Viva a Rainha Nossa Senhora Dona Maria primeira…”

Rainha D. Maria Primeira /Imagem da Internet

Enquanto isso, os sinos das igrejas (Matriz, Santo Antônio e Nossa Senhora do Carmo) badalavam alegremente, a força miliciana deu uma descarga de seus mosquetes, alguns moradores davam salvas de suas roqueiras (peça de artilharia que atirava pelouros, que eram balas de metal com que se carregavam muitas das antigas armas de fogo) e todos gritavam vivas.

Casa da Câmara – Pintura de Lygia Seabra

A Câmara foi instalada no casarão de Manoel Albino de Almeida, que alugou um pedaço de sua grande casa para ser a Sede da Câmara. Ficava na atual Avenida Prefeito Mário Rodrigues Pereira, em frente ao Pronto Socorro. A primeira foto é de uma pintura de Lygia Seabra.

Casa da Câmara de Queluz – década de 30 /Imagem da Internet

A Câmara foi instalada no casarão do Guarda-mor Manoel Albino de Almeida. Ficava na atual Avenida Prefeito Mário Rodrigues Pereira, em frente ao Pronto Socorro. A primeira foto é de uma pintura de Lygia Seabra.

FOI ASSIM, DESSA MANEIRA TÃO BELA, TÃO ALEGRE, TÃO FELIZ QUE NOSSA CONSELHEIRO LAFAIETE VIVEU O PRIMEIRO DIA DE SUA VIDA INDEPENDENTE.

MAIS ALGUMAS INFORMAÇÕES

O Pelourinho, distintivo das vilas, ficava mais ou menos em frente ao local onde termina a Rua Afonso Pena. Não temos fotos dele, mas qualquer pessoa pode ver os degraus dele, que, quando ele foi destruído, foram levados para serem base do chafariz da Praça Barão de Queluz. Eram quatro, mas apenas são vistos três porque um deless, numa época muito antiga em que aterraram a praça, ficou debaixo da terra. No degrau do meio do chafariz, numa das pedras do pelourinho, fica o nosso POLO GEODÉSICO, que participa da indicação de localizações do Mundo e serve, inclusive, para marcar rotas para os aviões.

Chafariz /Imagem da Internet

Estes degraus que estão no chafariz e o prédio em que foi instalada a Câmara em 1790 até tempos atrás eram os vestígios que havia daquele dia do passado.      Porém no sobrado que foi onde se instalou naquele dia a Câmara, aconteceu um incêndio, não tenho certeza se foi em 1957 ou 1958. Foi queimada a parte de cima. Há tempos o resto foi jogado ao chão. Observem a beleza do portão de entrada da casa.

Incêndio no casarão no final da década de 50 /Imagem de acervo pessoal

Se o leitor quiser ter um contato material com o passado, sente-se nos degraus do chafariz, pois, a não ser os documentos, só eles RESTARAM EM NOSSA CIDADE COMO AS ÚNICAS MARCAS, LEMBRANÇAS materiais locais do que aconteceu no momento em que nossa terra adquiriu sua AUTONOMIA e se tornou a REAL VILLA DE QUELUZ.

 

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