14 de agosto de 2024 18:09

Cidades-esponja podem ser a solução para evitar enchentes

A tragédia do Rio Grande do Sul escancarou o que urbanistas e especialistas têm falado há décadas sobre a necessidade das cidades se adaptarem às mudanças climáticas.

Das 27 capitais brasileiras, 15 não possuem plano de mudança climática. Não possuem plano de prevenção de desastres, de mitigação ou adaptação às mudanças climáticas.

Foto área de Porto Alegre das áreas atingidas pela enchente (a esquerda)

Cidades-esponja são aquelas que conseguem manter a água de precipitação no local onde ela cai. A água não é desperdiçada em outros locais, permanecendo no local para um uso futuro, até um futuro de seca por exemplo. As cidades esponjas trabalham em harmonia com todo o ciclo hidrográfico, ou seja, com o ciclo da água desde a sua precipitação, até a sua captação, gestão hidrográfica na superfície do solo, absorção, infiltração e recarga do lençol freático.

“A gente não deve mais enfrentar, mas cooperar com a natureza.” arquiteta e urbanista Taneha Bacchin, Universidade Técnica de Deft, dos Países Baixos

Enchentes como as que o Rio Grande do Sul enfrenta nas últimas semanas devem se tornar mais comuns com as mudanças climáticas. Foi pensando nisso que o chinês Kongjian Yu, arquiteto e urbanista, desenvolveu o conceito “cidades-esponjas”, que busca através da infraestrutura, uma solução para os municípios afetados pelas fortes chuvas.  Yu, hoje um dos maiores arquitetos do mundo, é hoje o consultor do governo chinês.  A vila dele fica em uma área de monções, onde chove sem parar no verão. Quando se mudou para cidade grande, Yu entendeu por que ela inunda.

“Eu sou de uma pequena vila que tem um rio. Vivi 17 anos como agricultor, isso me ensinou como trabalhar com a natureza”, conta

“A natureza se adapta, é viva. O conceito de cidade-esponja é baseado no princípio de que a natureza regula a água”, explica.

Yu, já projetou obras em mais de 70 cidades, que hoje são capazes de receber mais chuva do que caiu agora no Rio Grande do Sul. Ele explica que há três pontos principais em todos os projetos que ele faz.

O primeiro ponto é reter a água assim que ela cai do céu: ele diz que 20% da área de toda fazenda tem que ser reservada para água em sistemas de açudes, para que ela não acabe toda indo pro rio principal. E que tem que haver áreas grandes permeáveis: porosas, não pavimentadas.

O segundo é diminuir a velocidade dos rios – “Quando você desacelera a água, você dá a oportunidade pra natureza absorvê-la. Para desacelerar, você usa a vegetação e cria um sistema de lagos”.

O terceiro ponto é adaptar as cidades para que elas tenham áreas alagáveis, para onde a água possa escorrer sem causar destruição: criar grandes estruturas naturais alagáveis para que a água possa ser contida por um tempo e, depois, rapidamente absorvida pro lençol.

A vila dele fica em uma área de monções, onde chove sem parar no verão. Quando se mudou para cidade grande, Yu entendeu por que ela inunda.

“Eu sou de uma pequena vila que tem um rio. Vivi 17 anos como agricultor, isso me ensinou como trabalhar com a natureza”, conta.

“A natureza se adapta, é viva. O conceito de cidade-esponja é baseado no princípio de que a natureza regula a água”, explica

O projeto de uma cidade esponja deve possuir a dimensão multe escalar. Seu desenho, deve ser pensada desde a escala de a escala regional até a escala urbana. Na escala regional, o projeto deve considerar as grandes bacias hidrográfica, as sub-bacias e microbacias, grandes corredores verdes, matas e sistemas de vegetação de transição. A escala urbana deve considerar os sistemas de parques e praças, desenho do segmento de rua, canais verdes e a escala do lote individual considera tetos verdes, tanques de captação de água da rua, pavimentação impermeável e jardins.

A gente não deve mais enfrentar, mas cooperar com a natureza.” arquiteta e urbanista Taneha Bacchin, Universidade Técnica de Deft, dos Países Baixos

Fontes (site G1, nsc total)

Por João Vicente

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