LAFAIETE REAGE: audiência define construção de novo asilo com apoio popular e de empresas; participanates dizem não a transferência de idosos

A sociedade reagiu. Assim pode ser definida o resultado final da audiência pública convocada pela Câmara de Lafaiete (MG), que diante da inviabilidade financeira, sanitária, estrutural, etc do Asilo Carlos Romeiro, enquadrado como Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), com quase 50 anos, o participantes decidiram pela construir uma nova sede com um novo modelo assistencial.

Ao final da reunião, que durou quase 3 horas, e ampla participação de diversos segmentos, que atenderam o chamado público, e definiram pela criação de uma comissão para iniciar as discussões da construção de um novo asilo, com iniciativa da prefeitura, apoio da Câmara, empresas, e principalmente com o engajamento popular. Lafaiete acordou para os desafios e é dever do poder público assegurar uma vida digna, com direitos a alimentação à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

O Asilo Carlos Romeiro é administrado de forma privada pela Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP).

A discussão

Na abertura da audiência, o Vereador Sandro José (PROS), autor do requerimento, citou a responsabilidade da prefeitura e da sociedade para garantir dignidade aos asilados e criação de perspectivas para superar o fechamento do Asilo Carlos Romeiro, já definido pela Sociedade São Vicente Paulo diante de mazelas e descalabros de gestões. “Estamos aqui em busca de uma solução compartilhada”, citou a Vereador Damires Rinarlly (PV).

A Secretária de Assistência Social, Magna Cupertino, reconheceu o papel do poder público, e adiantou que a prefeitura já vem executando ações para buscar uma alternativa para a construção de uma nova unidade assistencial e que mantém desde 2022, quando foi anunciado o fechamento do asilo, uma parceria constante e apoio permanente para manutenção plenas de suas atividades. Ela reconheceu a falta de diálogo com a atual diretoria. “Sempre foi muito difícil o diálogo. Sabemos que os idosos estão em lugar nada agradável”, disse, que através de um acordo a prefeitura cedeu um assistente social e psicólogo. Magna recordou que a prefeitura dispôs uma médica, mas foi dispensada pela direção do asilo, de forma unilateral, mas depois recontratada. “Já visitamos outras cidades para conhecer de perto a realidade de outros asilos e suas formas de administração. Sabemos das dificuldades financeiras. Já fizemos levantamentos diversos, inclusive de valores de aluguel para uma casa, custos diversos. Vivemos uma situação delicada que precisa de uma sinergia de toda a sociedade”, resumiu.

A Presidente do Conselho Municipal de Assistência Social, Crislaine Cristina Nascimento, discorreu sobre a legislação e a violação dos direitos humanos e que diante do fechamento, os idosos teriam seus direitos garantaidos ao acompanhamento de profissionais e reconheceu que o asilo não atende as legislações pertinentes.

Diane Assis, representante da Secretaria Municipal de Saúde, relatou o espanto com o fechamento do asilo e a transferência de idosos. “Como em 3 meses poderiam fechar e transferir os asilados? São seres humanos e não objetos e para tal precisam de atenção, carinho, respeito e cuidado como o legado deles e suas histórias de vida. Estamos juntos para chegar ao melhor para os assistidos”.

Novo asilo

O Presidente da Central da Solidariedade, Mauro José dos Santos, arrancou aplausos ao tocar na ferida da solução do problema. “A realidade é que faltaram vicentinos na direção do asilo e para tal veio uma pessoa de Ipatinga para assumir a instituição. E veio para encerrar suas atividades. A solução é construir um novo asilo”, assegurou.

A voz da sociedade

Mais de 10 representantes de diversos segmentos organizados e populares usaram da palavra na audiência. O principal foco das discussões foi a omissão da SSVP, as mazelas herdadas e as sucessivas malogradas administrações que deixaram uma dívida colossal inviabilizando a instituição, deteriorando seus serviços e sua capacidade assistencial. “Não vejo tanta dificuldade de se construir um novo asilo”, discorreu Professor Francis. “Precisamos criar uma força tarefa para salvar nossos idosos”, citou Ângela Sampaio.

Emocionada, a comunicadora Cristiane Corrêa citou seu trabalho voluntariado realizado ao longo dos anos no Asilo Carlos Romeiro e fez um apelo público. “Se depender mim, contem comigo. Os idosos não merecem deixar o local. A partir de hoje vamos resolver esta questão contando com o município e a sociedade para engajar nesta casa. O lafaietense é generoso e com uma ampla campanha podemos construir um novo asilo”.

A ex-vereadora Zilda Helena, cobrou mais assertividade e ação do poder público. “Defender o idosos é dever de todos nós”.

“Não temos como esperar o município ou Ministério Público. Precisamos agir para erguer um novo asilo”, sentenciou Débora Mara. “Esqueçamos o que ocorreu e temos que olhar para frente. Que os responsáveis paguem pelos seus erros”, completou.

Vereadores

“Foi falha do poder público”, citou o Vereador João Paulo Pé Quente, discorrendo sobre diversas administrações. “Os idosos não podem deixar Lafaiete e ficar aí negociando ou buscando vagas para eles em outras cidades”. “Os idosos não podem pagar por conta da má fé ou erros de outros”, pontuou o Vereador Eustáquio Silva (PV).

Fernando Bandeira (União Brasil) defendeu que através de um acordo entre Ministério Público, Justiça e a Prefeitura que se busque uma solução para manter o asilo em plenas condições de dignidade aos assistidos. “O problema é de toda a sociedade”, relatou Pastor Angelino.

Para fechar a audiência, o Vereador Pedro Américo (PT) fez um alerta do papel desempenhado pelas ações do SSVP. “Ai se não fossem eles. Os vicentinos desenvolvem uma grande contribuição ao nosso povo, ajudando os mais carentes. Não podemos culpar a SSVP por erros dos outros”.

O Ministério Público não participou da audiência, mas informou que atua para tutela e dignidade dos idosos na instituição. A SSVP não enviou representantes, atitude criticada pelos partaicipantes.

Situação

O asilo funciona atualmente com 33 assistidos e 31 funcionários. O déficit mensal é amortizado com campanhas de arrecadação e aporte financeiro da SSVP.

 

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