A iniciativa dos empresários Alessandro Rios e Antônio Alberto Júnior corre em paralelo à construção do complexo Enovila, que consumiu investimento de R$ 140 milhões
Minas Gerais se tornará um importante polo de produção de vinhos, se depender dos planos de Alessandro Rios, fundador da empresa de laticínios Verde Campo, que hoje pertence à Coca-Cola, e Antônio Alberto Júnior, sócio da panificadora Jeito Caseiro.
Os empresários estão à frente de um projeto de enoturismo que tem como ponto de partida a abertura de sua vinícola — localizada em um terreno de quase 2 milhões de metros quadrados em Bom Sucesso — para que pequenos produtores engarrafem os seus próprios rótulos. “O objetivo é esparramar vinhedos pelo Sul do Estado para que turistas possam visitar de 20 a 30 lugares diferentes”, afirma Alberto Júnior.
A ideia de criar uma rota do vinho não é por um acaso: há cerca de 108 milhões de consumidores no Brasil, mas o consumo anual da bebida — estimado em 2,7 litros per capita — é baixo se comparado ao da França e da Itália, por exemplo. Daí o interesse da dupla em apresentar ao público todo o processo da uva até a taça, que envolve cerca de 50 mil famílias e 1 mil vinícolas no país.
A iniciativa corre em paralelo à construção do complexo Enovila, que consumiu investimento de R$ 140 milhões. Trata-se de um empreendimento que abarca vinícola, represa, restaurante e casas que estarão à venda no sistema de compartilhamento. Os interessados adquirem cotas, que custam a partir R$ 360 mil, e não o imóvel em si. Essa fração dá direito ao sócio usar a casa durante quatro semanas por ano. A expectativa de Alberto Júnior é ter retorno do projeto até 2030.
Com o passe em mãos, os sócios podem usufruir da moradia uma semana em cada estação do ano e produzir seu próprio vinho. Embora sejam independentes, as casas serão unidas por um mesmo telhado e por uma única parede frontal. O intuito do renomado arquiteto Gustavo Penna foi fazer uma releitura das antigas vilas de Minas Gerais, como Tiradentes, Ouro Preto e Mariana. “A ideia foi dar uma sensação de comunidade.”
As primeiras 35 moradias começaram a ser construídas em fevereiro, e a expectativa é que sejam entregues até janeiro de 2027. Ao todo, serão 60 imóveis. Mas não será necessário esperar até lá para aproveitar o complexo. As visitas começam em julho, quando o restaurante do chef Kaliu Castro ficará pronto e será oferecida a experiência do ‘wine bar’ na represa do Funil, com almoços e coquetéis harmonizados com vinhos.
Hoje, a vinícola produz 20 mil garrafas que estampam a marca Alma Gerais no rótulo, e a estimativa é alcançar 100 mil rolhas em três anos. O vinhedo já teve duas safras, de 2022 e 2023, que inicialmente serão consumidas pelo restaurante. “Ainda não estamos distribuindo para revendedores, pois primeiro estamos fazendo um trabalho de mostrar que Minas Gerais possui bons vinhos. Só depois vamos tornar a nossa marca conhecida.”
Segundo o empresário, todo lucro do restaurante e das experiências de vinhos será destinado para o desenvolvimento local e para o projeto de enoturismo no Estado.
“Na Enovila, os sócios ficam com a parte boa de ser donos de uma vinícola, deixando os pepinos do processo por conta dos administradores. Isso é possível, pois ele se associa a um clube e não ao CNPJ da vinícola, como acontece na Argentina. Lá, muitos investidores acabaram desistindo depois que tiveram que negociar safras ruins”, afirma Alberto Júnior.