Para quem foi vítima do crime, o que fica é o sentimento de revolta
“A sensação é que tudo que a gente fez foi em vão. Em segundos você vê suas coisas indo embora e de uma forma injusta: não é porque você perdeu, é porque alguém levou”. É assim que o técnico em segurança Cláudio Márcio, de 31 anos, descreve a sensação de ter tido a residência invadida por ladrões. Vários pertences dele foram furtados, em novembro de 2021, no bairro Juliana, na região Norte de Belo Horizonte.
Os criminosos entraram na casa de Cláudio enquanto ele estava no trabalho, de madrugada, arrombando uma janela, e levaram bebidas, videogame, roupas e relógios – um prejuízo de mais de R$ 6.000. Após o acontecido, o técnico em segurança instalou câmeras de monitoramento e trinca reforçada na janela. “A gente fica no conforto, achando que está tudo certo, que nada vai acontecer. Mas é bom realmente pensar no pior e melhorar a prevenção em casa. A nossa realidade é essa”, avalia Cláudio.
José Rodolfo Fernandes, dono da empresa Minas Seg, especializada em segurança residencial, diz que a grande maioria das pessoas só procura por serviços de proteção após sofrer algum furto ou roubo. “Poucos trabalham com prevenção, mas a gente percebe que residências e lojas que têm algum sistema sofrem menos com a ação de bandidos”, diz José Rodolfo – a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) não tem estudos que comprovem esse efeito.
Já a pesquisadora Ludmila Ribeiro, do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG, diz que câmeras, alarmes e cercas elétricas não resolvem, já que os ladrões são capazes de burlar os sistemas e não se importam em serem filmados. “Tudo leva a crer que são pessoas altamente especializadas”, reforça.
Bandidos ‘cara de pau’
O dono da empresa Minas Seg, José Rodolfo Fernandes, acredita que quem pratica furtos e roubos está ficando mais “cara de pau”. “O criminoso tem ficado mais desinibido, não preocupa em ser filmado. Hoje, ele fica horas e horas tentando arrombar um portão, até mesmo com passagem de gente por perto”, exemplifica.
‘Furos’ de segurança
Ruas sem iluminação e policiamento e moradores ausentes. Quanto mais vulnerável for a casa, mais fácil ela vai se tornar alvo de ladrões. A falta de câmeras, concertinas e alarmes é mais um facilitador, mas, sozinhos, esses equipamentos não impedem a ação de bandidos.
A localização da casa pode ser outro fator de risco. “O crime contra o patrimônio é mais comum em bairros de classe média e classe alta, porque são residências que têm equipamentos de maior valor”, comenta o especialista em segurança pública Luis Flávio Sapori – a Sejusp não tem dados por bairro ou região.
Segundo a pesquisadora Ludmila Ribeiro, a melhor forma de evitar esses crimes é analisar quais são os “furos” da segurança. “Muitas vezes os furtos acontecem mais à tarde, quando as pessoas estão trabalhando, mas a PM só faz rondas à noite”, diz Ludmila. A PM, por sua vez, informou que analisa as ocorrências para identificar horários, dias e modo de ação dos bandidos.
FONTE O TEMPO