No próximo sábado (14) acontece a segunda peregrinação à localidade de Retiro Velho, a 12 km de Entre Rios de Minas, na MG 270, onde nasceu e
viveu a “Santa” Manoelina dos Coqueiros (1911-1960).
No local, haverá o Terço dos Homens e a seguir reunião pública da Fraternidade Espírita Manoelina dos Coqueiros. O evento acontece às
14:30 horas. O data se refere ao dia do falecimento da “Santa” que despertou o Brasil com seus milagres.
Resgate
Há cerca de 2 anos, iniciou em Entre Rios de Minas um grande movimento de resgate da memória de Manoelina Maria de Jesus, a “Santa dos Coqueiros”.
No dia 14 de março do ano passado, data em que completava 59 anos de seu falecimento, uma estátua foi afixada na entrada da casa com uma fonte de água cristalina que banha os fiéis, como marco inicial do resgate histórico do centro de peregrinação. A imagem de Manoelina foi esculpida em pedra-sabão pelo artesão David Fuzatto, de Cel. Xavier Chaves, inspirada no desenho do artista entrerriano Daditto.
A estátua foi doação de Maurílio Oliveira. Ele concordou em transformar a antiga residência da “Santa” em local de peregrinação, sem exploração financeira, em um gesto de abnegação.
No dia 19 de março de 2019, a exemplo do que acontecia diariamente nos idos de 1930, uma multidão de fiéis (cerca de 350 pessoas), mais uma centena de veículos, se aglomeraram dentro da modesta casa e no seu entorno, para participar de uma Missa Campal, evento religioso que faz parte de um projeto que objetiva resgatar a história da “Santa de Coqueiros” como patrimônio cultural de Entre Rios, além de legitimar seu valioso trabalho assistencial de cura.
A reabertura do local para visitação pública era também desejo do proprietário Maurílio de Oliveira Resende, objetivando que “todos que
aqui vierem possam beber da água, fazer suas orações e sentirem a paz deste lugar”.
No ano passado, uma estátua- igual à do Retiro Velho- foi afixada na Praça Coronel Joaquim Resende, resultado de uma mobilização e do gesto voluntário do grupo através de doações.
Movimento
Para o idealizador do movimento, médico José Pedro Borges, a história de Manoelina dos Coqueiros faz parte da história e da cultura de Entre Rios de Minas. Diversas iniciativas fazem parte da ação do grupo, como a instalação de um memorial à Santa Manoelina, como também que a Igreja reconheça os milagres atribuídos à Manoelina, com o pedido de sua beatificação , por fim, o traslado para Entre Rios dos restos mortais, para serem guardados no Memorial em sua homenagem.
Vítima de uma anemia profunda, aos 49 anos de idade, em 14 de março de 1960, faleceu em Crucilândia (MG), Manoelina Maria de Jesus. A chamada Santa dos Coqueiros foi enterrada no cemitério paroquial de Crucilândia, na sepultura número 284″, onde os romeiros ainda a invocam e recebem muitas graças, deixando ali, como retribuição, muitas flores…
A história
Manoelina Maria de Jesus era moça simples, pobre, fervorosa, católica, gostava de cantar “benditos” (cantos religiosos com que são acompanhadas as procissões). Era pelos idos da década 1930, no povoado dos Coqueiros, a moça simples, pobre, fervorosa, que gostava de cantar “benditos” ganhou fama. Aos 19 anos, começou a processar “milagres” e alimentava-se apenas de vinho e água.
Naquela época, Entre Rios ficou conhecida no País inteiro, por causa de reportagens veiculadas na revista “O Cruzeiro” e no Jornal “A Noite”,
onde o repórter Davi Nasser narrava os milagres acontecidos em Entre Rios de Minas.
Consta que a “santinha” nunca recebeu dinheiro pelos milagres e que o lugarejo de Coqueiros estava sempre cheio de doentes e romeiros, já que a notícia dos prodígios que ela operava se espalhou por Minas e diversas regiões do Brasil em busca da cura dos males físicos e “da alma”.
O local tornou-se um centro de fé e curiosidade. Os poucos carros da época não davam conta de transportar os romeiros que vinham de toda parte, via Jeceaba. Chegavam cartas de todo o Brasil e até do exterior, as quais ela benzia e ateava fogo logo em seguida. Algumas pessoas afirmavam que as correspondências continham dinheiro, pois moedas de 1.000 réis e pesos eram vistas entre as cinzas dos papéis das cartas.
A historiadora de Crucilândia, Conceição Parreiras Abritta, registrou no seu livro História de Crucilândia (Belo Horizonte, Página Studio Gráfico, 1988, pp.100 e 102-103): “chegavam caminhões repletos de pessoas em sua casa, gente a pé, a cavalo, pessoas vindas de todos os lados. A família de Manoelina não tinha mais sossêgo nem para trabalhar.
Chegavam sacos repletos até às bordas de correspondência, muitas das quais traziam dinheiro”. Vestia-se de uma túnica azul comprida e um véu
branco na cabeça. Dormia em um catre de madeira, sem colchão e roupa de cama”.
Entre tantas versões, algumas apontam que, devido à sua fama, a Igreja a teria perseguido, inclusive internada como louca, transferindo-se,
juntamente com a família, para Crucilândia.
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