Relatos de moradores dão conta de que estava havendo uma festa quando policiais chegaram atirando; PM afirma ter sido atacada
Uma mulher, de 33 anos, afirma ter perdido a visão do olho esquerdo após ter sido atingida por uma bala de borracha durante ação da Polícia Militar (PM) em Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto, na região Central de Minas Gerais, no último domingo (30 de julho). Na ocasião, pelo menos 20 pessoas ficaram feridas e dez foram presas. Relatos de moradores dão conta de que estava havendo uma comemoração do Candeal, time local que venceu a 2ª Copa Gigantex, quando policiais chegaram atirando. A PM alega ter sido atacada pelos participantes.
Conforme a mulher, que pediu para não ser identificada, ela estava com a filha de 2 meses no colo quando teria sido atingida por uma bala de borracha. Ela, que também estava acompanhada do marido e da outra filha de 6 anos, afirma que passou por vários exames até receber a notícia de que perdeu a visão do olho esquerdo.
“Fui ao médico, fiz vários exames. Foi diagnosticado que perdi totalmente a visão. Houve hemorragia e rompimento da córnea”, conta ela.
De acordo com a mulher, ela viveu um “filme de terror” durante a ação policial. Ela afirma ter tido medo de a bala de borracha atingir a filha de 2 meses, que estava no colo, e que temeu pela vida da criança. Além disso, diz não entender, até hoje, a ação policial.
“Eu me pergunto o porquê. O local não tinha confusão, não tinha briga. Eram só jogadores, familiares em uma festinha de comemoração. Era um momento de muita importância para cada um que estava ali. Muitos criticam, perguntam por que eu estava lá com criança, amamentando, mas era uma festa em família”, diz ela, que deseja o bem para os policiais que participaram da ação. “Que Deus abençoe cada um desses policiais, as famílias deles, que eles não venham fazer com mais ninguém”, diz.
A reportagem pediu posicionamento da PM sobre a situação da mulher e aguarda retorno.
Chamada
Procurada após a ação, a PM de Ouro Preto informou, por nota, que foi acionada até o distrito por volta de 18h20 para atender uma chamada de “perturbação de sossego” — por conta do som alto que estaria incomodando moradores. Porém, a viatura teria constatado a existência de 300 pessoas, aproximadamente, e, por isso, solicitou apoio.
Ainda conforme a corporação, enquanto os policiais aguardavam a chegada do reforço, houve uma nova solicitação via 190 dando conta de uma “rixa” no local da comemoração. “As viaturas se depararam com dois veículos com som alto. Após a intervenção policial, alguns populares começaram a hostilizar os policiais com palavras e tentaram impedir a ação policial, ocorrendo agressões e arremesso de pedras’, justificou a PM.
Após o suposto ataque dos moradores, a PM alega ter reagido com uso de granadas de gás lacrimogênio, sprays de pimenta e balas de borracha. “Foi visualizado um indivíduo em meio à multidão portando arma de fogo e apontando na direção dos militares, seguido do barulho de estampido de arma, de forma que os militares fizeram uso de arma de fogo contra o cidadão que ameaçava a vida dos militares”, completou a corporação.
Com a confusão, dez pessoas foram presas. No entanto, a Polícia Civil informou que “os suspeitos, com idades entre 24 e 58 anos, foram, por meio da 2ª Central Estadual do Plantão Digital, conduzidos e ouvidos pela autoridade competente, sendo liberados em seguida mediante assinatura do Termo de Comparecimento”. A instituição ainda afirmou que as atividades de polícia judiciária estão sendo realizadas para apurar as circunstâncias que permeiam o fato.
FONTE O TEMPO