3 de maio de 2024 09:47

Segunda edição do Fórum Regional de Diversificação Econômica irá propor caminhos para o desenvolvimento a partir da vocação local

Após iniciar, em 2022, discussões sobre a nova economia, o meio empresarial e as instituições que o representam irão propor alternativas econômicas que garantam a independência das cidades em relação ao setor mínero-siderúrgico.     

O 2º Fórum Regional de Diversificação Econômica, que será realizado nestas quinta e sexta-feira (22 e 23 de junho), de 8h às 18h, na Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete (FDCL), promoverá discussões e debates que apresentem propostas práticas aos municípios mineradores para que estes consigam romper com a dependência econômica do setor mínero-siderúrgico, que perdura desde o século 18. ​ O evento reunirá lideranças empresariais e comunitárias, gestores públicos municipais e estaduais, representantes de empresas mineradoras, ONGs, agentes de desenvolvimento regional e outros atores-chave do território que abrange 11 municípios de Minas Gerais: Mariana, Itabirito, Ouro Preto, Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete, Congonhas, Catas Altas, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Conceição do Mato Dentro e Nova Lima. As próximas edições poderão contar com outras cidades que tenham as mesmas características destas.

As mudanças cada vez mais rápidas e profundas como os comportamentos de consumo, as relações de trabalho e as formas de se empreender têm causado impactos sensíveis sobre a geração de trabalho, emprego e renda na região.

“Como o Fórum possui abrangência regional, a tendência natural é que outras cidades venham a aderir a este movimento, já que a ação é de interesse estratégico de todos os municípios mineradores de Minas Gerais. Isto porque eles sabem que, em algum momento, haverá exaustão das minas. O que pode ocorrer em oito ou dez anos, como será o caso de Itabira, ou em 150 ou 200 anos, em outras cidades. Há a possibilidade de haver também declínio do valor da commodity, porque o minério pode se tornar desinteressante, especialmente o de baixo teor de ferro”, explica Gilmar Barboza, diretor da FORWARD Consultoria e consultor técnico do Fórum Regional de Diversificação Econômica. 

 “Nesta região do Estado, há uma grande dependência das grandes empresas que estão vinculadas à exploração de commodities minerais ou à siderurgia (commodity metálica). Estas companhias estão inseridas em mercados voláteis e que tendem à exaustão. Então nada mais inteligente do que as instituições de representação empresarial buscarem alternativas econômicas de maneira coletiva e proativa, para que os pequenos negócios, que correspondem ao maior contingente de empresas e empregos gerados nos municípios, contribuam para geração de impostos”, contextualiza o diretor da FORWARD Consultoria.

Gilmar Barbosa afirma ainda que, atualmente, o contexto socioeconômico em que as cidades mineradoras estão inseridas é altamente favorável à constituição de uma rede de cooperação interinstitucional, capaz de atuar, de forma coordenada, pela diversificação econômica regional, desde que se adotem estratégias inovadoras, sustentáveis e perenes de diversificação econômica, criando, assim, um modelo de atuação articulado entre os atores do processo de desenvolvimento socioeconômico. l

Fórum propositivo

Enquanto o 1º Fórum Regional de Diversificação Econômica, realizado em Ouro Preto em 2022, teve caráter conceitual e reflexivo, com a introdução de discussões sobre o turismo e o agronegócio de maneira genérica, a segunda edição irá propor ações práticas nestes e em outros setores produtivos sobre temas como Economia Criativa, Indicações Geográficas (registro conferido a produtos ou serviços característicos de um lugar, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria), Elementos Estruturantes do Desenvolvimento Econômico, Requisitos para Atração de Investimentos, Agroinovação e Cooperativismo. Também serão apresentados cases e realizadas oficinas Técnicas.

Os municípios envolvidos no Fórum Regional de Diversificação Econômica possuem vocação para desenvolverem produtos de alto valor agregado. Bons exemplos são o queijo de Conceição do Mato Dentro; os licores, compotas e doces de Ouro Preto; e o mel de Santa Bárbara e região. Segundo Gilmar Barboza, há uma série de produtos agrícolas que se conectam com o tema Indicações Geográficas, considerado o Santo Graal do desenvolvimento econômico, porque representa agregação de valor aos produtos, ganho significativo de mercados, possui componentes de governança, associativismo e combate a ‘falsificação e pirataria’ de produtos de natureza agrícola. O consultor técnico do Fórum afirma que “esta região de Minas possui inclinação natural para o agronegócio de alto valor agregado e para o turismo de experiências, que também se conecta com as indicações geográficas, porque as pessoas têm muito interesse em saber como um queijo, mel, própolis, apitoxinina, por exemplo, são concebidos. Os visitantes, em geral, demonstram interesse pela gastronomia, modos e costumes locais. E o melhor de tudo é que, a exemplo das indicações geográficas, o turismo de experiências se vincula à nova economia, aos empregos do futuro”. 

O 2º Fórum Regional de Diversificação Econômica é realizado pelas Associações Comerciais e CDLs das cidades envolvidas e tem o patrocínio da Cedro Mineração, Samarco, Vale, Sicredi Integração RS/MG, e Contad Contabilidade. Apoiam a iniciativa a Fundação Renova, Federaminas (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais.), FCDL MG (Federação da Câmara de Dirigentes Lojistas), Governo do Estado de Minas Gerais, Invest Minas (Agência de promoção de investimento e comércio exterior de Minas Gerais), ADOP (Agência de Desenvolvimento de Ouro Preto), Sebrae MG (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais), UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), UFV (Universidade Federal de Viçosa), FDCL (Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete), Bloom Consulting, Mastermind e Minas Platinum – Hotel e Convention. A gestão é feita pela Adesiap (Agência de Desenvolvimento Econômico e Social dos Inconfidentes e Alto Paraopeba).

Protagonismo

Até então, o que se percebe nesta região de Minas é que esse protagonismo na busca pelo desenvolvimento é exercido pelos poderes públicos constituídos e quase sempre com resultados questionáveis.

Um diferencial do Fórum de Diversificação Econômica é que o protagonismo é do meio empresarial que juntamente com o terceiro setor vão ser os principais agentes na busca por alternativas para se obter um cenário econômico melhor.

Este posicionamento, no entanto, não significa a exclusão do poder público do processo, tanto é que há excelentes vínculos de seus organizadores com o Governo do Estado de Minas e outros agentes públicos, como explica o anfitrião do Fórum, Amarildo Pereira: “Temos hoje grande participação do Governo de Minas, principalmente das secretarias de Estado de Cultura e Turismo e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Já na primeira edição Fórum estas secretarias se fizeram representar e agora estão ainda mais envolvidas, não só na cerimônia de abertura, com representantes das pastas, mas também com suas equipes apresentando as possibilidades de parceria com os empresários e as cidades. Isso só reforça nossa responsabilidade em continuar discutindo esse assunto que é tão importante para nosso estado”.

Fundo Soberano

O Fórum Regional de Diversificação Econômica propõe a criação de um Fundo Soberano, inspirado no da Noruega, que é uma das maiores produtoras de petróleo do Mundo, lançado no início dos anos 2000. Como as commodities minerais são exauríveis e possuem preços voláteis, aquele país constituiu o fundo para gerar um bolsão de proteção ao tema do desenvolvimento em âmbito nacional. No Brasil, municípios como Niterói-RJ, Campos dos Goytacazes-RJ e Conceição do Mato Dentro-MG instituíram modelos semelhantes conceitualmente ao da Noruega. 

“Atualmente, parte do ICMS e do IPI, por exemplo, retornam ao caixa do município por meio das transferências obrigatórias dos governos Federal e Estadual. Queremos com a consagração dos fundos soberanos que parte desta poupança seja destinada ao financiamento do desenvolvimento local e precisamos de um modelo que seja gestado e gerido mais pela sociedade e menos pelo poder público, porque este último não tem, de modo geral, feito uso adequado dos recursos. A elevação de produtos locais à condição de indicação geográfica pode ser viabilizada com estes recursos, por exemplo. Nossa região possui o pastel de angu de Itabirito, a pedra-sabão de Ouro Preto, o mel de Santa Bárbara, o vinho de jabuticaba de Castas Altas, entre outros produtos que podem chegar a este status de diferenciação e destaque”, exemplifica Gilmar Barboza. 

Inteligência de dados

Outra ferramenta que o Fórum Regional de Diversificação Econômica propõe é a inteligência de dados. Gilmar Barboza explica que “cada um tem a sua percepção de desenvolvimento. E é possível que, por isso, cada setor seja reforçado ou negligenciado por causa dessas percepções intuitivas. Quando reunimos às experiências das pessoas informações de inteligência de dados para tomada de decisão, conseguimos nos balizar por melhores referências. Um bom exemplo do uso da ciência de dados pode ser representado pela permanência ou perda de jovens que deslocam para outras regiões à procura de trabalho e educação de melhor qualidade. Isto porque perder jovens significa perder o extrato social mais importante da transformação de uma sociedade, sua capacidade criativa e laboral. Outro exemplo refere-se aos comportamentos de consumo, se produtos e serviços locais são valorizados pelos moradores, bem como se as pessoas compram mais pela internet ou no mercado tradicional de forma presencial. Com estas informações, as tomadas de decisão sobre propostas de políticas de interesse público se tornam muito mais fáceis”, exemplifica. 

Outro aspecto da Inteligência de Dados que começará a ser descortinado nesta segunda edição do Fórum Regional de Diversificação Econômica é o momento já vivenciado por algumas cidades mineradoras, quando começa o declínio do ciclo da arrecadação de impostos e da compensação financeira pela extração mineral, enquanto as despesas públicas se mantêm ou continuam a crescer. 

Palestras

Vários conteúdos do Fórum se conectam. A palestra Indicações Geográficas (IGs)“A nova fronteira do Desenvolvimento Econômico”, que será ministrada por Anselmo Buss, do Instituto Inovates, abordará todo este imenso potencial produtivo que esta região possui. Apesar de moroso, podendo demorar de dois a cinco anos para apresentar os primeiros resultados, o processo poderá culminar em resultados consideráveis. Minas Gerais possui exemplos clássicos de produtos que foram reconhecidos por meio das indicações geográficas e atingiram condições privilegiadas no mercado, como a cachaça de Salinas, o queijo do Serro e o queijo Canastra.

Gilmar Barbosa tratará de Inteligência de Dados, durante a Palestra ‘’Elementos Estruturantes do Desenvolvimento Econômico’’, quando irá demonstrar a situação potencialmente de risco que os municípios mineradores enfrentam ao se apropriarem das benesses dos royalties e da CEFEM, sem criar novas alternativas econômicas para os períodos de vacas magras. 

Joãozinho Leite, presidente da Cooperativa Sicoob Sarom e presidente da Associação Mineira dos Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo), da Serra da Canastra, irá ministrar a palestra “Cooperativismo como Agente de Desenvolvimento Local’’, apresentando um exemplo de grande significado econômico de um município – São Roque de Minas – que, há pouco mais de 25 anos, encontrava-se em plena condição de depressão econômica e que agora surge como um dos municípios mais promissores do estado, em função da sua matriz econômica. 

Essencial que o 2º Fórum Regional de Diversificação Econômica conte com um quórum qualificado, com a inteligência coletiva que apontará as melhores soluções, para que propostas e ideias promissoras possam se materializar. Esta é uma iniciativa do terceiro setor da qual precisam participar de forma ostensiva os empresários, educadores, líderes comunitários e representantes do poder público para que se estabeleça uma boa reflexão sobre o tema. 

O anfitrião do evento, Amarildo Pereira, lembra que “o Fórum Regional de Diversificação Econômica surgiu da identificação da falta de participação da iniciativa privada e de suas instituições representativas na discussão do futuro de nossas cidades e da região. Também importante frisar que, em algumas cidades, esse assunto sequer tem sido discutido, mesmo sendo tão importante e urgente”, e complementa: “Não podemos sempre esperar que o poder público seja o responsável pelas mudanças, é responsabilidade de todos discutir juntos nosso futuro e como queremos que nossas cidades se desenvolvam, como também onde o dinheiro que se arrecada com a mineração é investido”.

Confira a programação completa: https://www.forumregionalmg.com.br/events/2-forum-regional-de-diversificacao-economica

Serviço:

INSCRIÇÕES DO PÚBLICO: ENCERRAM DIA 20/06 – https://www.forumregionalmg.com.br/events/2-forum-regional-de-diversificacao-economica

LOCAL DO EVENTO: Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete – FDCL.

ENDEREÇO: Rua Lopes Franco, 1001 bl. C/D
Carijós – Conselheiro Lafaiete.

DATA / HORÁRIO: 22 e 23/06/2023 – 8h às 18h.

ABRANGÊNCIA DO EVENTO: 11 municípios.

PÚBLICO ESTIMADO: 200 participantes.

PERFIL DO PÚBLICO: Empresários associados às ACES, CDLS, Sindicatos patronais do comércio, autoridades e membros do governo do estado de Minas Gerais e Municipais, representantes de instituições de ensino e de outras instituições diretamente relacionadas ao tema de Diversificação e Desenvolvimento Econômico.

ENTRADA: gratuita.

*O atendimento à imprensa terá início às 7h.   

ASSESSORIA DE IMPRENSA (REVERBERAAA COMUNICAÇÃO!!!):

Márcio Elias Gomes Martins – (31) 9 8748-4944.

Alisson Ferreira Freire – (31) 9 9848-5663.

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