O estado enviou a maior equipe da história para salvamentos em outras regiões do país
“O dia começa muito cedo. Precisamos da luz para poder ajudar. Como conseguimos retirar 292 pessoas isoladas, agora, com nossa experiência de Brumadinho e Mariana, estamos focando nos desaparecidos e os soterrados. De volta, a lama”, foi assim que o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG), Tenente Henrique Braga, descreveu a ação dos mineiros na tragédia que assolou o Rio Grande do Sul.
“A sexta e o sábado foram dias de recompor as equipes, integrar os sistemas de comando e depois entender as prioridades. Agora, conseguimos salvar, desde domingo, 112 pessoas em Canoas – cidade completamente isolada pela chuva. Depois fomos em direção a São Leopoldo e Bento Gonçalves. Lá, foram feitos mais de 180 salvamentos em conjunto com outros Corpos de Bombeiros de todo o Brasil”, explica o tenente Henrique Braga.
Agora, a ação dos bombeiros de Minas é tentar achar desaparecidos e soterrados. Em Bento Gonçalves, foi montada uma base para poder ajudar a população. Com a experiência adquirida em outras missões, o CBMMG pretende utilizar na região um centro de resposta a desastres, estrutura que conta com os padrões da Organização das Nações Unidas (ONU). A base de operações, com várias tendas, possui estrutura logística autossuficiente, como posto de comando, refeitório, almoxarifado, alojamentos, áreas de descontaminação, bem como instalações para banho e higiene pessoal.
De acordo com o porta-voz Henrique Braga, em Bento Gonçalves cinco pontos são considerados críticos.
Nosso maior aprendizado é o risco de desastres. Aprendemos em Minas a criar sinais de alerta e como lidar com pré-desastres, além de como podemos mitigar os riscos e como podemos nos preparar. Mas, como isso não foi feito aqui, agora, precisamos procurar por soterrados. A dificuldade é enorme, já que onde o terreno é instável e pode acontecer um novo deslizamento. Mas, são muitos desaparecidos. Por isso, precisamos entender que o desastre passa por várias fases: primeiro, o salvamento, depois a ajuda humanitária
Tenente Henrique Braga
Especialização
Depois da tragédia de Brumadinho, em 2019, mais de 100 membros do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais foram enviados ao Japão para estudar a prevenção de desastres. A parceria é do governo de Minas com a província Yamanashi. A ação foi relembrada pelo comandante-geral do Corpo de Bombeiros mineiro, Erlon Botelho, também em conversa com o Estado de Minas. O coronel avaliou a atuação no Rio Grande do Sul como excelente, já que foi feita por um acionamento imediato pelos colegas de farda do Rio Grande do Sul.
“Nós enxergamos nossa atuação como positiva. Atuamos na primeira fase do desastre, que é a fase inicial com buscas de sobreviventes. A partir daí, estamos continuando nos próximos dias, já entrando na fase de pessoas desaparecidas. Nossa perspectiva é mantermos essa equipe pelo período de sete a dez dias e depois vamos verificar com o comando local a necessidade de mais apoios”
Coronel Erlon Botelho
Com experiências em missões semelhantes a do Rio Grande do Sul, os militares mineiros são, segundo ele, motivados pelo mesmo sentimento de solidariedade que receberam quando ocorreu o rompimento de barragem em Brumadinho, ocasião em que tiveram o apoio de quase todos os Corpos de Bombeiros Militares do Brasil.
O CBMMG também já atuou no auxílio técnico em eventos como os incêndios no Amazonas, na Operação Verde Brasil e em catástrofes ocorridas nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e no Vale do Taquari/RS, em outubro do ano passado. Já no cenário internacional, a corporação participou das ações humanitárias, coordenadas pela Agência Brasileira de Cooperação em Moçambique, Haiti, Turquia, Canadá e, mais recentemente, na Guiana.
FONTE ESTADO DE MINAS