27 de abril de 2024 12:43

Concessão já tem ao menos 4 empresas interessadas e entidades contestam construção de nova rodoviária na BR 040; vereador prepara plebiscito

Fernando Albino confirmou que o projeto de concessão do rodoviária de Lafaiete como sua requalificação em terminal urbano/semiurbano e a construção de um novo equipamento às margens da BR 040 para receber embarques e desembarques intermunicipais já tem aos menos 4 empresas interessadas. “A cidade não pode perder este investimento da iniciativa privada melhorando a vida das pessoas e agregando ao centro urbano um atrativo comercial. O projeto de concessão deve ser levado adiante e é uma grande oportunidade de potencializar a vocação comercial da cidade”, salientou o especialista com mais de 20 anos de experiência em estudos de concessões. Ele foi um dos responsáveis pela elaboração da viabilidade econômica do projeto em Lafaiete.

Discussões

Depois de 3 horas de acalorados e tensos debates a Audiência Pública para discutir a concessão da rodoviária ocorreu no auditório da Faculdade de Direito (DFCL) com a presença dos técnicos que elaboraram o projeto, entidades empresarias, lideranças e representantes da prefeitura. Desde final de 2021, o projeto de terceirização do equipamento já vinha sendo debatido entre as diversas secretarias. Através de um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) viabilizou a realização de estudos relativos ao projeto de interesse público em conjunto com a iniciativa privada. Com isso, os interessados apresentam propostas e informações sobre empreendimento ou projeto a ser desenvolvido. Uma comissão multidisciplinar foi criada para acompanhar o projeto de concessão para posterior licitação e a escolha da melhor proposta.

O projeto é um audacioso plano de concessão e modernização do equipamento cujo investimento está na casa de R$28,5 milhões com uso comercial e locação da rodoviária e extinção do terminal de ônibus urbano na avenida. Na Praça Pimentel Duarte local será erguido um prédio de 6 pavimentos para exploração comercial e estacionamento. Ao longo de 30 anos de concessão a previsão de rendimento a concessionária é de R$180 milhões através de receitas e alugueis. O edital de concessão ainda não tem data definida de publicação, mas deve ocorrer no segundo semestre. Segundo dados, em 2022, quase 470 mil embarcaram na rodoviária.

Empresários e comerciantes são contrários/posição da Acias

Apesar da convergência de que a atual rodoviária precisa de revitalização, as lideranças comerciais criticaram duramente a construção de um novo equipamento na BR 040. “Em momento algum nós fomos consultados”. Assim desabafou o Presidente do SINDCOMERCIO, Bento Oliveira, recebendo aplausos de uma plateia de comerciantes. Ele criticou a logística de acesso a nova rodoviária distante 6 km do centro de Lafaiete. “A gente precisa alimentar ainda mais nossa vocação. 84% do PIB de Lafaiete vem do comércio. O projeto não pode condicionar uma solução a construção da nova rodoviária, acreditamos que isso precisa ser revisto”, pontuou.

O empresário, Robson Matos, que emprega mais de 400 funcionários e representantes do CDL-CL, também contestou a construção. “Isso é um absurdo. Não se pode levar um equipamento dessa monta para 6 km da cidade”, assinalou, cobrando um estudo do impacto econômico ao entorno da atual rodoviária. Outro fator ressaltado por Robson foi a construção do hospital regional perto da região central de Lafaiete. “Precisamos de um projeto que se volte para quem usa o transporte público e as entidades ficaram à margens das discussões”.

O Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Sincol), Carlos Fernando, dono da Viação Sandra, contestou os números que sustentam a viabilidade econômica da concessão e afirmou que o volume de ônibus no centro não é o gargalo do trânsito em Lafaiete. Já o Presidente da Câmara, Vado Silva (DC), lamentou a ausência de lideranças de bairros e associações comunitárias.

Kenedy Neiva, representante da Associação Comercial e do Conselho de Desenvolvimento Econômico, fez uma defesa do projeto e sua sustentabilidade, classificando com uma grande oportunidade de aporte financeiro na economia local e geração de empregos. “Estamos pensando da mesma forma, mas com olhares diferentes. Estamos querendo a mesma coisa mas posicionando de forma diferente. Precisamos potencializar as conexões dos ônibus interestaduais e transformar a nova rodoviária em um atrativo econômico e a sua área ao entorno para para a ampliação de demanda serviços e abertura de novos negócios”.

Novas ideias

Em sua fala final, o Secretário de Administração, Felipe Tavares, refutou, conforme ventilado, de que o projeto já estaria definido e formatado. “Optamos por realizar esta audiência para ouvir os mais variados setores e incorporar sugestões. Este projeto não foi concebido para prejudicar setores”, frisou. “A divergência é salutar e os interesses existem. Precisamos somar forças a este novo equipamento dando peso significativo e envolvendo todos os setores para o crescimento de Lafaiete”, destacou o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Rafael Lana.

O especialista, Fernando Albino, reforçou que o projeto tem duas convergências comuns entre as entidades comerciais: a revitalização da atual rodoviária e sua permanência no centro de Lafaiete.  “A gente pode dentro de uma composição do projeto alterar o cronograma para que a construção da nova do rodoviária seja construída em um prazo mais dilatado para ampliar e unificar as discussões”.
Pelo projeto inicial, em menos de 2 anos, o investidor garantiria a requalificação do terminal urbano e a construção do novo equipamento. A concessão já iniciaria ainda este ano.

Tensão

Um dos momentos mais tensos da audiência foi quando o Vereador João Paulo Pé Quente (União Brasil) se revoltou contra a mesa dos trabalhos cobrando a participação da plateia. As perguntas eram formuladas apenas por formulário escrito e lido pelo mestre de cerimônia. No início da audiência, o Secretário Felipe Tavares, insinuou que ele foi mal interpretado “com inverdades”. “Meu nome foi citado e agora não posso falar? Agora vê que está tudo marcado mesmo”, protestou Pé Quente deixando o plenário aos berros, juntamente com outros colegas. “Um representante do povo não pode ter sua voz calada”, prestou solidariedade ao vereador, o empresário Robson Santos. Vado Silva também cobrou mais respeito ao Legislativo.

Pebliscito

Ao longo da quarta-feira (1), diversas entidades se posicionaram sobre o projeto de concessão com posições bem antagônicas. O Vereador João Paulo Pé Quente apresenta hoje à noite (2) o requerimento de promoção de uma plebiscito para que a população decida sobre a construção da nova rodoviária na BR 040.

Mais Notícias

Receba notícias em seu celular

Publicidade