26 de abril de 2024 12:05

Consequências da pandemia vão ser sentidas até 2050 no Brasil

As consequências da pandemia, incluindo as sociais e emocionais, poderiam ser menores se mortes tivessem sido evitadas. O governo teve oportunidades disso e não aproveitou. Um exemplo seria a promoção do uso de máscaras, um lockdown de verdade, coisa que nunca aconteceu no país inteiro, e a compra mais cedo das vacinas. Mas como isso não aconteceu, os impactos do coronavírus serão sentidos na sociedade brasileira até 2050, é o que diz um estudo da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima).

O estudo integrou os dados epidemiológicos ao modelo econômico para identificar os impactos econômicos das mortes por covid-19. E o pior de tudo é que esse estudo foi baseado quando o Brasil tinha 400 mil mortos pela doença. Atualmente, o total ultrapassa 607 mil. O estudo também incluiu os dados sobre rendimento médio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). A análise envolveu parâmetros médios de expectativa de vida, por região e grupos etários.

De acordo com Edson Domingues, coordenador do grupo da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), “Uma pessoa que faleceu aos 50 anos teria pelo menos mais 25 anos, provavelmente, de idade econômica ativa, mais um período de aposentadoria. Toda essa renda futura foi perdida. No Brasil, há vários grupos familiares que dependem dessa renda”.

Impactos da pandemia de Covid-19 serão sentidos até 2050

Segundo as projeções do estudo, até 2050, os impactos da pandemia no PIB (Produto Interno Bruto) será sentido mais em alguns estados do que em outros, como no Amazonas (-1,38%), Acre (-1,35%), Rondônia (-1,2%) e Roraima (-1,1%). Por outro lado, alguns estados se sairão melhor na recuperação a longo prazo: Pará (0,34%), Tocantins (0,28%), Piauí (0,14%), Maranhão (0,12%), Minas Gerais (0,09%) e Espírito Santo (0,03%).

A pandemia teve impacto, obviamente, de curto prazo, com o fechamento do comércio, da indústria, de serviços, a perda dos deslocamentos, perdeu-se produção e emprego nos anos de 2020 e 2021. Isso é notório. Mas esse impacto de longo prazo, das fatalidades, é uma coisa pouco falada e muito pouco estudada”.

Domingues destaca que com o estudo é possível concluir que se mortes tivessem sido evitadas, os impactos econômicos a longo prazo seriam menores.

Diversos infectologista já mostraram que se você tivesse uma coordenação efetiva, ao nível federal, das políticas de restrição à atividade econômica de combate à pandemia, por exemplo, distribuição de máscaras, apoio aos estados na área hospitalar, um enfrentamento mais efetivo e coordenado nacionalmente das políticas de combate à pandemia teríamos menos mortes e menor impacto de longo prazo”.

Pesquisa deve ser atualizada

O estudo sobre as consequências da pandemia deve ser atualizado, já que hoje o número de mortos é de mais de 607 mil. “É quase 50% a mais do que a gente estimou de fatalidades. Esse impacto em longo prazo vai ser efetivamente bastante maior”, disse Domingues. A pesquisa também irá considerar a situação em cada estado: “Tivemos estados muito mais impactados do que outros, então a gente espera que esses números revelem uma figura mais adequada do longo prazo.”

As análises realizadas pela Rede Clima foram coordenados pela UFMG e pela Universidade de São Paulo (USP). A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) foram os responsáveis pela viabilidade financeira do estudo.

Segundo a Agência Brasil, o Ministério da Saúde não se posicionou sobre essa reportagem.

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